[CONTEÚDO] As Satélites e sua Significação

[Albafica du Poisson 69]

Na nova saga de Masami Kurumada, SAINT SEIYA NEXT DIMENSION MEIÔ SHINWA, fomos apresentados na Parte 15 às Satélites (月衛士 - Tsukieishi) , a classe de soldados defensores de Ártemis, a deusa da Lua. Por mais que tenham aparecido pouco até o momento, elas se mostraram uma das melhores criações de Kurumada para o mangá, devido o capricho visual e, principalmente, pelas referências mitológicas presentes em sua composição.

 

A ORIGEM DO NOME

Satélites são todos os corpos celestes (ou criados pelo homem) que orbitam em torno de um planeta, comumente chamado de lua (com letra minúscula). Na antiguidade, o Satélite mais conhecido era a Lua, a qual foi atribuída a deusa Ártemis. Kurumada aproveitou a ligação entre Ártemis e a Lua, tirando daí o nome das guerreiras de Ártemis.

 

O SIMBOLISMO POR DETRÁS DELAS

 

Até o momento, foi mostrado dois tipos distintos de Satélites: as satélites brancas e as satélites negras.

 

SATÉLITES BRANCAS

 

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As satélites brancas guardam o Templo da Lua, local onde se encontra a deusa Ártemis. Possuem vestes prateadas com roupas brancas, retesando arcos de mesma cor. Também possuem em seus elmos duas "orelhas" separadas por uma lua crescente. Para quem conhece um pouco sobre mitologia grega, fica muito fácil perceber as referências à própria deusa.

 

A pequena lua no elmo serve como símbolo da própria deusa, visto em outras ocasiões quando Atena e Shun de Andrômeda chegam ao Olimpo e se deparam com os vários caminhos para o templo. No centro da encruzilhada, em uma coluna jônica, é possível ver o mesmo símbolo, onde Hécate, na forma de um corvo, pousa. Também é visto na cena em que Atena se ajoelha na presença da irmã, atrás do trono de Ártemis.

 

A cor clara de suas vestes e armaduras remete, além da própria cor da Lua, à pureza e virgindade, visto que a deusa também é sagrada a castidade. O ponto alto, porém, são os elmos. Todos os elmos possuem duas orelhas, representando os cães de caça de Ártemis, que a acompanhavam a todas as caçadas. Um fato interessante é que, quando Calisto as impede de atacarem Shun e Atena, as orelhas se abaixam, como as de um cachorro.

 

O curioso é que também existe uma referência à cultura oriental nesses adereços. Essas orelhas seriam uma referência ao suki no usagi (月の兎 - coelho da lua).

 

Essa é uma lenda japonesa baseada na pareidolia, a nossa tendência de ver formas conhecidas onde elas não existem, como carneiros nas nuvens, a Virgem Maria numa mancha na janela, um rosto numa montanha de Marte ou um coelho no relevo da Lua:

 

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Na tradição japonesa, o coelho está amassando os ingredientes pra fazer um bolo de arroz. Na chinesa, ele amassa ingrediente pra fazer ervas medicinais para os imortais (não me perguntem porque imortais precisam de ervas medicinais). Já na tradição budista, esse coelho é aquele mesmo coelho da história do Shiryu de Dragão, que se joga no fogo pra alimentar o viajante. Versões dessa mesma história existem nos folclores chinês e japonês, onde os companheiros do coelho mudam (ora um macaco e uma raposa, ora uma raposa e um urso, etc). Lendas semelhantes também são contadas no México e entre os índios americanos. A lenda chinesa foi inclusive mencionada numa conversa entre a Apolo 11 e Houston, antes do pouso na Lua.

 

SATÉLITES NEGRAS

 

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Estas são as satélites que estão sob o comando de Lascoumone, a capitã da guarda de Ártemis. Ao contrário das outras guerreiras, estas possuem armaduras completamente negras e de aparência mais "lisa" do que as demais. Seu elmo, ao invés de representar a cabeça de um cão, representa a cabeça de uma serpente, com uma Lua crescente no meio de sua testa. Basicamente, seguem o mesmo padrão de Lascoumone.

 

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A vestimenta de Lascoumone, como a de suas subordinadas, representa uma serpente, especificamente Píton, a serpente enviada por Hera para destruir os filhos de Zeus, frutos de mais uma infidelidade do deus com Leto, e que foi morta por Apolo. Em algumas versões, é dito que Píton, a serpente nascida das entranhas da Terra, era uma grande víbora.

 

Também possui ligação com a mitologia suméria. Entre os babilônicos, existia a grande deusa Tiamat, sob a forma de uma enorme serpente negra, conhecida como a deusa dragão do Caos e das Trevas, morta por Marduk, o deus da Luz e da Justiça.

 

Assim, nota-se claramente a inspiração mitológica de Kurumada na classe de guerreiras de Ártemis, que, com toda a certeza, ainda darão muito o que falar - e o que esse redator escrever.

 

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[Fabinho 83]

Gostei da pesquisa, mas, olha, fazer uma correlação entre o elmo das satélites negras com Píton e Tiamat saiu forçado, pois nada em relação a isso é explícito em ND.

 

Penso mais que o uso da figura da serpente seja por causa da sua ligação com o feminino desde tempos pré-historicos, estando presente em praticamente todas as mitologias e religioes, como nos mitos de Eva, de Jaci, de Deméter, de Selene (que foi suplantada por Ártemis como deusa da Lua), de Atena, de Cibele, da Grande-Mãe cretense e muitos outros.

[Pimp 895]

Muito boa a pesquisa!

Não imaginava que Kurumada escondia tantas coisas em meros detalhes

(na verdade sabia, mas pensei que ele havia perdido essa habilidade)

 

Continue com topicos assim, Albafica!