dfsmith8319 0 Postado 19 horas Compartilhar Postado 19 horas Caros amigos e leitores, **Depois de um bom tempo repensando a minha fanfic, agora irei começar a postá-la periodicamente. Agora sim, as ideias estão organizadas e finalmente conseguirei dar prosseguimento. Já solicitei que o meu tópico antigo seja deletado, portanto, esqueçam o que foi postado anteriormente.** Como vocês sabem, faz tempo que estou escrevendo essa fanfic (desde 1997 para ser mais exato) para uma saga completa, onde os Cavaleiros enfrentarão os 12 Deuses do Olimpo. Nessa saga teremos novos personagens, novas batalhas e muita ação e mistério. Antes de começar, algumas explicações: A Saga de Zeus acontece um tempos após a Saga de Hades. Isso é dito logo no primeiro capítulo, para você se situar na história, portanto, existe algumas histórias que NÃO FORAM CONSIDERADAS PARA A MINHA FIC. Não considerei: Os Filmes: O Santo Guerreiro / A Grande Batalha dos Deuses / A Lenda dos Defendores de Athena / Os Guerreiros do Armagedon / Prólogo do Céu Os Livros: Blue Warriors / Gigantomaquia / Do Cvidanija / Next Dimension / Saintia Sho Os Animes: Saint Seiya: Soul Of God Apenas um comentário: Quando digo que NÃO CONSIDEREI as obras em destaque, significa que não irei usar a CRONOLOGIA e EVENTOS dessas história pelo fato de minha fic ter uma cronologia própria. Praticamente TODOS os personagens que apareceram nos filmes e em outra publicações, estão em minha obra, só que aparecem de forma diferente. EX.: As Saintias existem, mas as considero como Amazonas, e não servas particulares de Athena. Não usarei o termo Saintia, e sim Amazonas. Quando criei a cronologia, ainda não tinha sido criado o mangá Saintia Sho, como disse antes, minha fic vem de um longo caminho, desde 1997 quando fiz os primeiros rascunhos. CRONOLOGIA QUE ESTAREI UTILIZANDO PARA A MINHA FIC: The Lost Canvas Epísodio G Saga do Santuário Saga de Asgard Saga de Poseidon Saga de Hades Fanfic criada por Davi Smith, inspirado pelo trabalho de Masami Kurumada, Shingo Araki, Megumo Okada e Shiori Teshirogi. Algumas fanfics também serviram de inspiração como a Fanfic de Ryo Sakazaki. Imagens obtidas na internet através dos trabalhos de: Marco Albiero, Marzio Nirti, Cerberus_Rack, ABottle, Arles, Camille Adams, Carlos Alberto Lam Reyes, Diego Maryo, Fagian, Gemini Saga, Juan Carlos Brito, Liu.Rayson (Raito), Liruohai, Niiii'link, Pharaon, Spaceweaver, SRW13, Staxx, The Ponk, Trident, Wang e Yami11 Caso tenha algum desenho/fanart que você identifique como autoria sua, por favor, entre em contato para que você possa ser devidamente credito junto aos outros desenhistas/fanartistas. **Qualquer dúvida entrar em contato pelo email: [email protected]** Citar Link para o post Compartilhar em outros sites
dfsmith8319 0 Postado 19 horas Autor Compartilhar Postado 19 horas ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- PRÓLOGO Não havia nada naquele lugar. Apenas escuridão, um abismo sem fim, onde o vazio se estendia por todo o infinito. Porém, algo emergia do centro da escuridão. Um ser, uma figura solitária, surgia das trevas. Ele caminhava sem rumo, sem direção, perdido na vastidão do nada. Após o que parecia uma eternidade, seus joelhos tocam o chão, e diante dele se revela um altar, estranho e desolado. Seu manto acinzentado, como um véu sombrio, se espalha lentamente sobre o solo, como se fosse engolido pela escuridão. Nesse instante, uma voz rouca, carregada de ódio e malícia, ressoa no vazio, ecoando nas profundezas daquele lugar: “Cosmo do meu cosmo, coloquei-te entre meus inimigos para que minha glória seja restaurada. Tua missão é abrir o caminho para o meu retorno. Enfraquece aqueles que me aprisionaram, destrói aqueles que me odeiam, semeia discórdia entre os que zombam de mim. Deixe que disputas, guerras, ódio e desavenças os enfraqueçam, e assim meu poder será fortalecido. Está na hora de tomar o que é meu por direito. Quando te encontrares diante de meus inimigos, usa o cosmo que te dou, transforma-os em meus servos e, com isso, conquistarei o poder necessário para escapar de minha prisão.” O rapaz, ainda ajoelhado, levanta os olhos, e suas palavras são um sussurro cheio de devoção: - Vivo para te servir, meu mestre... A escuridão do lugar se fecha ao redor dele. O altar desaparece, e ambos são engolidos pelas trevas, como se nunca tivessem existido. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- À medida que o sol surgia no horizonte, um verdadeiro paraíso começava a se revelar. Florestas virgens, com suas árvores e flores de cores deslumbrantes, se estendiam por toda parte. Rios de águas cristalinas corriam livremente, serpenteando por vastas planícies cobertas por uma suave e delicada relva. Quando o calor da luz solar enchia o céu, aves começavam a voar, enchendo os ares com seus cantos e assovios. Um coral natural rompia o silêncio daquele paraíso. Dos recantos das matas e florestas, animais de todas as espécies saíam, iniciando sua busca diária por alimento. E o mais extraordinário: ninguém sabia da existência daquele lugar, nem mesmo os homens. Toda aquela beleza — florestas, rios, planícies — convergia para um ponto que era desconhecido para os seres humanos. Uma gigantesca montanha, uma muralha de pedras imponentes, erguia-se tão alta que seu topo desaparecia nas nuvens. Ao redor da montanha, aos seus pés, havia uma cidade. Não era uma cidade grandiosa, mas sua simplicidade a tornava ainda mais encantadora. Ela era bem cuidada, adornada por frondosas árvores, flores e pedras preciosas. Os rios daquela região a banhavam, e o sol parecia dar vida ao lugar, aquecendo cada rua e cada morador. No centro da cidade, erguia-se um templo de beleza incomparável, feito das mais puras cores já vistas pelos homens. Do interior desse templo, um longo caminho se estendia, ascendendo até o topo da montanha. O caminho, embora íngreme, era bem cuidado e colorido, com pedras brancas que convidavam a jornada. Ao final dessa subida, chegava-se a um grande portão dourado, protegido por dois soldados imponentes, vestidos com armaduras brilhantes e segurando lanças. Quando um grupo de pessoas se aproximou do portão, os soldados os reverenciaram, afastando-se para abrir os pesados portões. Além deles, uma vasta planície se estendia, com 14 construções imponentes. No centro, uma grande estrutura, rodeada por 13 templos menores. Minutos após o nascer do sol, as ruas da cidade estavam tomadas por pessoas. Algumas ocupavam-se com seus afazeres diários, enquanto outras se dirigiam ao caminho que levava à planície dos templos. O grupo que havia atravessado os portões dourados era um grupo especial. Eram 12 pessoas, vestidas com mantos longos e de cores puras, com capas brancas envoltas ao redor de seus corpos. Os portões se fecharam atrás deles, e o grupo continuou sua jornada, atravessando pátios e chegando a uma enorme arena. No centro da arena, 14 tronos dourados aguardavam. Os tronos, dispostos em semicírculo, rodeavam um trono maior, mais elevado e imponente. Cada um dos tronos possuía um símbolo e uma inscrição em grego. Quando o grupo entrou na arena, ele se dispersou, e cada membro se acomodou em seu respectivo trono. Apenas dois tronos permaneceram vazios. Um silêncio profundo tomou conta da arena quando uma das portas laterais se abriu. Dois homens, vestindo armaduras reluzentes, marcharam até o trono maior, posicionando-se atrás dele, em pé. Um deles deu um passo à frente e, com voz potente, bradou: - BENDITO É O GRANDE IMPERADOR! Ao som dessas palavras, todos se levantaram em reverência. Um estrondo poderoso ecoou pelos céus, e nuvens negras se formaram acima da arena. O estrondo reverberou por toda a cidade, fazendo com que os habitantes se ajoelhassem em respeito. Das nuvens, um relâmpago devastador desceu, atingindo o trono maior e gerando uma espessa fumaça branca. No meio da fumaça, uma voz ecoou por toda a arena, atravessando as paredes de pedra, alcançando cada rua e beco da cidade: - Assentem-se! No mesmo instante, todos se sentaram. A fumaça se dissipou, e o Grande Imperador foi finalmente revelado, sentado no trono dourado. As pessoas nos outros tronos inclinavam-se em sinal de respeito. Ele, vestindo longas vestes de linho branco, observava atentamente os 13 tronos. Seus olhos se detiveram em um vazio. Ele se virou para um dos cavaleiros ao seu lado e perguntou: - Athena ainda não chegou? O cavaleiro se aproximou e respondeu: - Está a caminho, Imperador. Ela teve alguns problemas durante o trajeto. O Imperador, com um olhar penetrante, indagou: - As Sombras? - Ainda não sabemos, meu senhor, mas não se preocupe. Enviei duas tropas para escoltá-la até o Grande Templo. O Imperador relaxou em seu trono e, com um leve aceno, disse: - Então começaremos sem ela. Deixe os relatos de Athena para o final. O Grande Imperador e os demais presentes começaram a discutir vários assuntos. Alguns eram urgentes, outros mais triviais. A conversa se prolongaria por horas, dias, talvez semanas, enquanto os problemas e pendências fossem resolvidos. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Alguns quilômetros distantes da bela cidade, uma carruagem dourada avançava pelos campos e florestas daquele reino. A carruagem, ornamentada e reluzente, era puxada por quatro belos e fortes cavalos. À frente, um grupo de quatro cavaleiros, vestidos com imponentes armaduras, escoltava o veículo, enquanto outro grupo seguia atrás. Junto ao cocheiro, havia um outro homem, também com armadura, mas a sua era diferente, era dourada, brilhando intensamente a todo momento. Dentro da carruagem, estavam três pessoas: uma mulher de longa cabeleira roxa e um vestido branco, junto a dois homens com armaduras douradas. Um dos cavaleiros percebeu que a mulher, perdida em pensamentos, observava distraidamente pela janela da carruagem. Ele se atreveu a perguntar: - Algum problema, minha Senhora? A mulher despertou de seus devaneios e voltou-se para o rapaz: - Não é comum encontrarmos um guerreiro como aquele por estes caminhos... O cavaleiro não entendeu de imediato e, confuso, respondeu: - A Senhorita se refere às Sombras que encontramos, certo? Ela balançou a cabeça, negando, e respondeu com voz calma, mas cheia de autoridade: - Não. Estou falando do guerreiro que manipulava as Sombras, escondido entre elas, controlando-as. Os dois cavaleiros a olharam, surpresos, e ela continuou, sua voz carregada de preocupação: - Assim que os reforços chegaram, o guerreiro desapareceu. Não consegui identificá-lo, mas seu cosmo era imenso, singular. Era algo que eu já havia sentido antes, em algum lugar... Ela voltou a olhar pela janela, perdida em seus pensamentos, mas foi interrompida por um grito do cavaleiro que estava ao lado do cocheiro: - Senhorita Athena, falta poucas horas para chegarmos! Em breve estaremos nos domínios do Olimpo! Ela olhou para os dois cavaleiros à sua frente e, com uma expressão séria, falou: - Assim que chegarmos ao Grande Templo, em hipótese alguma, vocês, Odin e Brahma, deverão deixar meu templo. Devem permanecer lá até que eu ordene que saiam. O cavaleiro Amon-Rá, inquieto, respondeu: - Mas, minha Senhora, e se você precisar de nossa ajuda? Athena o olhou com firmeza e, com um tom de autoridade, respondeu: - Não se preocupem comigo, Amon-Rá. Enquanto estiver no Grande Templo, estou protegida. Os Arautos de meu pai não permitirão a entrada de ninguém enquanto o Conselho Olímpico estiver reunido. Vocês não podem entrar no Grande Templo. Somente os deuses podem. O cavaleiro ao lado de Amon-Rá, de cabelos brancos como a neve, interrompeu: - Mas não somos humanos, minha Senhora. Alcançamos a Vontade Divina. - Sim, alcançaram, mas ainda não foram reconhecidos pelo Grande Imperador como deuses, subordinados a mim. Por enquanto, continuam sendo Cavaleiros de Ouro. Portanto, não podem transitar livremente no Grande Templo. Fiquem no meu Templo, em meus domínios. Assim que o Grande Imperador reconhecer o poder de vocês e autenticar a autoridade divina que conquistaram, aí sim poderão ser recebidos diante dele. É fundamental que não quebrem essa regra. Podem andar pela cidade, mas mantenham-se afastados do Grande Templo. Athena encerrou a conversa com uma última palavra de autoridade, voltando a olhar pela janela. Agora, finalmente, ela avistava a imponente montanha que se erguia diante dela: o Monte Olimpo. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A reunião do Conselho Olímpico, como era conhecido o encontro dos Deuses do Olimpo, se estendeu por todo o dia. Alguns assuntos foram resolvidos rapidamente, enquanto outros renderam intensas discussões, com ânimos acirrados. Em determinado momento, Ares, o Deus da Guerra, pediu a palavra. O Grande Imperador, com um gesto afirmativo, concedeu-lhe a permissão para falar. - Mestre, os humanos estão se esquecendo de nós! Não somos mais vistos como provedores, criadores e muito menos como divinos. Precisamos intervir nesta situação. Nossos reinos estão sucumbindo pela falta de adoradores! O Grande Imperador, com a calma habitual, olhou para Ares e, com voz grave, questionou: - O que você sugere? Ares se levantou e, passando os olhos por todos os presentes na sala, respondeu com firmeza: - Devemos incitar novamente o temor aos Deuses. Precisamos mostrar que os humanos são criaturas, enquanto nós somos seus criadores. Deméter, que até aquele momento permanecera em silêncio, levantou-se com seriedade e encarou Ares, sua voz cortante: - E como pretende fazer isso? Criando mais guerras, discórdias e contendas? Gerando medo, pânico e desordem? A Terra já sofreu o suficiente nos últimos anos, pagando o preço pelos nossos pecados. Os humanos precisam evoluir, ter consciência de que a Terra precisa de cuidado e proteção. Ares olhou para Deméter com desprezo e respondeu: - Os humanos nos respeitavam e até serviam às nossas vontades. Isso nos dava força! Deméter balançou a cabeça negativamente, seu tom firme e resoluto: - A desordem só traz sofrimento e morte. Não se lembram de como o mundo ficou após as constantes batalhas contra os Titãs e os Gigantes? Ares tentou retrucar, mas o Grande Imperador interrompeu a discussão com autoridade: - O que Ares diz é verdade. Não somos mais temidos, nem adorados como Deuses. Mas Deméter também tem razão. Não podemos disseminar o ódio apenas para que sejamos adorados. Seria um sentimento egoísta e nós, como governantes do universo, não podemos nos prender a sentimentos egoístas. Afinal, os humanos são nossas criações. Devemos conduzi-los àquilo que posso chamar de evolução e maturidade. Há coisas que os humanos só aprenderão a desenvolver se nós, Deuses, os auxiliarmos! Ares, com um semblante preocupado, exclamou: - Mas Mestre, em poucos anos seremos esquecidos! Nossa existência será apagada da Terra! O Grande Imperador se levantou, sua voz ressoando forte: - Basta, Ares! Somos seres divinos! Nossa existência precede a dos humanos. Não precisamos deles para sobreviver, e muito menos para exercer nossos desígnios. Estamos interferindo em um reino que não nos pertence. Enquanto Athena não comparecer ao Conselho, não discutiremos o futuro dos humanos. O Imperador fez uma pausa, como se ponderasse as palavras ditas, e então falou: - Vamos fazer uma pausa. Estou exausto. Retomaremos nossa reunião daqui a duas horas. Use esse tempo para descansar e refletir sobre o que discutimos. Enquanto o Imperador descia de seu trono, um homem de longas vestes azuis se aproximou, ajoelhando-se aos pés do Grande Imperador. - Meu Rei, Athena acabou de chegar. Ela está se dirigindo ao Templo da Sabedoria e em breve estará aqui. - Ótimo, mais um motivo para fazermos uma pausa. Vamos aguardar Athena. Como mencionei antes, voltaremos com nossa reunião daqui a duas horas. O Grande Imperador olhou para o homem ainda ajoelhado e disse com firmeza: - Leve este recado a Athena. A próxima sessão será daqui a duas horas. - Como deseja, Majestade! Rapidamente, o homem levantou-se e saiu da Arena, indo em direção ao Templo. O Imperador desceu do trono e começou a caminhar em direção ao Grande Templo, onde se retiraria para descansar um pouco antes da próxima sessão de reuniões. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A noite descia silenciosamente sobre o monte divino. As luzes dos templos e da cidade quebravam a escuridão, trazendo uma sensação de tranquilidade. O turbilhão de atividades que havia começado mais cedo começava a se acalmar. Alguns minutos haviam se passado desde o término da primeira sessão das reuniões. O Imperador estava em seus aposentos, tentando processar tudo o que fora discutido, mas algo o incomodava profundamente. Sua mente não conseguia se concentrar; havia uma preocupação persistente. Ele caminhou até a lareira de seu quarto, pegou um copo e o encheu com um líquido de cor avermelhada. Fiquei parado diante do fogo, observando as chamas consumir a lenha. O Grande Imperador estava perdido em seus pensamentos. "Pude perceber um estranho Cosmo hoje pela manhã, um Cosmo que não sinto há muito tempo..." Sorvendo mais um gole do líquido avermelhado, Zeus caminhou até a janela e olhou para o céu, onde a lua começava a surgir, iluminando a noite. "Será que ele voltou? Mas como?" Enquanto estava absorto nesses pensamentos, o Imperador não percebeu a densa fumaça negra invadindo seus aposentos. A névoa se espalhou rapidamente pelo chão e se concentrou atrás dele, próxima à porta. Somente quando a sensação de estar sendo observado tomou conta dele, Zeus virou-se rapidamente, e foi quando viu: a fumaça havia se moldado em um homem, envolto em uma escuridão densa. Seus mantos eram negros como a noite, e apenas seus olhos, de um azul intenso, brilhavam — olhos frios e carregados de ódio. A fumaça continuava a emanar de seu corpo, encobrindo o chão como uma sombra que não cedia. Zeus, recuperando-se do choque, encarou aquele ser com autoridade e falou, sua voz grave ressoando pelo aposento: - Quem ousa invadir os aposentos do Imperador sem permissão? Mostre seu rosto! O ser permaneceu imóvel. Não se movia nem fazia qualquer som, apenas fluía com a fumaça que o envolvia. Desafiando a autoridade do Cosmo que rege o Universo, a sombra começou a caminhar em direção a Zeus. Sua voz rouca e envelhecida ecoou pelo quarto, como um sussurro do além: - Você ainda continua arrogante como sempre, Príncipe... O Grande Imperador se estremeceu ao ouvir aquelas palavras, seus olhos arregalados como se tivesse visto um fantasma. O copo que estava em suas mãos caiu, espalhando o líquido vermelho pelo chão. Tremendo, ele exclamou: - Mas como é possível? Eu... eu derrotei você! COMO VOCÊ AINDA PODE ESTAR VIVO?! Uma risada maléfica ressoou pelo quarto, cortante e sombria. O ser continuou com sua voz de desdém: - Por ter sido criado por humanos, você herdou a fraqueza deles: um coração bondoso. Você me derrotou, mas não me destruiu. Minha essência ainda permanece forte! Chegou o momento de recuperar meus domínios... e você, Zeus, vai me ajudar a renascer! A fumaça que emanava do ser começou a tomar conta do aposento, engolindo tudo ao redor. O homem saltou em direção ao Imperador, e antes que Zeus pudesse reagir, ficou completamente imobilizado. A névoa densa o envolveu, formando um casulo que o prendeu, deixando-o impotente. O ambiente estava completamente dominado pela escuridão. O ser, olhando para o casulo de fumaça, falou com sua voz rouca e sinistra: "Cosmo do meu Cosmo, eras meu inimigo, agora serás meu servo. Sua missão é destruir a humanidade e usar a energia vital dos sacrifícios para romper o selo que você colocou sobre mim. Destrua todos aqueles que se colocarem em seu caminho... e faça com que seu mestre ressurja das trevas, para reinar para sempre." ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Deixando o Templo da Sabedoria, Athena se dirigiu para a Arena, onde iria se encontrar com seus irmãos e o Grande Imperador. Suas longas vestes brancas brilhavam intensamente sob a luz da lua. Com um belo sorriso estampado no rosto, Athena apreciava cada detalhe das construções. Distraída, não percebeu um jovem de cabelos e mantos azuis se aproximando dela. - Parece que alguém está feliz por estar em casa! Assustada, Athena olhou para trás e se alegrou ao ver o jovem: - HERMES! Rapidamente, a Deusa abraçou seu irmão. Os dois começaram a caminhar juntos em direção à Arena. - Me diga, menina Athena. Como é viver com os humanos? Sorrindo, Athena respondeu: - Sabe, não é muito diferente de viver aqui. Os humanos são complicados, mas são completamente confiáveis e amorosos. Tenho aprendido a entender as situações pelas quais uma alma mortal passa. A vida na Terra é cercada por sofrimentos, tristezas e decepções, mas a esperança, a fé e o amor fazem surgir uma força sobrenatural nos humanos. Isso me emociona. Hermes colocou o braço ao redor do pescoço da Deusa e falou: - Será que temos alguém se apaixonando por humanos? Um pouco vermelha e sem graça, Athena respondeu: - Não, meu irmão. Como Deusa-Regente da Terra, tenho como objetivo conduzir os humanos a uma vida mais tranquila, longe da perversidade e do mal, além de protegê-los contra os ataques de inimigos. - Você quer dizer dos ataques de Ares, não é mesmo? - Não entendo ele. Não suporta ver os humanos prosperando e vivendo de forma digna. Hermes soltou uma gargalhada e falou: - Ares foi indicado para ser o Deus-Regente da Terra, mas você, com sua sabedoria e estratégia, conseguiu convencer o Imperador a entregar os domínios terrestres a você. Athena cruzou os braços e respondeu: - Só provei para o Imperador que a Terra poderia sobreviver de maneira mais digna e decente sem precisar de guerras e destruição. Envolvendo Athena em seus braços, Hermes disse: - Eu sei, eu sei. Por isso o Imperador confiou a Terra a você. Venha, já está quase na hora da próxima reunião. Estou curioso para saber suas novidades. Os dois saíram andando pelos longos corredores até chegarem à Arena. Hermes e Athena foram abordados por alguns servos, que os ajudaram a colocar os mantos cerimoniais. Devidamente trajados, Athena e Hermes continuaram andando e entraram na Arena. Athena se aproximou de seu trono e se sentou. Hermes olhou para sua irmã e falou: - Antes da reunião começar, preciso resolver alguns assuntos urgentes. Athena sorriu e disse: - Ele ainda continua te dando tarefas impossíveis? - Sim, papai não é uma pessoa fácil de se lidar! Nos vemos depois! Hermes deixou Athena sozinha na Arena. A Deusa se encostou em seu trono e olhou para cima, contemplando a lua, o céu escuro e as estrelas. Perdida em seus pensamentos, Athena foi abruptamente interrompida ao sentir, por apenas alguns segundos, um poderoso e maligno Cosmo dentro do Olimpo. Assustada, ela se levantou e olhou em direção ao Grande Templo: - Esse é o mesmo Cosmo que senti quando estava vindo para o Monte Olimpo! Como ele conseguiu entrar no Grande Templo?! Segurando seu báculo, Athena começou a andar em direção ao Grande Templo, mas antes mesmo de sair da Arena, o Cosmo desapareceu. Ao atravessar alguns corredores e salões, sua procura foi interrompida por uma voz: - Necessitas de alguma coisa, Senhorita Athena? Athena olhou para trás e viu um jovem de cabelos vermelhos com um manto branco envolvendo sua armadura. Ela o reconheceu: - Cicno... - Posso te ajudar em alguma coisa, minha Senhorita? O Grande Imperador deu ordens para não ser incomodado. Além disso, a próxima sessão do Conselho começará em alguns minutos; deveria se unir a vossos irmãos! Athena olhou para o Cavaleiro e disse: - Por acaso você sentiu um poderoso Cosmo se manifestando aqui no Grande Templo? Cicno olhou para a Deusa com um olhar de indagação e respondeu: - Infelizmente não senti, minha Senhorita. Creio que deves estar cansada da viagem. Foi longa... Cicno reverenciou Athena e sinalizou para ela o caminho a ser seguido. Athena, desconfiada, seguiu o que ele sugeria, pois sabia que Cicno, sendo o Comandante de todos os Exércitos Divinos, não atender a um pedido seu poderia deixar o Grande Imperador muito irritado. A Deusa caminhou até seu trono e se sentou. Alguns minutos se passaram, mas Athena não conseguia esquecer aquele Cosmo maligno. Sua atenção foi interrompida novamente quando os outros Deuses começaram a entrar no Grande Templo. Vários passaram ao lado de Athena e a cumprimentaram, mas alguns nem se atreveram a chegar perto da Deusa. Rapidamente, cada um se assentou em seu trono, aguardando o retorno do Grande Imperador. Athena olhou para Hermes e fez um sinal para se encontrarem depois. De repente, uma nuvem negra encobriu a Arena, chamando a atenção de todos os Deuses. Um poderoso Cosmo se manifestou naquele lugar e, para espanto de todos, era um Cosmo maligno e perverso. Athena reconheceu o Cosmo. Era o mesmo que se manifestara durante sua viagem e alguns minutos mais cedo, antes da reunião começar. Incomodados pelo terrível Cosmo, os Deuses se levantaram, desconfiados. Aquele terrível poder começou a abalar as estruturas da Arena e do Grande Templo, chamando a atenção de todos os presentes. Em um piscar de olhos, um poderoso raio caiu sobre o Trono Branco, espalhando uma enorme onda de energia que obrigou todos os Deuses a se sentarem. Assustados, os Deuses olharam para cima e perceberam que alguém estava sentado no lugar do Grande Imperador. Athena levantou-se e falou: - Quem é você? Como se atreve a sentar no trono do Imperador do Universo?! Quando a fumaça se dissipou, todos viram um jovem de longos cabelos brancos. Ninguém conseguia reconhecer aquele jovem. Athena, novamente, levantou a voz: - QUEM É VOCÊ?! O jovem encarou Athena e, com um rápido movimento de seus dedos, fez com que Athena se ajoelhasse. Com um sorriso maléfico no rosto, ele disse: - Idiotas... Não estão me reconhecendo? O jovem retirou a capa, e todos ficaram mais assustados ainda, pois ele usava a poderosa Kamei de Zeus. - Sou eu, o Grande Imperador Zeus! Hermes se levantou, assustado, e se aproximou do Grande Imperador: - Mestre, o que está fazendo em sua verdadeira forma? Com um sorriso maléfico no rosto e um Cosmo completamente maligno, Zeus falou: - Estou declarando guerra neste momento... Hermes se assustou e disse: - Guerra, meu Mestre? Guerra contra quem? Aniquilamos nossos inimigos séculos atrás, e seu reinado é soberano por todo o universo... Pressionando seu Cosmo contra Athena e encarando Hermes, Zeus falou: - Guerra contra os humanos... Todos os Deuses se assustaram com aquela decisão. Ares, o Deus da Guerra, começou a sorrir, enquanto Deméter, Apolo e Ártemis ficaram indignados, mas não se manifestaram para não provocar a ira do Imperador. Hermes disse: - Meu Mestre, não entendo... O Grande Imperador se sentou, mas mesmo assim manteve seu Cosmo agindo sobre Athena, mantendo-a ajoelhada. Ele olhou para Hermes e falou: - Desde quando tenho que dar explicações sobre minhas decisões a você? Hermes ficou atônito com a resposta de Zeus e se afastou calado. Zeus passou seus olhos pela Arena e falou: - Alguém se manifesta contra a minha decisão? Um silêncio mortal pairou sobre aquele local. Olhando para seus súditos, Zeus disse: - Aguentei durante milênios, durante séculos as desobediências dos homens. Seres inferiores que não sabem respeitar os seres divinos. São incompletos, orgulhosos e desrespeitosos. Se esqueceram de nós, de como devem nos adorar, e por isso merecem ser punidos. Vou fazer com que eles sejam submissos à nossa vontade... A MINHA VONTADE! Naquele instante, Athena elevou seu Cosmo e conseguiu se desvencilhar do poder do Imperador. Encarando-o, ela disse: - Não posso permitir isso, meu Rei. Recebi a missão de proteger a Terra e os humanos. Não posso falhar! Zeus ficou furioso e, encarando Athena, disse: - Como se atreve a ir contra a minha vontade, menina Athena? Agora, por vontade própria, Athena se ajoelhou diante do Imperador e disse: - Por favor, meu pai, não destrua os humanos. Sei que aos seus olhos eles são desprezíveis, mas eu vejo um grande potencial em cada um deles para se tornarem pessoas melhores e completamente capazes de desenvolverem um poder sobrenatural que justifique suas vidas! Zeus olhou para Athena e disse: - Poder sobrenatural? Por acaso quer incitar uma rebelião dos humanos contra os Deuses, Athena? Athena se assustou com a pergunta e respondeu: - Não foi isso que eu quis dizer. O poder sobrenatural que eles podem desenvolver é o amor, nada mais além disso. O amor e a devoção podem fazer com que eles se tornem pessoas melhores! Zeus se colocou de pé, expandindo seu Cosmo e assustando a todos. - VOCÊ É A CULPADA! POR SUA CULPA, OS HUMANOS PENSAM QUE PODEM SE RELACIONAR COM OS DEUSES! PENSAM QUE ESTÃO NO MESMO PATAMAR DE CONVIVÊNCIA! Ainda ajoelhada, Athena disse: - Te suplico, Grande Zeus, deixe que os humanos vivam e eu farei com que eles voltem a adorar aos Deuses, conforme estabelecido pelas leis anteriores... Zeus ficou pensativo com aquelas palavras de Athena. Ele encarou os Deuses e falou: - Não confio em você. Como pode me garantir que não está me enganando? Passou tanto tempo com os humanos que começou a ser como eles, ter sentimentos como eles... - Meu pai, posso provar! Posso provar que os humanos podem ser pessoas melhores se tiverem suas forças e sua essência devidamente orientadas! Eu trouxe à sua presença três humanos que alcançaram o nono sentido... O Imperador interrompe a fala de Athena e diz, furioso: - VOCÊ TROUXE HUMANOS PARA O OLIMPO? Athena se assusta com a reação do Imperador. Zeus, rapidamente, olha para trás e fala: - Cicno, prenda Athena! Ela está se rebelando contra o Conselho Olímpico, trazendo nossos inimigos para nosso território! Cicno, assustado com tudo que acontecia, se aproxima de Athena e diz: - Perdão, minha Senhorita, mas venha comigo... Assim que Cicno e Athena saem da presença dos Deuses, Zeus olha para os outros e fala: - Alguém mais? Ares, respeitosamente, se coloca de pé e fala: - Meu pai, permita-me expressar minha opinião... O Imperador levanta sua mão, concedendo positivamente o direito de fala ao Deus da Guerra: - Percebo que estás decidido com relação à Terra e aos humanos. Sugiro que nos organizemos, desçamos à Terra e restabeleçamos nossos domínios. Os humanos devem ser escravizados para que lembrem da soberania do Grande Imperador, e assim poderemos corrigir o erro cometido por Athena... Zeus fica em silêncio, observando Ares. O Grande Imperador se levanta e fala: - Seja feito como disseste, meu filho. Desçamos à Terra e restauraremos o nosso Império. Os humanos sofrerão por todos os anos que ficaram afastados de nós, e assim uma nova geração surgirá, submissa aos nossos desejos. Alguém se opõe? Os Deuses ficam calados. Sorrindo, Zeus desce do Trono Principal e começa a andar em direção aos seus aposentos. Olhando para trás, ele fala com os outros Deuses: - Preparem suas tropas. Desceremos à Terra amanhã, ao meio-dia... Zeus dá as costas para os Deuses e continua andando para o Grande Templo. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Amon-Rá estava inquieto. Ele se sentia incomodado por Athena ter ido sozinha ao Grande Templo. Sentira aquele estranho Cosmo se manifestando mais cedo e estava angustiado por não ter notícias de Athena até aquele momento. Odin e Brahma perceberam a agitação do companheiro. Um deles olhou para o amigo e falou: - O que houve, Amon? Amon-Rá caminhou até a entrada do Templo de Athena e respondeu: - Não sei, estou com um péssimo pressentimento. Algo ruim está acontecendo. Já faz horas que Athena saiu sem a nossa companhia... é perigoso! Brahma se aproximou de Amon e disse: - Acalme-se, rapaz. A própria Athena disse que ela estava segura aqui no Olimpo. E lembre-se, ela disse que não podemos andar por aqui até sermos chamados à presença do Grande Imperador. Amon-Rá olhou para seus amigos e, com os olhos determinados, falou: - Não estou me sentindo bem. Vamos, precisamos encontrar Athena! Amon-Rá começou a correr, quando Odin segurou seu braço e disse: - Amon, acalme-se! Não estamos sentindo nada. Acalme-se! Não devemos entrar no Grande Templo por ordens de Athena! Amon-Rá se desvencilhou das mãos de Odin e gritou: - Vamos! Athena precisa de nós, ela está em perigo! Amon-Rá correu em direção ao Grande Templo, sendo seguido por Odin e Brahma. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- O inesperado aconteceu. Acusada pelo próprio Grande Imperador de traição contra o Conselho Olímpico, Athena foi presa e levada ao calabouço do Grande Templo. Percebendo o perigo, Amon-Rá e seus amigos invadiram o Grande Templo, iniciando uma guerra terrível, a qual nunca havia acontecido antes. Os três Cavaleiros de Ouro demonstraram seus poderes diante dos Deuses ao lutarem e praticamente destruírem os Anjos, Guerreiros Imortais que protegiam o Grande Templo e o Olimpo. Ali, os Deuses reconheceram e temeram o grande poder gerado por simples humanos. O desejo dos Deuses agora era eliminar completamente a raça humana. Mesmo assim, os três dourados conseguiram resgatar Athena. Temendo pela vida dos humanos, Athena retornou para a Terra para preparar seus Guerreiros para uma futura luta contra os Deuses do Olimpo. Durante um breve período de paz, Athena consagrou Odin, Amon-Rá e Brahma como Deuses-Terrestres, seres divinos que alcançaram a divindade, mas não possuíam corpos imortais nem o sangue divino, o Ikor. A cada um deles, Athena concedeu um território: Amon-Rá se tornou o Deus Supremo do Egito e das regiões do Rio Nilo; Brahma, o Deus das Índias e das regiões do Tigre e Eufrates; Odin ficou com as regiões gélidas do Norte, Asgard e as terras Vikings. Isso gerou mais ódio no coração dos Deuses. O fato de dividir o poder com humanos era inconcebível e inaceitável. O grande dia chegou, quando as portas do Olimpo se abriram e os Deuses desceram com seus exércitos para punir Athena e os humanos. Enquanto as forças dos Deuses-Terrestres defendiam a Terra e os humanos, os Cavaleiros de Athena protegiam Athena e o Santuário. Um ataque em massa contra as terras gregas foi lançado, e os Anjos conseguiram invadir o Santuário. Athena foi levada de volta para o Olimpo, onde seria julgada e executada. Segundo o Grande Imperador, seu sangue seria usado para purificar a Terra dos atos pecaminosos. Enquanto os Deuses preparavam o julgamento de Athena, os Deuses-Terrestres e as forças restantes do Santuário invadiram as terras olímpicas, pegando todos desprevenidos e de surpresa. Aproveitando a vantagem do elemento surpresa, Amon-Rá, Odin, Brahma e o Mestre do Santuário conseguiram entrar no Grande Templo e resgatar Athena antes de sua execução. Sacrificando suas vidas, os Deuses-Terrestres e o Mestre do Santuário conseguiram levar Athena até o Vale dos Deuses, onde os exércitos de Athena enfrentavam novamente os Exércitos Divinos. A batalha contra os Exércitos Divinos foi devastadora. Todos os Santos Cavaleiros de Athena, Legionários de Amon-Rá, Guerreiros Deuses de Odin e Kachatyas de Brahma foram vencidos, bem como a maioria dos Guerreiros do Olimpo. Athena conseguiu escapar do Vale dos Deuses com a ajuda de um dos Anjos, que, no último minuto, se demonstrou devoto a Athena. Antes de partir do Vale, Athena selou sua passagem para que nenhum Deus pudesse atravessá-la. Infelizmente, com o passar do tempo, o selo foi perdendo seu poder, e aos poucos os Deuses começaram a atravessá-lo, enfrentando Athena com o objetivo de dominar a Terra e levá-la de volta ao Olimpo. Essas batalhas ficaram conhecidas como as Guerras Santas. Eis o relato final dessa batalha, encontrado por Shion e Mú, em uma sala secreta no antigo Santuário de Athena. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Após algum tempo desacordado, o Cavaleiro de Pégasus desperta. Ele era um jovem que aparentava ter apenas 16 anos. Sua pele clara e os olhos puxados indicavam que era mestiço, um oriental com sangue ocidental. Embora sua aparência fosse a de um rapaz magro, ele era considerado um dos mais fortes Cavaleiros de Bronze. Seus olhos negros eram profundos e seus longos cabelos marrons completavam sua aparência. No entanto, sua beleza estava oculta sob os ferimentos e escoriações espalhados por seu corpo. O rosto estava marcado por hematomas e os braços cortados e manchados de sangue. Seu corpo estava bastante machucado. Sua Armadura de Bronze de Pégasus, totalmente destruída pelos ataques de seus inimigos, não restava mais nada. Apoiando a mão no chão, o jovem Cavaleiro tenta se levantar, mas uma dor excruciante em sua perna o obriga a se sentar novamente. Ao passar a mão pelo local dolorido, ele percebe uma mancha de sangue. Tentando mais uma vez, o Cavaleiro ignora a dor e consegue se colocar de pé, apesar de seu corpo tremer a cada movimento. Ele estava exausto e sem forças. Havia usado todo o seu poder em seu último ataque, uma investida certeira que havia destruído seus inimigos. Pégasus olha ao redor e observa o tamanho da destruição causada pela "Exclamação de Athena". O lugar que antes fora um dos mais belos do universo agora se tornara um vale devastado pela morte. Corpos e cadáveres estavam espalhados por todos os lados. Enormes buracos e profundas crateras haviam sido abertas nos locais onde antes havia árvores e flores. Rios secaram e animais foram mortos. O caos e a morte haviam consumido tudo. Ao ver aquela destruição, ele não consegue controlar as lágrimas. Seus amigos e companheiros estavam todos mortos. Aqueles que ele considerava mais próximos que irmãos, os que ele conhecia há tanto tempo, e até mesmo aqueles que ele encontrou no Santuário, haviam sucumbido. Todos sacrificaram suas vidas para impedir que as forças do Olimpo tomassem Athena e, com ela, dominassem a Terra. O sol começava a se pôr, tingindo o céu com um tom avermelhado. "Até o firmamento está de luto pela destruição deste lugar", pensou ele, com a voz cheia de pesar. "Que maneira terrível de morrer..." Pégasus começa a passar entre os corpos de seus amigos, fechando os olhos de alguns ou colocando o elmo de suas Armaduras sobre o peito, como forma de respeito. De longe, ele avista os imensos portões que levavam ao Sagrado Olimpo, o lar dos Deuses. Nenhum ser humano poderia atravessar aqueles portões sem a permissão divina. Por lá, Athena havia adentrado no Vale dos Deuses, seguida pelos majestosos Cavaleiros de Ouro. Ele não se lembrava de mais nada depois daquele momento. Caminhando em direção aos portões, Pégasus vê um corpo estendido no chão. Era o corpo de uma garota. Ignorando sua dor e cansaço, o Cavaleiro corre até ela. Quando a alcança, ajoelha-se e a abraça, colocando-a no colo. Era uma jovem de longos cabelos roxos e vestindo um vestido branco como a neve. Ele sente o coração apertar ao vê-la. Ela estava gravemente ferida. No meio de sua dor e emoção, Pégasus só consegue sussurrar: - Athena... Aquela garota era a reencarnação da Deusa Athena, a Deusa da Sabedoria e regente da Terra. Ela também estava exausta, tendo perdido grande parte de suas forças. A batalha trouxe apenas sofrimento e destruição. Agora, ali estava Athena, nos braços de seu Cavaleiro, aparentemente sem vida. Uma lágrima de Pégasus escorre por seu rosto e cai sobre o rosto de Athena, fazendo-a acordar. Ao perceber que ele a segurava e chorava, ela estende o braço e toca o rosto do jovem Cavaleiro, perguntando: - Por que você está chorando, Cavaleiro? Vendo que a Deusa estava bem, ele sorri e responde: - Choro de alegria, Athena, porque você vive... Ela, com sua força recuperada, se ergue e olha ao redor, contemplando a destruição que a rodeia. - Estão todos...? - Sim... - E os Anjos? O Cavaleiro olha para trás, com uma expressão triste. - Desapareceram... Athena começa a olhar em volta. Aquele lugar já não era mais o mesmo. Seu coração batia forte, tomado por angústia, tristeza e dor. "Se ao menos eu tivesse aceitado as condições do Conselho, todos estariam vivos..." Ela pensou, atormentada. Ela solta o braço de Pégasus e começa a andar entre os corpos e destroços, mas suas palavras ecoam em um lamento: - Este é o resultado da ganância dos Deuses. O Conselho me acusou de traição e insubordinação, mas na verdade, eles queriam destruir a humanidade por medo... Medo de que os humanos se tornassem mais poderosos que eles. Medo de que os Deuses fossem esquecidos! O grito de Athena, carregado de raiva, ressoou pelo Vale dos Deuses. Pégasus se aproxima da Deusa, colocando a mão no ombro dela. - Acabou, minha senhora... Athena seca as lágrimas que escorriam e afirma com determinação: - A ganância... Enquanto esse sentimento existir, qualquer coração pode se perverter, seja divino ou humano. Eu preciso acabar com isso de uma vez por todas. Ela se dirige aos portões dourados e, com um gesto de sua mão, segura seu báculo. Virando-se para Pégasus, ela fala: - Subirei até o Olimpo novamente e enfrentarei o Grande Imperador. Acabarei com essa corrupção de uma vez por todas. Pégasus olha para ela e fala: - Mesmo sem forças, seguirei, minha Deusa, protegendo-a até o fim de minha vida. Athena, com tristeza, responde: - Infelizmente, você não poderá me acompanhar, Pégasus. Sua missão terminou aqui. Preciso que você retorne à Terra e restabeleça a ordem em meus domínios. Se por algum motivo eu falhar, os Cavaleiros deverão se preparar para uma nova guerra. - Mas, Athena, quem irá protegê-la? - Não se preocupe com isso. Preocupe-se em retornar ao Santuário e reorganizar nosso Exército. Ela olha para o céu, agora tingido de vermelho pela chegada do anoitecer. - O sol já está se pondo. Preciso chegar ao Olimpo antes que a Lua apareça em sua forma completa. - Mas Athena... - Nada de “mas”. Sua missão já foi dada. Eu colocarei um selo divino sobre os portões. Enquanto eu estiver no Olimpo, o Selo impedirá que qualquer ser, seja humano ou divino, atravesse este local. Assim, você terá tempo para cumprir nosso plano. Fechando os olhos, Athena abre os braços e eleva seu Cosmo. Pégasus sente o calor da energia divina, como se uma chama tivesse sido acesa dentro de seu corpo. Milagrosamente, ele sente um alívio, um conforto que nunca imaginou ser possível. Enquanto Athena sela o local, Pégasus mantém-se atento, pronto para proteger a Deusa. Mas, de repente, um som estranho chama sua atenção. Preparando-se para um possível ataque, ele assume a posição de combate, pronto para destruir qualquer inimigo. Seu alívio é imediato quando vê o Cavaleiro de Ouro de Gêmeos atravessando os portões divinos. - Acalme-se, Pégasus, sou eu... Pégasus sorri e começa a caminhar em direção ao seu companheiro. Athena, embora sinta a chegada de Gêmeos, também nota algo mais em seu Cosmo. “Mas que Cosmo é esse? De onde ele vem?” Ela pensa. Pégasus, agora aliviado, fala com Gêmeos: - Gêmeos, ainda bem que está vivo. Precisamos proteger Athena enquanto ela sela este lugar. Tenho um pedido. - Diga, Pégasus. - Athena precisará subir ao Olimpo, mas ela me ordenou que retornasse ao Santuário e reorganizasse os Cavaleiros. Não quero deixá-la subir sozinha. Não sabemos o que ela pode enfrentar lá em cima. - Você está certo. Irei acompanhá-la. Enquanto os Cavaleiros conversavam, Athena sentia a presença de uma energia maligna, algo familiar, mas ao mesmo tempo estranhamente diferente. “Esse Cosmo... Eu o conheço de algum lugar... Parece que a fonte dessa energia está atrás de mim...” Ela pensou. Rapidamente, ela abriu os olhos e viu Gêmeos. O Cavaleiro de Ouro encarava-a com um ódio profundo. Ela, percebendo o perigo, gritou: - Pégasus! CUIDADO! Com uma velocidade incrível, Gêmeos atravessa o corpo de Pégasus com sua espada. O Cavaleiro de Bronze se afasta, a lâmina cravada em seu peito, e cai de joelhos: - Por que, Gêmeos... Por que traíste nossa Deusa? Naquele instante, um terrível Cosmo começa a emanar do corpo de Gêmeos, fazendo com que a Armadura de Ouro desaparecesse, dando lugar a uma armadura negra com detalhes em roxo e prata. Seus longos cabelos negros se desvanecem, substituídos por fios avermelhados, como o sol. Agora, diante deles, estava um jovem bonito e forte, de traços delicados. Ele era um dos Anjos. - Eu não aguentava mais ficar escondido dentro desse corpo imundo, mas era a única maneira de me aproximar de vocês sem levantar suspeitas. O misterioso jovem encara Athena e diz: - Há quanto tempo esperei por isso. Tive que suportar as insolências daqueles malditos Cavaleiros de Ouro. Tive que ver a morte de meus companheiros e até mesmo me calar diante da destruição deste lugar, para que nosso encontro fosse finalmente possível. Demorou muito tempo, não acha? - Cicno... O jovem começa a caminhar em direção a Athena e fala: - Se você não tivesse tomado a estúpida decisão de retornar à Terra, ao invés de ficar ao lado dos Deuses, essa guerra teria sido evitada. Você não precisava ver todos os seus "queridos" Cavaleiros sendo destruídos, um por um, pelos Exércitos Divinos. Com um tom de autoridade, Athena responde: - Você sabe muito bem porque me oponho à decisão do Conselho. Não posso permitir que os Deuses destruam algo que, tanto eu quanto os humanos, batalhamos durante séculos para construir. - Vai defender aquela raça inferior? - Sim! - Mesmo que a existência deles seja uma afronta aos Deuses? - A existência dos humanos só pode ser uma afronta aos Deuses porque eles controlam seus próprios destinos. Porque eles não precisam mais dos Deuses para guiar a paz e a prosperidade. O Conselho precisa entender que os humanos não precisam mais deles, e sim, os Deuses precisam dos humanos. Sem a fé dos homens, como os Deuses poderiam receber força e majestade? - O poder dos Deuses não se limita à fé de seus devotos. Foram criados pela Grande Vontade, são parte do universo. São seres supremos e precisam ser adorados. Os humanos vieram da terra, do barro. São insignificantes, assim como a matéria que os compõe. Athena começa a sorrir, e diz: - Mas existe um poder que os iguala aos Deuses. Este é o poder que eu, Athena, pretendo proteger e preservar. Provarei aos Deuses que os humanos são dignos de sua existência e que pode haver uma convivência pacífica entre eles. - Nunca! Os Deuses nunca se relacionaram com seres imundos como os humanos. Veja só como você, Athena, ficou depois de tanto tempo ao lado deles. Foi infectada pela presença deles, pela doença deles. Pensa como eles, age como eles, sente como eles. Perdeu sua Grande Vontade. Athena encara Cicno, olha diretamente em seus olhos e fala, com autoridade: - Não levante sua voz contra mim, Anjo. Não pertenço mais ao Conselho, mas continuo sendo soberana sobre este lugar. Athena revela ao Anjo apenas um décimo de seu Cosmo, fazendo o lugar tremer. Cicno começa a caminhar em direção à Deusa e diz: - Não adianta, Athena. Estou aqui para cumprir a ordem que me foi dada pelo Conselho. Sua jornada e a de seus Cavaleiros terminam aqui. O Anjo eleva seu Cosmo, levantando seu punho em direção a Athena. De repente, uma força misteriosa o joga para trás. Cicno sente um Cosmo crescente, mas seu brilho está muito fraco. Antes de receber o segundo ataque, o Anjo salta para desviar do golpe de Pégasus, que aparece na frente de Athena, sangrando e com a espada de Cicno em mãos. Encarando o inimigo, ele diz: - Não encostará um dedo na Deusa Athena! Cicno olha para o Cavaleiro e fala: - E quem vai me impedir? Você?! HAHAHAHAHA! Idiota, você está mais morto do que vivo! - CALE-SE! METEORO DE PÉGASUS! O Cavaleiro de Athena reúne suas últimas forças e dispara um golpe contra Cicno. Antes mesmo de atingi-lo, o Anjo desvia e utiliza a energia de Pégasus contra ele, fazendo-o ser arrastado pelo chão. Cicno salta em sua direção e, com uma velocidade incrível, recupera a espada e a crava novamente no peito de Pégasus. - Morra... Cavaleiro inútil! Criando uma esfera de energia, Cicno dispara contra o Cavaleiro, destruindo sua vida por completo. - PÉGASUS! NÃO! Athena lança seu báculo contra Cicno, mas o Anjo desvia facilmente. - Conheço todos os seus movimentos e os movimentos de seus Cavaleiros. Agora vejo que não foi totalmente inútil todo esse tempo que passei ao seu lado. Pude estudar as técnicas do Santuário. - Maldito, como se atreve a me enganar desse jeito! Pagará pelos seus erros! Não permitirei que continue por este lugar como um Imortal! Cicno eleva seu Cosmo e grita: - Chega, Athena! Prepare-se para receber o castigo dos Deuses! Levantando sua espada, Cicno avança contra Athena. A Deusa eleva seu Cosmo com a intenção de se defender, mas algo impede o ataque do Anjo. - MAS O QUE É ISSO?! Cicno tenta golpear Athena, mas parece haver uma barreira invisível ao redor da Deusa. Ele tenta mais uma vez quando um estranho objeto luminoso o acerta, jogando-o para trás. Furioso, o Anjo se levanta e vê uma sombra na frente de Athena, protegendo-a. - O que você está fazendo aqui? Era outro Cavaleiro, que havia aparecido para proteger a Deusa. Em uma de suas mãos, ele segurava uma espada semelhante à de Cicno. Sua armadura era negra como ébano, com detalhes em prata. - Não vou permitir que levante sua espada contra uma Deusa! - Idiota, como ousa me impedir? Não sabe que estou aqui para cumprir a vontade dos Deuses? AFASTE-SE! O jovem de cabelos brancos empurra Cicno para trás. - A vontade dos Deuses ou a SUA vontade, Cicno. Cicno fica surpreso com aquelas palavras. O jovem de cabelos prateados começa a andar em direção ao Anjo e fala: - Descobri todos os seus planos. Tudo o que fez para começar esta guerra. Sei como violou a Sagrada Armadura de Gêmeos e o que fez com o Grande Imperador. Não perdoarei suas insolências! Cicno encara o jovem e diz: - Você não sabe de nada. Só porque descobriu algumas coisas, acha que desvendou todo o mistério? Não seja ridículo. Por sua insolência e desrespeito à vontade dos Deuses, terei o prazer de matá-lo junto com Athena. Cicno levanta o braço e dispara uma poderosa rajada de energia contra os dois. O jovem eleva seu Cosmo e consegue conter o ataque. Ele olha para Athena e diz: - Rápido, Deusa Athena, fuja daqui! Eu irei segurá-lo! Você é a única que pode salvar a todos nós... - Mas você... - ATHENA! VÁ! Rapidamente, Athena corre em direção aos portões divinos. Cicno tenta persegui-la, mas o jovem de cabelos prateados o impede. - SAIA DA MINHA FRENTE! - Não permitirei. Diga-me, Cicno, o que aquele ser imundo prometeu a você para que traísse o Olimpo? Cicno encara o jovem e responde: - Você não sabe com quem está lidando, garoto. Antes mesmo dos Anjos existirem, Ele já existia. Ele conhece todos os seus medos, seus desejos, seus anseios. Conhece seu passado, presente e sabe como será seu futuro. - E por causa disso traiu o Olimpo? - Os Deuses são apenas marionetes nas mãos dele. Melhor não se meter com Ele, ou você não sobreviverá. - Já disse. Quando me tornei um Anjo, prometi defender esta Terra contra qualquer inimigo. Você fez algo terrível, traiu e corrompeu a mente do Conselho Olímpico. Meu dever é fazê-lo pagar. Cicno começa a rir. - HAHAHAHAHA! Você está muito valente para um dos Anjos mais fracos! Se quiser me impedir, VENHA! Cicno salta em direção ao jovem e os dois começam a lutar corpo a corpo, suas espadas colidindo. Um terrível duelo de Cosmos começa. Com apenas o toque de suas lâminas, rochas são despedaçadas e crateras abertas. O poder de ambos é além do que qualquer Cavaleiro poderia imaginar. Quando seus Cosmos se chocam, uma explosão os joga para lados opostos. Uma densa fumaça negra sobe em direção ao Sol Poente. Com o estrondo da explosão, Athena olha para trás e vê Cicno se aproximando do jovem Anjo. Ele encara o jovem e diz: - Vai precisar muito mais do que isso para me vencer. Cicno começa a elevar seu Cosmo, levantando a espada contra o jovem. Vendo o perigo, o jovem também eleva seu Cosmo e diz: - Vou acabar com você, traidor! - CALE-SE! Ambos atacam. Antes que suas espadas se toquem, uma grande explosão toma conta do local. Athena sente os dois Cosmos se afastando e, com determinação, diz: - Estou eternamente grata a você, Anjo. Retribuirei em breve... Athena se afasta dos portões, que se fecham com um selo. A Deusa da Sabedoria pega seu báculo e começa a descer as escadas, em direção ao mundo dos humanos, que jurou proteger com sua vida. Citar Link para o post Compartilhar em outros sites
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