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Por que Aldebaran é brasileiro?


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Visitante Fabinho

Esses dias, pensando no motivo que fez Masami Kurumada escolher o nosso país para ser a terra natal e local de treinamento para o Cavaleiro de Ouro Aldebaran de Touro, eu pesquisei e identifiquei algumas incongruências, mas, também, alguns fatos interessantes.

Nos dias atuais, o Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do mundo (em 2004, alcançamos cerca de 204 milhões de cabeças). Ou seja, tem mais boi que gente no nosso país. Entretanto, em termos absolutos, perdemos em número apenas para a Índia – mas, como nesse país os bois e vacas são considerados sagrados, esses animais não são utilizados comercialmente pela grande maioria da população, que é hinduísta (e o hinduismo proíbe o consumo de carne bovina, pelo dito motivo).

Também somos, desde o início dos anos 2000, o maior exportador de carne do mundo, e, além de tudo isso, há que se destacar que, no nosso folclore, o boi é um elemento de grandíssima importância – bastando lembrar as festas do Boi-bumbá (com diversos nomes e algumas pequenas diferenciações de norte a sul do país) e sua variante carnavalesca mais conhecida, o Festival Folclórico de Parintins (Amazonas).

São fatos maravilhosos que justificariam a escolha do Brasil para ser a terra de Aldebaran, não? Mas temos que pensar que Saint Seiya foi criado nos anos 1980, e, naquela época, a pecuária brasileira era muito diferente do que é atualmente. Nós já tínhamos um importante destaque internacional, mas outros países estavam à nossa frente no cenário mundial.

No ano de 1981, por exemplo, os maiores criadores mundiais do rebanho bovino eram a Índia, a URSS (União Soviética) e os EUA (Estados Unidos). O Brasil aparecia em 4º (quarto) lugar, seguido pela Argentina.

Ainda nos anos 1980, o Brasil estava entre os seis maiores exportadores de carne bovina, mas quem dominava o mercado mundial eram os EUA, a URSS e a nossa vizinha Argentina.

Daí é que vem a dúvida: por que o Brasil foi escolhido para ser a pátria do Cavaleiro de Touro, então?

Difícil responder, mas podemos fazer algumas considerações:

a) Os EUA, até agora, não tiveram nenhum personagem importante em Saint Seiya que o representasse (lembramos apenas de John Black e os coadjuvantes do Episódio G), e, a julgar pela visão um tanto negativa mostrada desse país no primeiro volume do Episódio G, Kurumada não é tão fã da terra de Walt Disney, e, nos anos 1980, os EUA sustentavam muitas ditaduras militares na América Latina e tinha sérios problemas diplomáticos com países asiáticos, como o Irã (e, pela visão que Kurumada passa da luta dos indivíduos contra qualquer forma de opressão em Saint Seiya, podemos supor que ele era contra o avanço do poderio estadunidense no mundo);

*_* O Japão sempre teve muitos problemas com a antiga União Soviética – desde o século XIX, os dois países já se enfrentaram em guerras, sendo que a última foi durante a II Guerra Mundial. Então, não se tratam de nações com boas relações entre si (vê-se isso no preconceito com que o japonês Jabu trata Hyoga na Guerra Galáctica). Claro que isso não impediu Kurumada de colocar alguns dos principais personagens na URSS (Hyoga, Camus, Natassja e Yakoff, além de Cristal na versão animada), mas ele nunca citava o nome do país, nem “URSS” nem “Rússia” – preferindo apenas referir-se à região da Sibéria (até por que acontece um fenômeno muito revelador da escolha dessa região gelada do globo para ser a terra de Hyoga: todos os anos, milhares de cisnes brancos migram da Sibéria para o Japão, em novembro, quando o inverno avança no hemisfério norte, em busca de um local de frio mais ameno);

c) Já sobre a Índia e a Argentina, considerações de outros tipos precisam ser feitas: a Índia já possuía uma boa quantidade de personagens muito importantes na trama (é a terra natal e de treinamento de Shaka – e seus discípulos Agra e Shiva na versão animada – e local de treinamento e residência de Mu e de Kiki), e o mesmo pode ser dito sobre a União Soviética (cujos nomes dos personagens já foram relacionados acima). Quanto à Argentina, a única coisa que se pode dizer é que se trata da pátria do mais poderoso Cavaleiro de Prata, Dédalos/Albiore de Cefeu – mas, como é apenas um único personagem vindo desse país (cujo nome quer dizer “prateada”, por conta do rio da Prata, que recebeu esse nome por ter sido por esta via que se escoava a produção de prata da América Espanhola), não seria de se estranhar que a Argentina também pudesse ser a pátria de um Cavaleiro de Ouro.

 

Agora, fugindo um pouco desses países que se sobressaíam na criação de gado bovino, muito mais poderia ser dito também dos locais do mundo em que o boi (ou touro) assume importância folclórica. Já foi dito da propagação de seu símbolo folclórico aqui no Brasil, importada da Europa e mesclada a elementos africanos e indígenas.

Continuando, é no antigo mundo mediterrâneo que se delineou o significado simbólico do touro. Mesopotâmia (atual Iraque, com o Lamassi, boi com asas e cabeça humana), Palestina (atual Israel, com o touro alado do Novo Testamento, que passou a ser símbolo do evangelista Lucas), Fenícia (atual Líbano, com o rapto da princesa Europa por Zeus transformado em touro, origem da constelação de Touro), Creta (hoje na Grécia, com a lenda do Minotauro), Egito (com o deus-boi Ápis) e Espanha (com as pinturas pré-históricas, de conotação mágica, representando principalmente touros) são localidades que têm a figura do touro como elemento-chave de suas culturas. Isso possui, inclusive, desdobramentos modernos em países como Espanha e Portugal (herdeiros das antigas culturas mediterrâneas), com suas touradas, e em suas colônias (como as touradas no México e a Farra do Boi e os rodeios no Brasil, em Santa Catarina e São Paulo, respectivamente – além do Boi-bumbá, como já falado).

Assim, há tantos outros lugares em que a figura do boi/touro assume uma importância econômica mais importante (nos anos 1980) e um significado cultural mais antigo que no Brasil, que só me vem à cabeça um único motivo por Kurumada ter concebido Aldebaran como nosso irmão brasileiro: ele realmente gosta do nosso país!

O Brasil é o país com a maior colônia japonesa no mundo, e, não à toa, nós gozamos de uma grande simpatia junto aos japoneses (ainda que os dekasséguis, nipo-brasileiros, passem maus bocados na terra do sol-nascente). Daí que, considerando todos esses países relacionados acima, Kurumada só pode ter escolhido o nosso pela simpatia que deve nutrir por nós.

Mas aí alguém pode protestar, dizendo: “se Kurumada gostasse mesmo do nosso país, ele trataria Aldebaran de maneira melhor”.

Bom, concordo plenamente que Aldebaran não é bem utilizado na trama, tendo sido mais bem aproveitado no Episódio G. Mas, num universo tão vasto, complexo e “superpovoado” como o de Saint Seiya, é mais do que natural que uns personagens sejam mais aproveitados que outros. É simplesmente IMPOSSÍVEL que se dê a mesma importância a todos os personagens – mesmo se considerarmos apenas os Cavaleiros de Ouro. Tentem, vocês, criar uma estória do porte de Saint Seiya para entender como é a coisa.

Vejam Shura, um exemplo de Cavaleiro de Ouro que tem certa importância na trama (pois, se não fosse por ele, Aiolos não teria morrido e a estória teria outro andamento), mas que acaba tendo essa importância diminuída à medida que a trama avança, ficando mais ou menos no nível de Aldebaran – pois ele perdeu bastante de sua individualidade, assim como Camus, quando esses dois se tornaram quase que meros ajudantes do Cavaleiro de Gêmeos na primeira fase da Saga de Hades. Mesmo Afrodite e Máscara da Morte, a despeito do que muita gente fala em contrário, tiveram mais destaque que Shura e Camus nesta saga.

 

Bem, é isso que eu penso. E vocês?

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pq ele nasceu no Brasil

Porque ele é bobo ; preguiçoso <_> é da paz ; não luta contra os governantes corruptos ; é pragmático ; alienado do que se passa ao seu redor ; sempre quer dar jeitinho e pra t

As teorias são otimas e muito bem fundadas, mas sei la as vezes custo a acreditar no Kurumada como um supermegagenio conhecedor de tds as referencias culturais no mundo que gasta horas escolhendo os n

Sei lá,talvez pelo mesmo motivo que o mestre do Shun seja Argentino :D .Na minha opinião, o Kurumada escolheu aleatoriamente,se vc perceber os EUA é um dos poucos países "de destaque" que não tem cavaleiro,marina ou espectro.

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E eu não sei se vcs sabem dessa mas o nome do cavaleiros de ouro de Aquario Camus ele tirou de um soldado Francês que sobreviveu na segunda guerra mundial, ai kurumada colocou o nome desse soldado ao cavaleiro de aquario como uma homenagem sei la, algum assim!!!!

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Visitante Merak
E eu não sei se vcs sabem dessa mas o nome do cavaleiros de ouro de Aquario Camus ele tirou de um soldado Francês que sobreviveu na segunda guerra mundial, ai kurumada colocou o nome desse soldado ao cavaleiro de aquario como uma homenagem sei la, algum assim!!!!

 

O nome Camus, é uma homenagem a Albert Camus. - Albert Camus (1913-1960) Filósofo nascido na Argélia de nacionalidade francesa. Analista esplêndido do absurdo da vida e da revolta com a morte. Uma bela expressão de seus sentimentos estão em "O Estrangeiro". Nas primeiras palavras deste livro: "Mamãe morreu esta manhã, ou ontem. Eu não sei mais". É necessário explicar a relação desta pequena frase com o enredo de Kurumada? - Caso seja necessário explicar: Camus mostra a seu discípulo o quão necessário é que Hyoga esqueça sua mãe...

 

Retirado de TAIZEN

 

Isso refuta também a tese do Erick, sobre Kurumada escolher países aleatórios para os personagens.

 

Abraços,

Merak.

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Visitante Fabinho

mas é lógico que Kurumada não escolhe aleatoriamente os locais de nascimento e treinamento dos cavs.

 

quanto a Albiore/Dédalos, o mais poderoso cav de Prata nasceu na Argentina pelo simples fato de que o nome desse país quer dizer "prateada". e isso por causa do rio da Prata (esse rio foi batizado assim pelos espanhois por que era por esse rio que se escoava a produção de prata da Bolívia.

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  • 1 mês depois...
  • 2 semanas depois...
Por que ele vive de braços cruzados que nem os brasileiros :lol:

Melhor explicação EVER! ^^

 

Sei lá, porque ele é mais "escuro" e no Brasil acham que só dá moreno e mulato... ou ainda porque o Debas dos dourados é o que mais se ferra nas lutas, e brasileiro só se ferra... deve ser alguma coisa assim! :P

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Hahahaha, nossa, nunca imaginei que alguém faria uma pesquisa como essa ^^

 

Ainda acho que os locais de nascimento foram escolhidos aleatoriamente para a maior parte dos cavaleiros, incluindo o Aldebaran. Mas essa do Kurumada nutrir algum desafeto com os EUA já me passou pela cabeça. Ele coloca uma penca de países, mas passa longe dos EUA!

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  • 1 mês depois...

Eu também acho, curto o Aldebaran demais, embora ele tenha sido muito mal explorado, né - assim como milhares de outros personangens.

 

Mas não concordo com a escolha aleatória da nacionalidade dos personagens, não dá pra generalizar.

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  • 3 meses depois...

Eu acho que o Aldebaran, em sua personalidade, representa bem os brasileiros. Um povo de grande coração com um potencial inexplorado, contudo, ingênuo e nada pró-ativo.

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Cara, nunca tinha lido esse tópico mas gostei muito das "hipóteses". Aldebaran é brasileiro pq fica de braços cruzados é sensacional. he he XD

 

Mas também acho que foi tudo meio aleatório essa história de nacionalidade, com exceção de Seiya por exemplo, dã. A explicação da Pandora Lynn também faz sentido.

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Parabéns ao Fabinho pela pesquisa, realmente muito maneira!

 

E a explicação dos braços cruzados foi genial tbm! XDDD

 

Eu tbm não acho que a escolha seja aleatória não. Talvez por eu dar sempre um crédito de confiança ao Kurumada, e nunca achar que ele faria algo meio, "sem pensar" (sério, não é ironia XD), mas realmente não passa pela minha cabeça algum motivo real pelo qual ele possa ter usado nosso país como terra natal do Aldebaran. Sendo assim, fico com a teoria de que seja pelo fato dele gostar mesmo do Brasil. Sei lá... /evil

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Por gostar do Brasil é uma opção, mas venho a acreditar que seja mais pelo fenótipo do Aldebaran como um broder que não me lembro o nome já falou aqui... o cara eh moreno, alto, forte...

 

E também há aquelas influencias por Kururu conhecer algum brasileiro oq se junta a ideia dele gostar do Brasil e fica melhor.

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Pra mim isso é algo totalmente irrelevante, se não há um aprofundamento na história do personagem que diferença faz se ele é brasileiro, argentino, mexicano ou o que seja u.u.

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Porque ele é bobo :angry: ;

preguiçoso <_>

é da paz /calma ;

não luta contra os governantes corruptos /bobo ;

é pragmático /fest ;

alienado do que se passa ao seu redor /dance3 ;

sempre quer dar jeitinho e pra tudo tem lições de moral :) ;

é azarado /azar ;

tem chifres /viking

e ainda "cheira uma" :lol:

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