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Minha tentativa de trabalhar com CDZ. Vou atualizando a fanfic conforme eu for terminando de escrever os capítulos. Não haverá periodicidade, porque a inspiração é uma coisa que vem e vai quando bem quer (e quando vai, costuma demorar a voltar). Enfim, espero que gostem.

 

 

 

CAPÍTULO 1 – OS GUERREIROS DA NOVA GERAÇÃO – LUTE, CAVALEIRO DAS FERRAMENTAS!


No princípio, era o Caos. Nada existia além do Caos, exceto uma pequena partícula pulsante que estava mergulhada no centro dele. Não se sabe quanto tempo o universo existiu nessas condições. Sabe-se apenas que, quando ocorreu o evento que hoje conhecemos como Big Bang, essa pequena partícula se espalhou, preenchendo o Caos com o que chamamos de “A Suprema Virtude”.

A Suprema Virtude é a energia que formou tudo que existe hoje. Ela é a força criadora que hoje algumas pessoas chamam de Deus. As galáxias, os sistemas estelares, as estrelas, os planetas, os demais corpos celestes, e também a vida, tudo foi criado a partir dessa força. O orbe errante que hoje nós chamamos de planeta Terra foi atingido fortemente pelas centelhas da Suprema Virtude resultantes do Big Bang, resultando na criação de uma forma de vida feita à sua imagem e semelhança. Esses são os seres humanos.

Os humanos, apesar de serem as formas de vida mais próximas da Suprema Virtude, tinham sua percepção de mundo limitada por seus cinco sentidos: a visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato. Alguns humanos desenvolveram o sexto sentido, a intuição, que lhes permitia enxergar além das limitações dos seus cinco sentidos. Um grupo menor conseguiu uma percepção ainda maior de sua própria existência, quando conheceu o Cosmo, a energia que existia em todos os seres. Aqueles que dominavam o Cosmo compreendiam a ligação do ser humano com o universo, e podiam entender que seus corpos eram uma forma remanescente daquilo que foi criado com o Big Bang. No entanto, muito poucos eram aqueles que dominavam essa energia por completo, o chamado Cosmo Supremo, o Sétimo Sentido. E menos ainda foram aqueles que transcenderam esse conhecimento, descobrindo também o fato de que suas existências nascidas da Suprema Virtude não se findavam com a morte da matéria. Aqueles que eram capazes de manter sua consciência viva mesmo após a morte haviam conquistado o Oitavo Sentido, o que hoje alguns grupos chamam de “Arayashiki”, e se tornaram homens santos.

Mas ainda assim, aqueles que atingiram o Oitavo Sentido eram bastante numerosos se comparados àqueles que se libertaram totalmente das limitações dos sentidos e atingiram a onisciência. Esses, que atingiram o Nono Sentido, que nada mais era que a Suprema Virtude em essência, foram aclamados como deuses pelos homens. Assim foi com Zeus, como com Odin, e com Rá, e com Bramá, e com Aúra-Masda, e com Jesus Cristo.

Esses seres que transcenderam a humanidade e se tornaram deuses passaram então a disputar entre si o domínio do mundo humano. E por fim, ao final de todas as batalhas, o panteão adorado na região que hoje é chamada de Grécia foi o vencedor. Seus deuses dividiram as regiões do planeta: Zeus ficou com o domínio da Terra, Posidão com o domínio do Mar, e Hades com o domínio do Submundo, o destino das almas cujas vidas físicas se extinguiram. No entanto, Zeus, renunciando ao governo da Terra, desapareceu para governar os Céus, e deixou sua filha favorita, Atena, Deusa da Sabedoria e da Guerra Justa, com a guarda da Terra. E essa decisão não agradou muito os outros deuses.

Várias Guerras Santas foram travadas por diversos deuses contra Atena, na ambição de tomarem para si o domínio sobre a Terra. E nessas guerras, a deusa lutava ao lado de seus seguidores humanos. Eles vestiam Trajes nomeados a partir das constelações no céu e dominavam o Cosmo, ainda que em diferentes níveis. Eram capazes de destruir átomos, rasgar os céus com seus punhos e abrir a terra com seus pés. Esses guerreiros da justiça, protetores da paz e do amor na Terra, eram os Sagrados Cavaleiros do Zodíaco.




O Santuário, na Grécia. Ano 2205.

Neste país, que é considerado o berço dos Cavaleiros de Atena, encontra-se esta espécie de Terra Santa, onde vivem os guerreiros protetores da paz e da justiça. É neste lugar inacessível para as pessoas normais que os jovens aspirantes a Cavaleiro são treinados, onde eles vivem, e de onde partem para suas missões ao redor do globo.

As edificações ainda lembram a bela arquitetura grega da Idade Antiga. Dentre uma infinidade de residências para os Cavaleiros, arenas e campos de treinamento, as construções que mais se destacam são certamente os Templos Zodiacais, as 12 Casas dos Signos guardadas pelos mais poderosos guardiões de Atena, os 12 Cavaleiros de Ouro, que, em sequência, conduzem até um dos pontos mais altos do Santuário, onde fica localizado o Templo do Grande Patriarca do Santuário, e onde a reencarnação de Atena na Terra vive, aos pés da gigantesca estátua que a representa.

A Deusa da Guerra Justa renasce quando perigos iminentes ameaçam a estabilidade da Terra. A Atena desta era renasceu há 17 anos, e encontra-se guiando os Cavaleiros através do Patriarca, um sobrevivente da última Guerra Santa contra os deuses, ocorrida há mais de 200 anos. As consequências daquela guerra levaram a um tratado de paz, firmado por Atena com os deuses dos mais diversos panteões. O desequilíbrio universal causado pela destruição do corpo físico do Deus do Submundo, Hades, precisava ser anulado. E não havia no atual panteão responsável pela Terra, o grego, um novo deus que se dispusesse a ocupar o lugar deixado por Hades no governo da terra dos mortos.

A solução encontrada por Saori Kido, a Atena daquela era, foi a de partilhar a guarda da Terra com os outros panteões, num rodízio pacífico que seria organizado de comum acordo entre os deuses. No momento, o Submundo está sendo governado pelo deus egípcio dos mortos, Osíris. Antes dele, estava sendo governado por um dos primeiros kami japoneses a chegar ao Submundo, Izanami. E antes dela, ele estava sendo governado por Kali, a deusa hindu da morte.

A terra dos vivos, após esse acordo, já passou por períodos de paz, protegidos pelo representante na terra de Odin, Deus de Asgard, e seus Guerreiros Deuses, e de Jesus Cristo e seus Apóstolos e Profetas. A guarda da Terra foi transferida de volta para Atena recentemente, segundo o termo do acordo que dizia que a Terra lhe seria confiada novamente em tempos de Guerra Santa.

No entanto, nem mesmo esta reencarnação de Atena, ou o Patriarca, ou algum dos Cavaleiros, sabe quando a Guerra Santa se iniciará, e contra quem ela será travada. O nascimento de Atena sempre previu que uma Guerra Santa se aproximava, mas a deusa já havia recém completado seus 17 anos, e apesar de diversos conflitos menores, resolvidos pelos Cavaleiros em missão, ainda não havia indícios de um conflito divino iminente.

Apesar disso, novos Cavaleiros são treinados constantemente, aumentando o número de guerreiros nas fileiras do Santuário, com o intuito de estarem completamente preparados para a Guerra Santa, quando ela vier.

E é em alguns desses jovens Cavaleiros que daremos nosso foco de agora em diante.

Num dos inúmeros coliseus presentes na área de treinamento do Santuário, dois jovens garotos se enfrentavam, lutando aos olhos de ninguém. A arena vazia, ocupada apenas pelos jovens se enfrentando, sacudia com os ecos e impactos gerados pelos poderosos golpes desferidos. Esses dois garotos possuíam um traço peculiar: a falta de sobrancelhas, tendo em seu lugar dois sinais ritualísticos que os identificava como muvianos, uma divisão da raça humana que chegou muito próxima da extinção ao longo dos séculos. Eles possuíam uma paranormalidade natural, sendo capazes de utilizar habilidades como telecinese, telepatia e teletransporte como a mesma naturalidade com que nós podemos tomar um copo d’água. Hoje em dia, esse povo se multiplicou, e seu número chega a algumas dezenas, não mais do que isso.

Um dos garotos era certamente mais velho que o outro. Ele tinha 17 anos, a mesma idade da atual reencarnação de Atena, mas possuía longos cabelos esbranquiçados, arrumados de uma maneira exótica que lhe descia até o quadril, e olhos num tom verde-escuro, que nesse momento brilhavam com a excitação gerada pela batalha. Em seu dedo médio direito estava um anel dourado com uma joia em formato de hexágono, que era a prova de que aquele jovem era membro da Ordem dos Sagrados Cavaleiros de Atena. Seu oponente era dois anos mais novo que ele. Os cabelos castanhos eram relativamente curtos, apesar de espetados, e ele possuía uma bandana preta na testa, que quase tapava os sinais muvianos. Os olhos eram de um azul bastante claro, e carregava um largo sorriso no rosto, apesar de estar suado e ofegante, diferente de seu adversário.

—Simas... Eu não vou perder dessa vez... Isso já está bom... Como aquecimento... – dizia o mais novo, pausando entre as palavras para respirar pesadamente.

—Se eu fosse você, iria rever meu conceito de “aquecimento”, Petros... – respondeu o garoto mais velho, num tom prepotente e debochado, que mostrava força e um pouco de autoridade – Você já está completamente acabado. Tem certeza que ainda consegue me enfrentar?

—Espere só pra ver! – respondeu Petros, avançando decidido contra o adversário. O moreno tentou socar o albino, mas este deu um simples giro para o lado, desviando da trajetória do punho. O mais novo passou direto por seu alvo, e no mesmo instante, se virou para tentar atingir seu oponente com um novo soco, mas ele não estava mais lá. Usando uma grande velocidade, Simas havia se movido para as costas de Petros, e, elevando seu Cosmo, preparava um ataque contra o garoto.

Petros percebeu rapidamente a elevação no Cosmo de Simas, e antes mesmo de ver o brilho que emanava do punho de Simas, teletransportou-se para o lado oposto do coliseu.

—Seu sexto sentido parece melhor do que na última vez que lutamos. – elogiou o albino.

—Use seu Traje de Bronze, Simas. – pediu o garoto mais novo.

—Hã? Você quer aumentar ainda mais a sua desvantagem? Se eu estiver vestindo meu Traje Sagrado, você, que é um mero aspirante a Cavaleiro, não terá nenhuma chance.

—Vista seu Traje, Simas. Eu garanto que poderei derrotá-lo. – pediu Petros novamente, com a voz decidida.

—Ha! Não seja prepotente, primo! – respondeu o mais velho. Petros pensou no quanto aquilo era irônico. Simas tinha um dos egos mais inflados dentre os Cavaleiros de Bronze – Muito bem! Se você por acaso conseguir me atingir, eu vestirei o meu Traje! Venha!

—Foi você quem pediu, Simas! Tome isso! – Petros então estendeu os braços para os lados, e usando seus poderes telecinéticos, desfez o chão do coliseu em diversos pontos, fazendo levitar enormes rochas, que flutuaram no ar ao redor do jovem aspirante.

—Ho ho, parece que a sua telecinese também melhorou bastante desde a última vez que lutamos... – comentou Simas, parabenizando o adversário com um sorriso orgulhoso no rosto.

—Sinta essa melhora na pele, Simas! – Petros, com um movimento de mãos, lançou todas as pedras na direção do primo, que não tirou nem por um segundo o sorriso do rosto.

—Mas! Ainda está longe do verdadeiro nível de um Cavaleiro! – Simas apontou a palma da mão direita aberta na direção das pedras voantes que lhe alvejavam, e todas elas detiveram sua trajetória, ficando paradas em pleno ar, graças à pressão telecinética do Cavaleiro de Bronze.

—Não pode ser...

—Fim de jogo, Petros. Eu venci. – Simas contraiu o braço em frente ao peito, para novamente lançar as rochas contra Petros estendendo a palma aberta contra o oponente.

O moreno, ainda chocado de ver que seu poder, por maior que tenha ficado, ainda era bem inferior ao do albino, não tentou se mover ou teleportar. Quando finalmente percebeu o perigo iminente, tudo que pôde fazer foi cruzar os braços em frente ao rosto e fechar os olhos, numa inútil tentativa de se proteger. Simas então fechou a mão, que ainda estava estendida, esmigalhando todas as pedras a nível atômico, fazendo com que Petros recebesse em seu corpo apenas o diminuto impacto de uma porção de areia.

Petros ficou cabisbaixo. Desfez a postura, e, encarando o sorriso vitorioso do primo, se deixou cair sentado no chão, cruzando as pernas em seguida.

—Droga... Ainda não consigo fazer você lutar a sério, Simas... – lamentou o garoto, de cabeça baixa.

—Não fique assim. Parece que você cresceu muito nos últimos tempos, Petros. – elogiou Simas, novamente. O albino se teletransportou, ficando de pé na frente do moreno, e ofereceu a mão para que ele se levantasse, sorrindo. Petros sorriu de volta e aceitou a ajuda.

Simas era famoso no Santuário. Era reverenciado como um dos mais poderosos Cavaleiros de Bronze. Petros era seu primo, um aspirante a Cavaleiro, que iniciara seu treinamento há dois anos, na mesma época em que o albino conseguiu seu Traje Sagrado. Apesar de não ser seu mestre oficial, o orgulhoso Cavaleiro de Bronze costumava ter várias dessas seções de treinamento com o moreno, e funcionava como um tipo de treinador extra. Isso, no entanto, não era visto lá com tão bons olhos pelo verdadeiro mestre de Petros.

—Simas, se você continua a treinar Petros dessa forma, eu vou ser visto como um mestre molengão pelos outros Cavaleiros de Prata. – disse uma voz masculina atrás do albino. Simas sorriu enquanto se virava para encarar seu dono recém-chegado.

Olhando para os dois jovens, estava um homem no alto de seus 35 anos, pele clara e cabelos pretos. A ausência de sobrancelhas e os sinais na testa, possuídos pelos dois garotos, também estavam em sua fisionomia. Decorando-a também estava um par de óculos à frente de seus olhos castanho-claros, cujas armações continham uma joia prateada incrustada, em formato esférico. Carregava um sorriso no rosto, mostrando que o tom de repreensão de sua frase anterior não era autêntico.

—Bem-vindo de volta, papai. – cumprimentou Petros.

—Olá, tio Benjamin. E bem, desculpe por roubar o Petros como aprendiz, mas como você não estava aqui e tanto eu como ele estávamos ociosos...

—Acontece, Simas, que eu estava cuidando dos relatórios das missões dos Cavaleiros junto com o Patriarca. – responde o homem, dando um cascudo no sobrinho – Eu realmente não tenho tanto tempo para treinar o meu filho, mas isso não é desculpa pra roubá-lo pra você.

—Eu gosto de treinar com o Simas, papai... Eu quero me tornar um Cavaleiro, para um dia lutar de igual pra igual com ele.

—Ha! Muito bem, Petros! Fique forte, forte o bastante para poder me enfrentar como um guerreiro, e não como um aprendiz!

—Então, você acha que a força é a qualidade primordial de um Cavaleiro, Simas? – perguntou Benjamin ao sobrinho. Este voltou os olhos para o céu, como se pensasse na resposta que daria, mas logo se virou decidido para o tio.

—Sim. Um Cavaleiro precisa ser dono de um Cosmo forte, que não perca nunca pra ninguém. Só alguém assim teria a capacidade de ser um Cavaleiro de Atena e proteger a Terra.

Benjamin viu aquela cena com um sorriso no rosto.

 

“Como podem ser tão diferentes, e ao mesmo tempo, tão parecidos?”

—Você me lembra demais o meu irmão, Simas. – disse Benjamin.

—O tio Thiago? – perguntou Petros.

—Eu lembro o meu pai? Em quê? – perguntou Simas. Não estava ofendido, longe disso. Mas a maioria das pessoas costumava dizer o contrário. Que o Cavaleiro de Bronze era confiante demais, e muitas vezes também arrogante, e como ele em nada lembrava seu pai, o glorioso Cavaleiro de Prata que um dia servira diretamente o Patriarca como braço direito. Simas estava longe de se sentir mal com essas acusações: tinha consciência de sua arrogância, e achava justo tratar os fracos de maneira diferente dos fortes. Mas ele tinha que admitir que aquilo também estava longe de ser agradável.

—Os dois colocam algo acima de sua lealdade a Atena. Apesar de terem ideologias diferentes, vocês dois acreditam que um Cavaleiro deve possuir um algo a mais, algo que contraria o senso comum.

—Ah, entendi... – concordou Simas, abaixando a cabeça. Alguns instantes depois, um sorriso se formou no canto de sua boca. Benjamin também sorriu, empolgado com o que faria a seguir.

—Petros, o treinamento fica pra mais tarde. Tem uma coisa que eu quero fazer antes.

—O que, papai? – pergunta Petros, curioso. Benjamin vira o rosto para Simas, com o mesmo sorriso empolgado, acompanhado de um olhar decidido.

—Lute comigo, Simas. Quero testar se essa sua força é realmente leal a Atena.

Depois do susto inicial, Simas também sorriu. Um sorriso de desafio, e ao mesmo tempo, de empolgação.

—Essa é a primeira vez que eu o enfrentarei, não é, tio? E também... A primeira vez que eu enfrentarei o Traje do meu pai.

—He he... Sim, é verdade. Vistamos os Trajes e lutemos, Simas. Mostre a força que dizem ser a maior entre os Cavaleiros de Bronze.

—Vamos lá!

Aos olhos admirados de Petros, que havia se afastado para assistir a luta, Simas ergueu o braço direito, e o anel em seu dedo médio brilhou. Ao mesmo tempo, Benjamin tocou nos óculos, fazendo brilhar a joia incrustada na armação. Em seguida, acima de suas cabeças, apareceram estatuetas de metal. Acima de Simas, estava o busto de um homem segurando uma ferramenta dourada em cada mão, e com mais algumas em uma espécie de aljava nas costas. Acima de Benjamin, estava uma espécie de balcão cerimonial estilizado, como um altar de sacrifício. Essas estatuetas então se desmancharam, separando-se em diversas peças, que voaram na direção dos Cavaleiros, cobrindo seus corpos.

Os Trajes dos Cavaleiros possuíam três formas. A primeira e mais simples, na qual o Traje passa a maior parte do tempo quando não está em uso, é a chamada Clothstone, a “Joia do Traje”. Essas joias são carregadas pelos Cavaleiros de maneira pessoal, e é delas que saem os Trajes em sua segunda forma: a forma de Objeto. Nessa forma, o Traje aparece como uma estatueta condizente com a constelação que representa. Ela é formada pelas peças que irão cobrir o corpo do Cavaleiro, virando na terceira forma: a forma de Armadura. Essa é a forma que os Trajes assumem para proteger os guerreiros sagrados em combate, protegendo seus corpos que, apesar de conterem um grande poder, ainda são frágeis, como os de um ser humano comum.

Simas era protegido por uma Armadura branca com detalhes em azul. Um protetor no tórax, com proteções semelhantes a arcos encurvados sobre os ombros. Também tinha botas de cano alto e luvas protegendo os membros. No cinturão, algumas ferramentas de escultor estavam penduradas. Uma tiara completava o Traje, com uma proteção alta na testa.

A Armadura de Benjamin tinha um nível de proteção um pouco maior. Luvas largas, botas que iam até abaixo dos joelhos, que estavam protegidos por peças separadas. O cinturão era um saiote, que protegia também a região das coxas. Um peitoral mais largo, com uma grande peça circular, semelhante a um espelho, no centro, e uma tiara com formas pontudas na cabeça.

—Cavaleiro de Bronze, Simas de Cinzel, da constelação das Ferramentas, pronto para o duelo. – declarou o garoto.

—Cavaleiro de Prata, Benjamin, vestindo o Traje de Altar, da constelação do Púlpito, pronto para o duelo. – anunciou o homem. Seus óculos haviam desaparecido depois que ele vestiu o Traje, mas isso não o atrapalharia. Enquanto usasse o Cosmo, seus sentidos eram aguçados.

—Só pra que saiba, tio Benjamin, já enfrentei vários Cavaleiros de Prata, e eu cheguei a derrotar alguns... – revela Simas.

—Isso não é novidade pra mim, Simas... Já conheço a sua fama. Mas por acaso, você já conseguiu vencer seu pai, que também é um Cavaleiro de Prata?

—Er... Bem, não... – admitiu o garoto.

—Oh, eu vejo... Bem, “só pra que saiba”... Eu também não sou um Cavaleiro de Prata qualquer. Não fico atrás do meu irmão. – depois de um silêncio incômodo de alguns momentos, Benjamin sorriu novamente – Vamos começar!

No exato instante em que Benjamin anunciou o início da partida, o corpo de Simas foi envolto em uma aura brilhante de cor dourada. Aquela era a manifestação visual que indicava que o Cavaleiro estava elevando seu Cosmo. Simas fechou o punho direito com força, e então, um brilho dourado de maior intensidade envolveu sua mão fechada. Cinzel então socou o ar, lançando aquela esfera luminosa na direção de Benjamin.

Centelha da Poeira Estelar! – gritou ele, enquanto o projétil viajava.

—Que simplista... Essas são suas técnicas? Muralha de Cristal! – Benjamin abriu os braços, e aparentemente, nada aconteceu. Mas assim que a Centelha da Poeira Estelar chegou a centímetros de distância dele, ela ricocheteou numa parede invisível, revertendo sua trajetória de volta para Simas.

—Essa não! – Simas esperou pelo momento oportuno. Concentrando Cosmo em sua mão, ele rebateu a esfera de energia para longe, sabendo que não adiantava mandá-la de volta para Benjamin. No entanto, ter se focado demais em defender o próprio golpe foi um erro: o garoto não percebeu a movimentação de Benjamin, que já estava diretamente à sua frente.

—Mais atenção, Simas. Tome isso! Sopro Solar! – Benjamin, envolto em uma aura esbranquiçada, moveu seu braço, como se socasse o ar para cima, e no mesmo instante, Simas foi violentamente jogado para o alto, envolto numa rajada de ar quente criada pelo Cosmo do Cavaleiro de Prata.

—Simas! – gritou Petros, vendo o primo sendo atingido violentamente pelo pai.

Cinzel gritou com a dor, mas logo se recompôs, saindo da área de alcance da técnica e voltando ao chão.

“Isso foi um golpe à velocidade da luz? Então é verdade... O tio Benjamin é um Cavaleiro de Prata superior... Bem, ele está usando o Traje que era do meu pai, então é natural que tenham habilidades semelhantes... Mas esse golpe não foi um dos golpes do meu pai. Uma técnica exclusiva?”

—Se vai ficar aí pensando na vida e não vai se mover, Simas, eu vou ter que atacá-lo! – Benjamin sorriu, e avançou rapidamente contra o Cavaleiro de Bronze. No entanto, dessa vez, Simas não foi pego desprevenido. Antes de ser atingido, o albino se teleportou. Benjamin nada pôde ver antes disso, exceto que os punhos e pernas de Simas estavam novamente cobertos pela energia luminosa que ele usou anteriormente.

—Sua vez de apanhar, tio Benjamin. – sussurrou Simas atrás do Cavaleiro de Prata, aplicando-lhe um forte soco nas costas. Benjamin não conseguiu reagir, e logo em seguida tomou um novo soco, dessa vez na barriga, de um Simas que havia se teleportado para sua frente. O garoto desapareceu novamente, atingindo o tio com um chute no lado direito da cabeça. Sumiu outra vez, e surgiu chutando o outro lado do rosto do adversário. Por fim, o sobrinho apareceu na frente do tio, porém virado de costas para ele. Então, mesmo sem ver o oponente, o albino deu um gancho que acertou o queixo de Benjamin, que foi atirado alto no ar enquanto Cinzel gritava – Alvoroço da Poeira Estelar!

—Papai! – gritou Petros – “Que droga, não sei pra quem torcer!”

“Uma técnica de investida física... Boa, sobrinho...”

Benjamin manobrou no ar, caindo de pé no chão. Ele tentou sorrir e falar, mas uma dor terrível no queixo o fez permanecer com o rosto sério.

—O que achou dessa, tio? – perguntou Simas, com um sorriso vitorioso no rosto.

Acho que você quebrou meu queixo... Não vou conseguir falar. – respondeu Benjamin, telepaticamente.

—Opa, desculpe... E desculpe por mais isso também! – Simas abriu o braço. Uma espécie de poeira brilhante começou a flutuar, surgida do fino ar, envolvendo o Cavaleiro de Bronze. Logo em seguida, esse pó brilhante começou a se unir, solidificando-se, formando algumas estacas feitas de um material brilhante, transparente.

Você tem golpes interessantes... – elogiou Benjamin – Adaptou os ataques dos Cavaleiros muvianos ao seu próprio estilo de luta.

—Receba essas técnicas estilizadas... Lança de Cristal!

Simas se preparou para lançar telecineticamente as estacas de cristal na direção de Benjamin, mas se deteve no mesmo instante. Ele percebeu que estava cercado por todos os lados por finíssimas paredes, feitas do mesmo material que ele usava em sua técnica.

Cubo de Cristal. Que tal atacar e receber a sua técnica por todos os lados, Simas?

—He... Como se isso pudesse me deter...

O Cubo de Cristal é uma técnica que une seis Muralhas de Cristal para proteção máxima, ou para prender o oponente. E você sabe que a Muralha de Cristal, no meu nível de poder, pode refletir qualquer ataque lançado contra ela. E você não tem habilidade telecinética o suficiente para deter a minha Muralha de Cristal.

—É verdade. Apesar de também usar a Muralha de Cristal, a minha não tem a propriedade de refletir ataques... E a minha telecinese não é forte o suficiente para desfazer as Muralhas que você, meu pai, minha mãe ou o Ancião conseguem usar. Mesmo assim...

 

O que ele vai fazer...?” – pensou Benjamin, sem transmitir seus pensamentos para Simas.

 

—... Eu tenho meus próprios truques. – Simas saca duas ferramentas de seu cinturão: um malho e um cinzel. Posicionando o cinzel contra um ponto da parede, o albino preparou-se para golpear com o martelo – Como usuário de Muralha de Cristal, eu conheço suas fraquezas... Como o ponto quebradiço da técnica, por exemplo! – o Cavaleiro de Bronze martelou, despedaçando a Muralha que estava à sua frente. As outras paredes do Cubo se quebraram também, por falta de apoio – E agora, receba as Lanças de Cristal! – Simas moveu as mãos, disparando suas estacas contra Benjamin.

“Vocês fizeram um bom trabalho, Thiago, Raquel... Simas é um Cavaleiro esplêndido.”

—Papai, desvie!

—Não adianta, Petros! É bom que esse Traje de Prata do meu pai seja resistente, ou ele será perfurado!

Acho que não, Simas. – Benjamin estendeu a palma da mão aberta. As estacas pararam no ar a centímetros de distância do Cavaleiro de Prata. Simas ficou simplesmente boquiaberto enquanto via suas lanças serem esmagadas por uma pressão telecinética, voltando ao pó que constituíam anteriormente.

—Ha! Nostálgico, não Simas? – perguntou Petros, orgulhoso do próprio pai. Já tinha decidido pra quem estava torcendo.

Sabe qual é a diferença entre nós, Simas? – perguntou Benjamin – Assim como a elite do Santuário, os Cavaleiros de Ouro, eu domino o Cosmo em seu nível máximo. Se você puder explodir seu Cosmo até o infinito, alcançando o Sétimo Sentido, poderá operar milagres, e se tornará um invencível guerreiro da justiça.

—O Sétimo Sentido...

Exatamente, Simas. É o Sétimo Sentido que permite que nós lutemos dessa forma! – Benjamin abriu os braços. Seu Cosmo se elevava de tal maneira que era possível enxergar atrás dele um conjunto de oito estrelas, que formavam o desenho de uma constelação: Crater.

“A Constelação da Taça?” – pensou Simas.

Receba isto, Simas! O maior dom dos Cavaleiros Estelares! Revolução da Poeira Estelar!

Com o poder de seu Cosmo, o Cavaleiro de Prata criou uma pequena galáxia. Dessa galáxia, milhares de flechas estelares, semelhantes à Centelhas que Simas disparara anteriormente, saíram voando na direção de Simas.

—Tsc! Muralha de Cristal!

Simas tentou bloquear o golpe com sua técnica defensiva. No entanto, uma chuva de estrelas à velocidade da luz certamente não se deteria à imperfeita Muralha de Cristal do Cavaleiro de Bronze. As centelhas luminosas atravessaram a defesa do albino, atingindo-o com força e jogando-o ao chão, derrotado.

Duelo finalizado. – anunciou Benjamin. Uma luz o envolveu, e o Traje de Altar retornou à forma de Clothstone, voltando aos óculos do Cavaleiro, que reapareceram.

—Que coisa... Fui derrotado, hum... – uma luz envolveu Simas, e o avariado Traje de Cinzel voltou ao anel que Simas usava no dedo – Sétimo Sentido, não é... Por que meu pai e minha mãe nunca me ensinaram nada sobre isso?

Isso não é o tipo de coisa que se transmita, Simas. O Sétimo Sentido é a essência do Cosmo, e cada Cavaleiro deve encontrá-lo por si mesmo. E isso só é possível quando encontramos o verdadeiro motivo que nos leva a lutar.

—Meu verdadeiro motivo para lutar...

Simas ficou no chão, numa depressão semelhante à de Petros minutos atrás. O jovem aspirante a Cavaleiro, que já se aproximava, estava com um sorriso no rosto, achando aquilo deliciosamente irônico, por mais que soubesse que alguns instantes, o Simas orgulhoso e arrogante de sempre se levantaria animado.

O Cavaleiro de Cinzel resolveu mesmo que deixaria tudo aquilo de lado, parando para pensar naquilo quando chegasse a hora. Levantando seu rosto para o tio, resolveu perguntar algo que o incomodava.

—Tio Benjamin, porque você não se denomina como “Cavaleiro de Altar”? Você é sempre “o homem vestindo o Traje de Altar”, ou algo do tipo... Além disso, eu pensei ter visto a silhueta da Taça quando o senhor me atacou...

He... Certo, vou te dizer. – Benjamin sentou ao lado do sobrinho. Os dois não eram muito chegados, mas se respeitavam. Simas tinha boa fama entre os Cavaleiros de Bronze, e Benjamin era o braço direito do Patriarca, posto antes ocupado pelo pai do Cavaleiro de Cinzel – Já faz mais de 17 anos que eu uso o Traje de Altar do seu pai. Desde que ele e Raquel deixaram o Santuário para se casar, eu assumi as funções do meu irmão, incluindo o Traje dele... Você deve saber que ele também está lá em Jamir de posse do meu Traje de Taça.

—Sim, eu sei disso... Quando ele me treinava em Jamir, ele usava o seu Traje. Mas vocês não trocaram de posto? Por que não se denominam Thiago de Taça e Benjamin de Altar?

Porque nós tratamos essa condição, por mais que ela pareça perene, como temporária. Eu estou emprestando meu Traje de Prata da Taça para Thiago, e ele me emprestou o Traje de Prata do Altar. Não tomamos os postos um do outro, apenas estamos em posições trocadas por um tempo. Ainda espero pelo dia em que Thiago e Raquel voltarão para o Santuário.

—Mas... Eles não podem assumir oficialmente o seu papel como Cavaleiros... A lei do Santuário não permite que os Cavaleiros se casem entre si... Não foi por isso que eles deixaram o Santuário?

Sim, é verdade. Quando eles resolveram assumir sua relação, o Patriarca lhes avisou que um dos dois deveria deixar a Ordem dos Cavaleiros. Thiago se habilitou a fazer isso, já que sua mãe era uma Amazona de Ouro, e destituí-la do cargo faria com que o Santuário ficasse severamente desfalcado... Mas ela não aceitou. Nem um nem o outro queriam que apenas um deles desertasse, então os dois resolveram deixar a Ordem juntos. Como eles sempre foram guerreiros leais a Atena, o Patriarca deixou que eles levassem seus Trajes para Jamir, com a condição de devolvê-los quando um novo Cavaleiro se tornasse digno de vesti-los.

—Afinal, nosso povo sempre ajudou os Cavaleiros, mesmo não sendo todos parte da Ordem, não é? – completou Petros.

Simas já conhecia toda aquela história. Mesmo assim, ouvi-la da boca – mente – do tio era uma nova experiência.

Por fim, como seu pai era o Cavaleiro de Altar, braço direito do mestre, a saída dele também deixava uma lacuna importante no exército. Então, eu lhe cedi o Traje de Taça, e ele me entregou o Traje de Altar que eu uso agora. Mas eu sei que um dia, Thiago e Raquel voltarão ao Santuário. Ela virá vestindo o Traje de Áries, e ele me devolverá meu Traje de Taça, e eu devolverei o Traje de Altar a ele.

—Entendo...

Os três se calaram. Benjamin podia ver nos olhos de Simas que ele estava imerso profundamente em pensamentos, como num mundo próprio. O Cavaleiro de Prata novamente sorri (para novamente sentir a dor no queixo e voltar desgostoso à feição séria) com mais uma semelhança do garoto com seu irmão: Simas tinha no rosto a mesma expressão que aparecia no rosto de Thiago, o Cavaleiro de Altar original, quando era um jovem Cavaleiro recém sagrado.

Vamos lá, Petros. Vamos começar o seu treinamento. – “disse” Benjamin, “quebrando o silêncio”.

—Devia tentar consertar a boca antes, tio. – recomendou Simas ironicamente, voltando de seu transe e se gabando de ter conseguido atingir o Cavaleiro de Prata daquela forma.

Não me subestime, moleque. – Benjamin deu um cascudo na cabeça de Simas, que passou a mão na cabeça por causa da dor – Devia ir consertar o seu Traje, ele tomou um belo dano quando eu atirei a Revolução da Poeira Estelar. E eu ainda maneirei. Eu poderia ter matado esse Traje se eu quisesse.

—A-ah... Ok... Bom, então eu vou indo. Bom treino, Petros.

—Valeu, Simas. Até depois!

—Até!

Simas deixou o coliseu, indo em direção à sua casa. Apesar de ter acabado de perder uma luta, ele tinha consciência de que perdera para um grande guerreiro. Sua confiança não se abalara: continuava sendo um poderoso Cavaleiro, orgulhoso de sua força e de sua lealdade a Atena.

E essa força, reconhecida por tantos dentro do Santuário, muito em breve viria a se tornar extremamente necessária.

Editado por Mammon de Avaritia
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Eu perdi as contas de quanta vez tirei o chapéu pra vc Greed e isto somente numa introdução. Adorei os personagens, em especial o Simas, a personalidade dele, mesmo que um pouco arrogante, mostra determinação e visto neste constraste que o próprio tio apresentou é alguem que chama a atenção. Continue motivado assim pra postar.

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Bom... vamos lá...

 

Capítulo lido... Devo tirar o chapéu para a introdução... ficou belíssima!

 

Gostei muito das constelações que foram citadas: Cinzel, Taça e Altar... combinação que vai dar o que falar pelo jeito...

 

Recomendo que encurte um pouco o capítulo... daria para ter dois só com este....rs... além disso, algo me incomodou na construção do capítulo, fiquei um pouco confuso na leitura... as vezes me perguntava quem estava falando... mas com o tempo tudo vai se adaptando e a tendência é sempre melhorar... Estamos aqui para ajudar!

 

E que venha o próximo capítulo!!

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Eu perdi as contas de quanta vez tirei o chapéu pra vc Greed e isto somente numa introdução. Adorei os personagens, em especial o Simas, a personalidade dele, mesmo que um pouco arrogante, mostra determinação e visto neste constraste que o próprio tio apresentou é alguem que chama a atenção. Continue motivado assim pra postar.

 

 

Bom... vamos lá...

 

Capítulo lido... Devo tirar o chapéu para a introdução... ficou belíssima!

 

Gostei muito das constelações que foram citadas: Cinzel, Taça e Altar... combinação que vai dar o que falar pelo jeito...

 

Recomendo que encurte um pouco o capítulo... daria para ter dois só com este....rs... além disso, algo me incomodou na construção do capítulo, fiquei um pouco confuso na leitura... as vezes me perguntava quem estava falando... mas com o tempo tudo vai se adaptando e a tendência é sempre melhorar... Estamos aqui para ajudar!

 

E que venha o próximo capítulo!!

 

Obrigado pelos elogios. Tentarei escrever mais capítulos em breve, mas não posso prometer nada.

 

Eu pretendo utilizar algumas constelações que não foram bem exploradas na cronologia principal, e mesmo algumas que foram exploradas, mas não me agradaram (como Taça, por exemplo).

 

Quanto ao tamanho do capítulo... Eu realmente não me controlo nesse sentido, eu coloco o máximo de informação que eu achar necessária em um único capítulo, sem me importar muito com o tamanho. Mas eu acho que esse capítulo ficou maior justamente por causa do início, com a introdução explicando a situação no meu universo. Os próximos provavelmente serão menores.

 

Não sei exatamente o que fazer quanto às falas, já que me acostumei a escrever dessa maneira... Mas vamos ver o que posso fazer quanto a isso (provavelmente não muito).

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Estou muito surpreendido, maravilhado e estupificado (no bom sentido) por esta nova fic. Explicaste muito bem o que o Hipermito apenas tinha deixado em resumo de tópico sobre as origens do Universo e os nove sentidos, explicando detalhadamente cada um.

 

Sobre a história em si que relatas acerca destas constelações pouco exploradas e nada participativas nas outras sejam canónicas ou spin-offs, a interação das personagens têm-me agradado bastante, apesar de estares usando o conceito das "clotstones" não tiro seu brilho. Respeito esta escolha e digo que tenhas muita inspiração, sorte e recheado de comentários positivos e grandes criticas.

 

P.S.: Tenho uma fic que posto aqui chama-se Saint Seiya Era Mitológica - Bloody War, espero que gostes

 

Abraços e até à próxima

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Sua fic está muito bem escrita e possui alguns pontos bem interessantes.

Gostei do fato de estarem sendo usadas constelações não convencionais.

Estou curioso para ver como será retratado o mundo do séc. 23, acompanharei na medida do possível.

 

Está de parabéns e se possível leia minha fic, Belle Époque, mas já aviso que ela possui periodicidade tão irregular quanto Next Dimension.

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  • 1 mês depois...

CAPÍTULO 2: INVESTIGAÇÃO CRIMINAL - COOPERAÇÃO E COLEGUISMO

 

Garanhuns, Pernambuco, Brasil.

Uma cidade bem conhecida em seu estado, mas relativamente desconhecida no resto do país, e ainda mais a nível mundial. Apesar da falta de reconhecimento global, a cidade, que graças ao clima frio e ameno, em pleno nordeste brasileiro, é conhecida como “Suíça Pernambucana”, é um centro turístico respeitável, especialmente nos meses de inverno, onde já há mais de duzentos anos é celebrado um evento de festa, música e dança, que atrai uma multidão de pessoas sedentas por diversão, farra e alegria. O Festival de Inverno de Garanhuns é sempre um dos eventos mais aguardados do agreste meridional de Pernambuco.

No entanto, não estamos nos meses de inverno, e a cidade encontra-se no seu estado usual de “pacata movimentação intensa”, típica dos centros urbanos que nem são tão pequenos, nem tão metropolitanos. Apesar de a vida seguir normalmente, os ânimos dos habitantes estão agitados. Uma série de assassinatos vem ocorrendo nas cidades vizinhas, em condições misteriosas, e com pessoas extremamente aleatórias e não relacionadas. Três vítimas são encontradas por cidade a cada noite que passa, e em Garanhuns, esses assassinatos ocorreram há três dias. E tudo aponta para a participação de três assassinos, devido ao padrão que rege o modo de matar. A polícia não tem uma pista sequer dos supostos serial killers, e as notícias sobre o caso nos jornais nunca são agradáveis.

No entanto, a situação estava para ser resolvida muito em breve.

Num dos prédios da cidade, onde funcionava o necrotério, um casal de jovens caminhava pelos corredores acompanhados de um funcionário do local, que os guiava de sobrancelhas franzidas. Eles se dirigiam para a sala onde estavam os corpos das vítimas de assassinato dos últimos dias.

—É aqui. – disse o funcionário, parando ao lado de uma das portas do corredor. Após digitar uma senha num painel e de passar pela identificação de um scanner de retina, a porta se abre, e os três entram no necrotério.

—Quem é dessa vez? Só espero que não estejam trazendo mais um corpo. Já estou com trabalho demais nesses dias. – ouviu-se dizer uma voz de dentro do necrotério.

—Dr. Siqueira, essas crianças dizem que são agentes enviados para investigar o caso dos assassinatos em série... – anunciou o guia dos jovens.

—Como é? Crianças? – respondeu o tal doutor, atravessando algumas cortinas que levavam a outra parte do necrotério. Tinha uma barba rala por fazer, e olheiras indicavam que não dormiu muito nas últimas horas.

—Será que podiam parar de nos chamar de crianças? Pelo menos adolescentes, caramba... – reclama um dos jovens, uma garota de cabelos castanhos. Seu português tinha um sotaque de Portugal.

—Menos exaltação, por favor... – sugere seu parceiro num cochicho, falando com um sotaque levemente italiano. Ele se volta então para falar com o médico legista – Nós somos os agentes especiais enviados pelo Santuário da Grécia. Eu sou Lynx, e essa é a minha parceira, Eridanus.

—O Santuário?

O garoto ergue uma espécie de distintivo, marcado com o símbolo de Nice, a Deusa da Vitória, que era o símbolo pelo qual o Santuário era reconhecido no mundo humano. Embora os detalhes sobre a Confraria dos Cavaleiros do Zodíaco não fossem conhecidos pelas pessoas, as organizações governamentais, policiais e militares conheciam o Santuário como uma organização investigativa secreta, que agia pelo mundo resolvendo casos misteriosos que, não fosse essa intervenção, ficariam sem solução. E geralmente, a baixa idade dos “agentes especiais”, os Cavaleiros, que geralmente eram jovens adultos, adolescentes e até crianças, não era um fato muito conhecido, o que sempre gerava espanto.

Lynx era um jovem rapaz de 19 anos. Tinha cabelos pretos cheios, que lhe caíam numa franja à frente dos olhos, de modo que geralmente você só podia ver um dos olhos dele, que tinham um chamativo tom de vinho. Mechas de seus cabelos também eram coloridos da mesma cor de seus olhos. O rosto belo aparentava calma, dever e tranquilidade. Ele carregava um anel com uma joia desbotada, sem brilho, no dedo indicador da mão direita.

Sua parceira, Eridanus, era uma garota mais jovem que ele. Tinha 17 anos, olhos castanhos e cabelos da mesma cor amarrados em dois rabos-de-cavalo. Mascava violentamente um chiclete, e olhava para os lados com uma expressão aborrecida, como se estivesse entediada. Tinha pulseiras com espinhos nos dois braços, e sua joia, de cor verde, estava incrustada num dos prendedores de cabelo que usava nos rabos-de-cavalo.

—Muito bem... O caso dos assassinatos em série, não é? – pergunta retoricamente o Dr. Siqueira, enquanto o homem que havia levado os Cavaleiros até o necrotério se retirava – Eu não sei como pessoas tão jovens como vocês estão trabalhando num caso como esse, mas se são mesmo agentes do Santuário...

O doutor vai até um painel numa das paredes. Após apertar algumas teclas, uma das paredes do local se abre, e passam através dela três enormes cápsulas criogênicas, trazendo os corpos dos indivíduos assassinados misteriosamente naquela cidade três dias atrás. As cápsulas se colocam horizontalmente à frente de Lynx e Eridanus, e Siqueira se une a eles, apertando alguns botões em cada uma para abri-las.

Os Cavaleiros são apresentados ao primeiro dos cadáveres. Era um sujeito bastante gordo, obeso. Possuía horríveis marcas de queimaduras pelo corpo todo, que haviam provavelmente sido a causa da morte.

—Este é Fabiano Gouveia de Sá. Causa da morte: profundas queimaduras de terceiro grau pelo corpo inteiro, que destruíram vários dos órgãos internos. Foi encontrado morto em seu quarto, logo após terminar de jantar. No quarto, nenhum tipo de objeto incendiário foi encontrado, nada que pudesse ter causado esses ferimentos. Além disso, as outras pessoas da casa não ouviram nada de estranho, e só perceberam a morte quando ele já estava nesse estado. E isso é uma coisa que se repete em todos os assassinatos.

—Parece que era um sujeito bastante guloso. – comenta Eridanus, num tom depreciativo.

—Ah, não tenha dúvidas. – confirma Siqueira – Gouveia estava sempre dando banquetes, fazendo festas e churrascos, e convidava toda gente. E nessas festas, todos sempre viam o quanto o infeliz era comilão. Não era um sujeito agradável, a maioria das pessoas não gostava dele, exceto pelas festas que ele dava.

Lynx e Eridanus trocaram um olhar, como se tomassem nota daquilo. Alguns passos e eles eram apresentados ao segundo cadáver.

—Este é Salvador Lucas de Andrade. Não sabemos exatamente o que causou sua morte, mas foi encontrado morto em um beco escuro próximo dos cabarés... A genitália foi completamente destroçada, como podem ver... – realmente, havia uma grande ferida na região das partes íntimas do cadáver, e os órgãos genitais haviam sido decepados – Além disso, os tímpanos também estavam severamente danificados.

—Assim como os encontrados nas outras três cidades. – comenta Lynx, em voz alta – Ele era casado, não é? Mas ainda assim estava na área dos prostíbulos. Suponho que o terceiro morto também tenha marcas de chicotadas por todo o corpo, estou certo?

Nesse momento, qualquer dúvida que Siqueira tinha sobre a identidade dos jovens desapareceu. A imprensa não havia divulgado nada sobre as causas de morte ou o estado dos corpos das vítimas, e tudo que se sabia era o que se comentava boca a boca. Se esses jovens sabiam que nas outras cidades onde os assassinatos ocorreram também havia esse padrão – um corpo queimado, um corpo com a genitália e os ouvidos destruídos e um corpo morto a chicotadas – é porque haviam visitado os necrotérios em todas as cidades.

—Sim, exatamente... – respondeu o médico – Luciano Rodrigues da Silva. Era um marginalzinho delinquente, traficante e usuário de drogas, desses que nem a família aguenta. As pessoas diziam que ele já tinha apagado muita gente que devia dinheiro a ele, mas nunca arranjaram provas de nada. Volta e meia ele era preso, mas os advogados sempre conseguiam tirá-lo da cadeia.

—Onde ele foi encontrado morto? – perguntou Eridanus, mostrando um mínimo de interesse na voz.

—Esse foi o mais estranho. Estava jogado no meio da rua, já nesse estado. E quando os moradores foram interrogados, todos alegaram não terem ouvido nada. Em todos os casos, os assassinatos ocorrem em lugares onde há pessoas em volta, mas todos dizem não ouvir nada, e só se dão conta da morte quando acham o corpo.

—Muito bem... – comenta Lynx – Acho que não precisamos de mais nenhuma informação. Despedimos-nos aqui, Dr. Siqueira... E posso garantir, esses assassinatos não ocorrerão novamente esta noite.

—Mas como vão identificar os criminosos dessa forma? Ninguém tem a menor pista sobre isso!

—Confie em minha palavra, doutor. Obrigado pela ajuda.

Os dois jovens se dirigem à porta, que se abre sozinha para a passagem deles, sob o olhar confuso de Siqueira. Depois de deixarem o prédio sem dizerem uma única palavra, Eridanus cospe o chiclete no chão e finalmente se dirige ao parceiro, falando em grego.

—Caramba, Lynx, a gente precisava mesmo ter vindo pra cá? Poxa, depois de Venturosa, Correntes e Caetés, já dava pra prever que o resultado seria o mesmo...

—Sim, Eridanus, eu sei... Mas eu preferia confirmar tudo novamente.

—Não me diga que vamos continuar seguindo a estrada até São João e Angelim, não é? Os corpos devem estar nas mesmas condições...

—Não, creio que não será necessário. Em todas as cidades, há um sujeito morto a queimaduras, um com a genitália e os ouvidos destruídos, e um morto a chicotadas. O primeiro é sempre alguém de moral duvidosa, ou ligado a alguma grave falta moral, como a gula, no caso de Gouveia... O segundo é sempre um sujeito casado, mas infiel, encontrado perto de algum prostíbulo ou na casa da amante... E o terceiro é sempre um assassino, ou alguém suspeito de assassinato. E todos eles morrem enquanto estão sozinhos em algum lugar, mas sempre há pessoas por perto, que não escutam nada até verem o corpo do morto.

—E também há rastros quase imperceptíveis de Cosmo em todos os corpos. Provavelmente, os assassinatos que aconteceram em São João e Angelim, que são as próximas cidades, também possuem essas mesmas características. Então, hoje à noite, elas vão atacar a cidade de Canhotinho?

—Sim, se continuarem mudando de cidade com essa mesma linearidade.

—Muito bem. Com essas informações, já podemos deduzir quem são... Mas como vamos pegá-las, Lynx? Não podemos sentir o Cosmo de ninguém na região, elas provavelmente não estão aqui. Como iremos localizá-las?

—He he... Eu já tenho um plano, deixe comigo. Nós temos algo mais importante pra resolver agora...

—Hã? O que é mais importante que a missão?

—Os assassinatos só acontecem à noite, sempre às 19 horas. Siqueira não nos informou nada sobre isso, mas podemos deduzir pelos outros assassinatos. Então não precisamos nos preocupar com isso até esse momento.

—Sim... E daí...?

—He he... E daí que temos a tarde livre, Eridanus. – respondeu Lynx, com um sorriso – Não... Seu nome é Serena, não é?

A garota estranhou aquilo. Onde necessariamente ele queria chegar?

—Sim. Serena de Erídano. E você é Raphael de Lince, um dos quatro Cavaleiros Especiais. Já conheço a sua fama.

—Nós não nos apresentamos devidamente até o momento. Prazer em conhecê-la, Serena. – Raphael estendeu a mão para a garota, que continuava sem mostrar reação.

Não era uma cena incomum. O Santuário enviava Cavaleiros em missões para várias partes do mundo. Não era difícil haver Cavaleiros que não se conhecem sendo enviados juntos em missão. Mas no geral, esses Cavaleiros não se aproximam de Serena. A garota é bastante irritadiça, sombria, e poucos gostavam de sua companhia. Seus únicos amigos são os membros do “grupo especial” formado por alguns Cavaleiros no Santuário, a Armada Estelar, do qual ela também faz parte Portanto, a amabilidade do parceiro a surpreendeu.

—Prazer em conhecê-lo... – respondeu ela, no mesmo tom mórbido – Então, o que exatamente você quer dizer com “temos a tarde livre”?

—A missão pode esperar, nesse momento. Você mesma disse que não há necessidade de verificarmos as outras duas cidades, e eu concordo com isso. Então, porque não aproveitarmos esta cidade pelo resto do dia, como turistas comuns? – Raphael não tirava o amigável sorriso do rosto.

—Nós somos Cavaleiros... Não somos humanos comuns, Lynx.

—Raphael, por favor. E oras, qual é o problema? O que você vai ficar fazendo até a hora chegar? Vamos lá, Serena, não seja tão dura consigo mesma.

“Qual é a desse cara?”

Serena continuou em seu lugar, impassível. Mas enquanto encarava o sorriso do parceiro, percebeu que realmente não havia outra saída. Eles estavam completamente desocupados, e não poderiam agir até as 19h. Ainda incomodada com o jeito amigável de Raphael, Serena aceitou o convite.

—Parece que não há jeito mesmo... Vamos lá, Ly... – ele desmanchou o sorriso, fazendo um rosto decepcionado – Raphael. – o sorriso retornou ao rosto do garoto. Por algum motivo, que Serena não conseguiu identificar, ela gostou daquilo.

Não fizeram muitas coisas, na verdade. Caminharam pelas ruas, cumprimentaram pessoas. Admiraram o famoso Relógio das Flores que ficava na entrada da cidade, visitaram alguns dos parques, como o Euclides Dourado, e por fim, assistiram a um filme juntos no cinema da cidade. Longe de se incomodar com o programa, Serena estava apreciando aquilo. Apesar de não estar falando muito, aquele tempo longe das batalhas parecia estar fazendo bem à garota, que não conhecia uma vida humana normal. Mas ainda a incomodava o fato de Raphael estar sendo tão amigável com ela.

A hora se aproximava. Raphael decide parar numa sorveteria antes de voltarem à missão.

—... Por quê? – murmurou Serena, vagamente, num tom de voz quase inaudível, enquanto terminavam seus sorvetes.

—Como...? – perguntou Raphael de volta, sem entender.

—Por que você aprecia tanto essa “vida comum”? Faz sempre isso em todas as missões? – Serena queria perguntar por que ele estava sendo tão amável com uma desconhecida, e ainda mais uma de má fama, mas preferiu sanar outra dúvida ao invés.

—Quem me dera. – respondeu o jovem – Acho que é a primeira vez em uns quatro ou cinco meses que tenho tempo pra fazer isso.

—Mas por que você gosta tanto disso? Nós somos Cavaleiros, não podemos ter uma vida normal... Você não devia se conformar com isso, ao invés de ficar nessa ilusão temporária de que é uma pessoa comum? – perguntou Serena. Apesar do tom acusatório, ela não tinha a intenção de ser rude desta vez. No geral, ela não fazia questão de ser uma pessoa agradável, mas esse garoto despertou seu interesse por algum motivo.

—É, você tem razão. Não é a primeira a me dizer isso, na verdade. – confessou ele com um sorriso amarelo – Mas sabe o que é... Eu vivia feliz na Itália, como um humano comum, até os 13 anos, mas resolvi me tornar Cavaleiro porque eu queria proteger o direito das pessoas de terem essa “vida normal”... Sem a intervenção dos deuses ou de qualquer outro ser desse tipo... Essa é justamente a filosofia de Atena, então eu me identifico bastante com minha missão como Cavaleiro, e tenho orgulho dela. Mas... Eu acho injusto não poder também usufruir dessa vida que eu ajudo a manter...

Serena continuou observando o garoto. Até o momento, achava que podia entender o que ele queria dizer, apesar de não ser por experiência própria.

—Não é estranho? Tenho plena convicção de que desejo continuar em minha missão, e sei que pra isso, tenho que abandonar uma vida normal. Mas ao mesmo tempo, eu desejo viver essa vida, que sei que nunca poderei ter... É por isso que, quando surge qualquer oportunidade como essa, eu resolvo me entregar à normalidade... Esquecer que sou um Cavaleiro, ainda que por apenas algumas horas...

—Eu... – começou Serena – Nunca tive uma “vida normal” como a que você teve... Eu fui encontrada ainda pequena pelo meu mestre, que me adotou, e fui treinada para me tornar uma Amazona desde que consigo me lembrar. Então, eu não sei exatamente o que é viver como uma humana normal. Sempre que me “fingia de gente”, era como parte de uma missão. Mas hoje... Depois de passar essa tarde com você, de sentir a tranquilidade que é estar longe das batalhas... Eu acho que posso entender esse seu desejo. Deve ser difícil viver sabendo que não poderá alcançar o que deseja...

—Sim, às vezes pode ser bastante difícil. Mas eu acho que a minha missão compensa o sacrifício. Ainda mais porque eu posso me dar ao luxo de apreciar estas pequenas ilusões de vez em quando... – Raphael risca o ar com uma caneta imaginária, pedindo a conta à garçonete do lugar. Os Cavaleiros pagam os sorvetes, e então, deixam o prédio. Assim que colocam o pé na calçada, Lince se vira para a garota, com o sorriso que já parecia ser uma expressão permanente em seu rosto – Obrigado, Serena. Por ter vivido essa ilusão comigo hoje.

Serena continuava sem saber o porquê daquilo. Que gratidão toda era aquela? Ela quase não fez nada a não ser acompanhá-lo, e apesar de ter realmente se sentido bem durante esse tempo que passaram juntos, não era como se tivesse feito tanto assim.

—Por que você... é tão gentil assim comigo? – perguntou Serena, finalmente – Eu não tenho boa fama no Santuário... Não acha que pode prejudicar a sua reputação? Ou quando voltarmos pra Grécia, vai simplesmente me ignorar?

—Ha ha! Ora, o que é isso! Claro que não! – respondeu Raphael – Não podemos ser amigos, Serena? E qual é essa de “ferir a reputação”? Que eu saiba, você faz parte da Armada Estelar, e até o Simas de Cinzel faz parte dela também. Vocês dois não são muito queridos pelos outros, e mesmo assim, a Armada é respeitada e tem boa fama. Que mal andar com você poderia fazer?

Serena não respondeu. Continuava a encarar o rosto do parceiro.

—Além disso... Eu sei que toda essa aparência rude que você usa é só uma máscara. Eu pude ver seu verdadeiro eu durante essa missão.

Aquilo sim, incomodou profundamente Serena. Ora, ele a estava acusando de falsa agora?

—Oh sim? Muito bem então. Depois não reclame quando passarem a te olhar torto, Lince. – disse a garota, voltando à personalidade agressiva original – Bem, está quase na hora. Não devia me contar seu plano agora?

Raphael ainda sorriu por mais alguns instantes, mas logo voltou a mostrar o olhar sério que tinha antes de saírem do necrotério.

 

A hora de agir estava próxima.

 

 

 

 

 

Daqui a três dias, eu posto o capítulo três.

Editado por Mammon de Avaritia
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Por fim, vejo um segundo capítulo, fantástico como o anterior. Apesar deste ser muito mais pequeno ao último,porém não tirou seu brilho ou mérito.

 

Adorei principalmente a cena do "quotidianos" de dois guerreiros atenienses.

 

Fiquei curioso pelas aquelas marcas na autópsia e o modus operandi desses estranhos assassinos.

 

Aguardarei pelo próximo capítulo.

 

Passa pela minha, Saint Seiya Era Mitológica - Bloody War, espero que gostes

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Excelente capítulo novamente... ambientação fantástica e uma escrita bastante agradável...

 

É impressão minha ou teremos 3 adversários, tendo em vista os três tipos de ferimentos? Serena já me ganhou só pelo nome... XD... gostei bastante do Lince também...

 

Parabéns Mammon!!

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Fiquei sem internet o dia inteiro. Mas bem, aqui está o capítulo, finalizando a missão de Raphael e Serena.

 

 

 

 

CAPÍTULO 3: BATALHA MORTAL EM YOMOTSU HIRASAKA - COSMO, A ENERGIA DOS MILAGRES

 

 

—Vamos lá. – Raphael se virou, e começou a caminhar, na direção de lugar nenhum. Serena o seguiu – Seu mestre era Virgílio de Câncer, não é? Você é uma Amazona que consegue controlar a força do Aglomerado do Presépio de Câncer, o poder do controle sobre as almas. Certo?

—Sim, isso mesmo. – respondeu ela, ainda o seguindo.

—Hoje em dia, não há qualquer passagem que leve diretamente do mundo dos vivos ao mundo dos mortos. Portanto, as únicas maneiras de atravessar de um mundo para o outro são morrendo ou cruzando as dimensões a partir da Colina da Fonte Amarela, Yomotsu Hirasaka. Certo?

—Certo. Aonde quer chegar? – pergunta Erídano, ainda sem entender muito bem.

—Como você mesma disse, não podemos sentir o Cosmo daquelas três. Portanto, eu imagino que elas estejam neste momento no Submundo, e só venham para o mundo dos vivos na hora de cometerem seus assassinatos.

—Então, você quer interceptá-las quando elas aparecem no Yomotsu Hirasaka?

—Sim. Mas preciso de algumas explicações antes. Você só pode enviar nossas almas para o Yomotsu. Certo?

—Sim, não consigo enviar o corpo junto. Meu mestre pode abrir portais dimensionais e enviar o corpo também, mas eu só posso separar a alma.

—Muito bem... – Raphael estava desconfortável com a ideia de separar sua alma de seu corpo, mas já esperava aquela resposta – Ainda podemos queimar nossos Cosmos se estivermos lá apenas em forma de espírito, não é?

—Sim. As técnicas do Presépio separam corpo e alma, mas não matam o alvo permanentemente. Então, a nossa alma continua fracamente ligada ao corpo. Ainda podemos acessar os sentidos de nosso corpo, e isso inclui o Cosmo.

—Muito bom. Nossos Trajes Sagrados também são enviados ao Yomotsu?

—Sim. Os Trajes dos Cavaleiros também têm vida própria, então eles também são enviados em forma de espírito para a Colina.

—Ótimo, tudo está dentro do que eu imaginei. – Raphael chega o relógio em seu pulso. 18h50min – Está quase na hora. Acho que está no tempo de agirmos.

—Muito bem. Mas já lhe digo que a sensação não é nem um pouco agradável.

—... – Raphael engoliu em seco. Já tinha ouvido falar daquilo – É uma pena, mas tem que ser feito.

Os dois se aproximam de um banco de praça. Depois de se sentarem, Serena estende sua mão esquerda para Raphael, sem olhar nos olhos dele – na verdade, forçosamente olhando para o lado oposto. Raphael sorri, e segura sua mão. A garota então ergue o dedo indicador direito, elevando seu Cosmo. Uma luz fosforescente é emanada de seu dedo, e envolve os corpos dos dois jovens, enquanto Erídano anunciava sua técnica.

Presépio: Ondas do Submundo.




Yomotsu Hirasaka. O mundo que separa a vida e a morte.

Nesta dimensão, o céu é uma negrura sem nuvens, sem luzes, sem fim. Tudo o que você pode enxergar à sua volta é um terreno rochoso que se estende além do que o olho humano alcança, interrompido apenas por numerosos abismos, cujo fundo é preenchido com lava fervente. Este é o mundo onde vão parar as almas dos humanos assim que eles morrem.

E é aqui que elas estão. Filas infinitas de almas caminham todas juntas, rumando numa única direção: o topo da colina, onde se encontra uma enorme cratera sem fundo. Esse poço leva diretamente ao Submundo, o destino definitivo das almas. Lá elas serão julgadas, e receberão o tratamento justo. No meio dessas almas perambulando, existem também pessoas que não morreram, mas se encontram no limiar da vida e da morte, em coma, ou feridos mortalmente... Enquanto seguem em sua marcha, essas pessoas podem voltar à vida, mas se caírem no poço das almas, apenas a força de um deus poderia ressuscitá-los.

No entanto, um evento incomum acontecia neste momento.

Contrariando a ordem natural daquele mundo, três figuras aladas surgiram, voando para fora do poço das almas. Sua velocidade não permitia que se visse quem eram, e de qualquer modo, as almas apáticas do Yomotsu não lhes deram nenhuma atenção, continuando em sua marcha para o País dos Mortos. Prosseguiam em seu voo, se dirigindo com afinco ao limiar daquela dimensão, procurando a fenda que permitiria que passassem para o mundo dos vivos. Essa fenda se encontra localizada no Aglomerado do Presépio da Constelação de Câncer, que era ligado diretamente com esta dimensão.

Mas as feras aladas não atingiriam seu objetivo novamente esta noite.

Flechas do Lince!

Vindas não se sabe exatamente de onde, flechas de vento foram atiradas contra as figuras aladas. Para não serem atingidos, os vultos detiveram seu avanço.

—Quem ousa se colocar em nosso caminho? – exclamou uma das três assassinas. Ao ouviu essa pergunta, outras duas figuras se fizeram mostrar, encarando as assassinas à distância.

—Já que perguntam, temos o dever de nos apresentarmos. – respondeu uma jovem voz masculina – Nós somos os protetores da paz, do amor e da justiça na terra.

—Rasgamos o céu com nossos punhos e abrimos a terra com nossos chutes, fazendo explodir o Cosmo dos nossos corações... – continuou um voz feminina. E então, as duas, em uníssono, completaram:

—Somos os Sagrados Cavaleiros do Zodíaco!

Vestindo seu Traje, o jovem rapaz tinha o peitoral, a cintura, seus braços, joelhos e tornozelos protegidos por peças de uma cor azul bastante escura. Braceletes adornavam a dobra dos cotovelos, e outras peças se encontravam em suas coxas. A tiara que usava na cabeça lembrava orelhas felinas, e suas ombreiras tinham a forma de patas de fera.

O Traje da garota protegia-a quase da mesma maneira, exceto pelas peças nas coxas e cotovelos. A Armadura era de um tom azul claro com alguns detalhes em branco, e o que certamente mais chamava a atenção era a tiara, que possuía chifres semelhantes aos de um carneiro descendo pelos lados do rosto. As roupas não se estendiam para além da área que a Armadura protegia, exceto por meias altas que iam até a metade das coxas, e um pouco de tecido que descia da região do peitoral. Isso deixava a pele de seu abdome e a metade superior das coxas à mostra.

—Eu sou Raphael de Lince, Cavaleiro Especial da constelação do Gato Selvagem. – apresentou-se o rapaz.

—E eu sou Serena de Erídano, Amazona de Bronze da constelação do Rio. – introduziu-se a garota.

—Os Cavaleiros do Zodíaco... Ha! Os humanos que desde os tempos mitológicos enfrentam os deuses em nome da deusa Atena? – perguntou uma segunda.

—E vocês são as Erínias... As Três Deusas da Vingança. – respondeu Serena – Assim como suspeitávamos.

As três mulheres aladas olhavam para os dois Cavaleiros com um olhar de profundo desprezo. Essas entidades já não eram queridas pelos deuses, e também pouco faziam questão de seu respeito. O ódio pelos humanos, comum a boa parte dos deuses, era ainda mais forte nestas deusas, que desde tempos imemoriais castigam as almas humanas no Submundo.

As três Erínias possuíam a aparência de mulheres humanas. Estavam vestindo trajes metálicos, como os dos Cavaleiros. Porém, ao contrário das sagradas vestimentas dos guerreiros de Atena, que eram construídas com oricalco, gamânio e pó de estrelas, as vestes das Erínias pareciam ser feitas com as joias do Submundo, apresentando um brilho tenebroso, sombrio.

“Sobrepelizes... As vestimentas dos soldados de Hades.” – identificou Raphael.

As três estavam nuas por debaixo das Sobrepelizes, que na verdade, cobriam muito pouco seus corpos. Botas que cobriam até seus joelhos, deixando suas coxas à mostra, e uma proteção pélvica. Proteções nos braços que iam até a dobra do cotovelo, e uma cobertura nos seios. Dessa peça do tórax, saiam pelas costas grandes asas de morcego, que batiam constantemente, mantendo as Erínias no ar. Completando a Armadura, uma tiara com desenhos estilizados de serpentes. Essa baixa proteção se dava provavelmente porque essas entidades, apesar de sua natureza divina, não costumarem se envolver em combate com seres poderosos, não tendo necessidade de uma maior defesa.

—O que vocês fazem agindo no mundo dos vivos? Vocês não eram entidades que puniam os mortos no Submundo? – perguntou Raphael.

—Como ousa questionar-nos, humano? – perguntou a terceira das mulheres – Vamos, irmãs, vamos matar esses Cavaleiros e seguir em frente!

—Tenha calma, Alecto... Não precisamos ser assim tão rudes. – respondeu a segunda que havia falado anteriormente – Não estou certa, Tisífone?

—Sim, Megaira... Não há pressa. Não estávamos mesmo querendo chamar alguma atenção com esses assassinatos? Aqui temos dois Cavaleiros de Atena. Por que não aproveitar isso?

—Grr... – Alecto parecia extremamente desconfortável com essa situação. Não podia esperar para matar novamente.

Alecto tinha cabelos curtos, chegando ao seu pescoço, numa cor ruiva extremamente chamativa. Seu rosto demonstrava irritação, e ela olhava furiosamente para os dois Cavaleiros que estavam à sua frente, com dois olhos que pareciam brilhar como as próprias chamas do inferno. Megaira possuía longos cabelos verdes cacheados, que lhe caiam até as costas. Seus olhos também eram verdes, de um tom encantadoramente brilhante, mas ameaçador. Carregava um sorriso fatal no rosto, assim como sua irmã, Tisífone. Esta tinha cabelos lisos e compridos que desciam até seus ombros, no mesmo tom preto de seus olhos.

—Em breve encontraremos vocês novamente no Mundo dos Mortos, crianças... Mas vamos conversar um pouco com vocês antes de mandá-los para lá. – começou Megaira.

—Sim, é verdade que nós três éramos encarregadas de punir almas no Submundo governado pelo Imperador Hades, desde os tempos mitológicos. – continuou Tisífone – No entanto, dois séculos atrás, o Imperador foi morto, justamente por Cavaleiros de Atena como vocês.

—Depois disso, aconteceu um caos no inferno... – prosseguiu Alecto, ainda encolerizada – E quando Kali assumiu o Submundo, ela o reescreveu completamente!

—O Mundo dos Mortos deixou de ser um local dedicado sofrimento eterno... – retomou Tisífone – As pessoas não eram mais simplesmente julgadas por seus maus atos. Os bons atos passaram a pesar também, e aqueles que eram considerados bons, recebiam bom tratamento no Submundo...

—E mesmo o sistema de punições foi reescrito. E adivinhe só? Não sobrou lugar para nós! – gritou Alecto – Por mais de duzentos anos, estamos vivendo sem propósito, esquecidas naquele mundo de escuridão!

—Então, ficaram entediadas e resolveram voltar a fazer o seu trabalho, dessa vez, no mundo dos vivos... – concluiu Raphael – Se me lembro bem, na mitologia, Alecto, a Implacável, era encarregada de punir os delitos morais, Megaira, a Rancorosa, punia a infidelidade e os delitos contra o matrimônio, e Tisífone, a Castigadora, era a vingadora dos assassinatos. Isso bate perfeitamente com as vítimas.

—Então agora vocês se julgam no direito de punirem os humanos antes da morte, agora que seus pecados podem ser perdoados depois dela? – indaga Serena – Acho que não precisamos dizer que vocês irão pagar por isso, não?

—Quem são vocês, crianças, para julgarem a nós, que somos deusas? – perguntou Megaira, em tom autoritário – Nós somos as Vingadoras, as Deusas Veneradas. Nascemos para punir os pecadores, e se nossa função nos foi negada no Submundo, nós a exerceremos no mundo dos vivos.

—Nem mesmo os 12 Olimpianos ousam se colocar em nosso caminho. Vocês acreditam mesmo que crianças poderão fazer algo contra nós? – continuou Tisífone.

—Já chega de conversa, Megaira, Tisífone! Vamos acabar com eles de uma vez!! – bradou Alecto.

—Sim, sim, já conseguimos a informação que queríamos... E o tempo que precisávamos também. – comentou Raphael.

—Tempo? Do que está falando? – indaga Megaira. Um sorriso debochado vindo de Serena faz com que as atenções das Erínias se voltem para ela.

—“Deusas Veneradas”? Faça-me um favor... “Grandes retardadas”, isso sim. Ainda não olharam à sua volta?

Só então as três Erínias se dão conta. Havendo abandonado a enorme fila dos mortos, vários zumbis se encontravam circundando as três deusas.

—Mas o que é isso? – pergunta Tisífone, espantada.

—Eu os chamei aqui com o meu Cosmo... – explica Serena – Esses são aqueles sobre os quais vocês aplicaram sua “justiça divina”. – continua ela, fazendo aspas com os dedos e falando em tom de ironia.

—As pessoas que nós assassinamos nos últimos dias?

—A luta começa agora! – Serena ergue o braço e estala os dedos. Todos os mortos se transformam em seguida em cópias exatas de Raphael e Serena. Vários Linces e Erídanos circundavam as três Deusas da Vingança.

—É uma ilusão!

—Saber que é uma ilusão não vai ajudar em nada! – disse Raphael.

Imediatamente, os zumbis transformados passaram a correr randomicamente ao redor das três deusas, sendo controlados pelo Cosmo de Serena. Os dois Cavaleiros verdadeiros também saltaram para dentro daquela ciranda macabra, correndo desordenadamente, confundindo as três deusas. Sem dar tempo pra pensar, Raphael atinge Alecto em cheio. O corpo do Cavaleiro de Lince estava envolto numa energia branca, semelhante à presa de um animal, e envolto nessa energia, ele havia golpeado Alecto com um forte soco nas costas, lançando-a longe.

Colmilho de Prata!

—Alecto! – gritaram as outras duas Erínias, espantadas, enquanto sua irmã caía longe no chão, aparentemente desacordada.

—Quem será a próxima? – perguntou Raphael em tom de ironia, voltando a se juntar à dança fúnebre.

—Está brincando conosco? Coloque-se no seu lugar, humano! – bradou Megaira, erguendo o braço. Um choque de energia, semelhante a ondas sonoras, espalhou-se a partir da mão levantada, e as ilusões se desfizeram. Os mortos voltaram à sua aparência de zumbis, e Raphael havia sido descoberto – Aí está você...

—É claro... Vocês também são mestras em ilusões. Afinal de contas, precisam delas para mascararem seus assassinatos, encobrindo os gritos das vítimas...

—A brincadeira acabou, moleque. Prepare-se para a punição. – ameaçou Tisífone, fazendo então surgir um chicote do fino ar em suas mãos.

—Espere, onde está a outra? – perguntou Megaira, dando pela falta de Serena.

—Aqui atrás. – responde a Amazona. As Erínias se viram para encará-la. Erídano está envolta em uma energia brilhante, de cor branca fosforescente. Ela ergue os braços, e os zumbis parecem também envoltos em Cosmo, mas é uma energia sombria, escura.

—Isso é... miasma?

—Exatamente, Erínia. Miasma, a energia sombria que emana dos cadáveres. Também chamada de Sekishiki na China, a energia do Aglomerado do Presépio de Câncer. Eu posso controlar essa energia, e utilizar os mortos como eu bem quiser.

Raphael havia ganhado uma chance de atacar as Erínias, que estavam no momento concentradas em Serena, mas ele mesmo estava paralisado diante daquele show do terror. O Cosmo de Serena controlava os espíritos dos mortos como marionetes, como uma titeriteira do submundo. Lince agradecia mentalmente por ter essa guerreira ao seu lado.

—Sua... Uma humana metida à senhora da morte? Como ousa!

—Experimentem o poder da morte! Declínio da Sepultura! – com um comando de mãos de Serena, a aura negra envolvendo os mortos foi disparada violentamente como uma rajada na direção das Erínias, a quem rodeavam. O Cosmo negro do miasma então as joga bruscamente para o alto.

—Argh! Que técnica é essa?!

A energia que impulsionava as deusas para cima desaparece. Nesse momento, enquanto caem, seus corpos são envolvidos na sensação da morte. Centenas de espíritos lamuriantes as envolvem enquanto seus corpos despencam a uma grande altura.

—Tsc! Mais uma ilusão! Acham que truques como esses funcionarão para sempre?!

Em pleno ar, Megaira emana novamente uma onda de choque, acabando com a ilusão da morte. Ela e Tisífone então manobram no ar, batendo suas asas, e não chegam a tocar o chão, ficando a alguns centímetros da superfície.

—Droga, não funcionou...

—Cavaleiros insolentes! Pensaram mesmo que as carcereiras do inferno se impressionariam com uma ilusão de morte?!

—Então, eu vou dar a você a verdadeira morte! – Serena eleva seu Cosmo, assim como os zumbis, e todos eles carregam uma esfera de energia negra em suas mãos – Réquiem da Sepultura! – Erídano e os mortos todos disparam as esferas de energia contra Megaira e Tisífone, e uma grande explosão acontece – Eu consegui?

—Serena, cuidado!

A advertência de Raphael chamou a atenção de Serena, que percebeu suas oponentes sobre sua cabeça: elas haviam saltado e desviado do ataque anterior. Tisífone ataca Serena com o que parecia ser um chicote, e Serena salta para trás para não ser atingida. Megaira se dirige a Raphael, com suas mãos transformadas em garras aviadas, e o Cavaleiro também consegue se esquivar.

—Você vai pagar por esses ataques, garota insolente... Chicote Flagelador! – Tisífone movimentava seu chicote velozmente, e este se multiplicava em várias tiras. Serena estava com dificuldades para se desviar daqueles ataques, e tinha que usar os mortos como escudo.

Megaira continuava a tentar atingir Raphael com suas garras, mas o garoto continuava a saltar para longe, procurando abrir distância entre ele e sua oponente.

Flechas do Lince! – Raphael moveu seus braços, e uma infinidade de flechas de vento foram disparadas na direção de Megaira, que facilmente as dispersou com o Cosmo de suas garras – O quê?

—Pelo que percebi, você é um lutador de média distância, que ataca com essas técnicas de vento... Então! – Megaira bruscamente aumenta sua velocidade, aparecendo instantaneamente à frente de Raphael – Garra da Penitência! – a Erínia disfere um poderoso ataque direto contra o Lince. No entanto, para sua surpresa, o Cavaleiro consegue bloquear o ataque facilmente, com seus punhos envoltos em chamas – Mas o que é isso?

—Eu não sou só um expert em batalhas de média distância... Eu sou um bom lutador à curta distância também! Presas de Fogo! – Raphael inverte a situação anterior, passando a tentar socar Megaira com seus punhos em chamas. A Erínia começa também a revidar, e os adversários trocam socos e chutes, tendo todos os seus ataques bloqueados numa disputa equilibrada.

—Maldição... – pragueja Megaira.

—Vocês não parecem tão ameaçadoras... Parece que não costumam entrar em combate, não é?! – Raphael tenta um golpe mais forte, e apesar de Megaira conseguir defendê-lo, é arrastada alguns metros para trás.

Tisífone continuava a tentar golpear Serena, mas a garota conseguia se defender muito bem utilizando as almas como escudo.

—Não consegue nem mesmo atravessar uma parede de mortos? Que espécie de deusas são vocês? – debocha a Amazona.

—Ora, sua... Megaira! – grita a Erínia, chamando pela irmã, que se aproxima após sua luta de socos contra Raphael – Ensine a esses Cavaleiros uma lição!

—Muito bem, Tisífone... A brincadeira acabou! Receberão seu castigo! Ópera Infernal!

Megaira encheu os pulmões de ar, e então, lançou um grito ensurdecedor. Não havia como se defender daquela técnica, e os dois Cavaleiros caíram no chão de joelhos, gritando de dor, tentando em vão tapar os ouvidos para se livrar daquele barulho.

“Então, é por isso que aqueles assassinados por ela tinham os ouvidos destruídos?!”

—Muito bem, Megaira... Vou castigá-los agora. – anunciou Tisífone, imune ao golpe da irmã – Chicote Flagelador!

A Erínia moveu o chicote contra Raphael, que no último segundo, conseguiu se esquivar, saltando para trás. No entanto, o barulho ensurdecedor continuava, e ele logo perdeu a postura de batalha.

—É inútil. Não poderá continuar se movendo dentro da técnica de Megaira. Não é mesmo, garota? – Tisífone atacou novamente, com seu chicote multiplicado em várias tiras. Inúmeros chicotes atingiram Serena, que foi derrubada ao chão.

—Serena! – gritou Raphael, quase sem escutar o som da própria voz. Megaira então parou de gritar, e os dois Cavaleiros se sentiram aliviados, até descobrirem que não conseguiam mover um único músculo.

—Vejam só o estado de vocês... Paralisados como presas diante de um caçador... Dignos de pena, Cavaleiros de Atena...

—Não adianta falar com eles, Tisífone. Não podem ouvir uma palavra do que estamos dizendo.

De fato, a audição de Raphael e Serena estava completamente abafada. As vozes das deusas eram apenas ruídos secos, sem sentido.

—Minha Ópera Infernal ataca diretamente o seu sistema nervoso, impedindo você de realizar qualquer movimento. Uma técnica muito conveniente para uma assassina, não concordam, Cavaleiros? – terminando a sua explicação, Megaira ergueu as duas mãos, com as garras afiadas em seus dedos – Garra da Penitência. Está na hora de vocês sentirem o que aqueles infelizes sentiram quando tiveram seus órgãos arrancados.

—Acha que vai ser tão fácil assim? – perguntou Serena. Apesar de não escutar, podia ler os lábios da deusa.

—Você sequer pode se mover, querida. O que pode fazer?! – enquanto dizia a última frase, Megaira golpeou Serena com suas garras, abrindo fendas no peitoral da Armadura e ferindo a Amazona.

—Vocês humanos deviam entender que não passam de brinquedos nas mãos dos deuses. Aprendam qual é o seu lugar! – Tisífone então passou a golpear o corpo de Raphael com seu chicote, multiplicado em diversas tiras, causando danos na Armadura e no corpo do Cavaleiro indefeso.

—Tisífone... Megaira... Deixe-me brincar um pouco também. – falou Alecto, aproximando-se.

—Oh, irmã... Ainda está viva?

—Cale-se, Megaira! Achou mesmo que eu poderia morrer daquela forma, com o golpe de um simples Cavaleiro de Atena? – a Erínia se virou para os dois Cavaleiros, que estavam inertes no chão. Tisífone e Megaira se afastaram, sorrindo – Atacando por trás e me atingindo... Vou fazer vocês pagarem por essa humilhação! – as mãos de Alecto foram mergulhadas em chamas – Tocha Infernal!

A Erínia Implacável golpeou velozmente o Cavaleiro de Lince caído, danificando bastante seu Traje, e também provocando queimaduras em seu corpo. Não eram ferimentos profundos, no entanto: Alecto parecia querer ver o jovem sofrendo bastante antes de matá-lo.

Serena observava aquela atrocidade com temor. Não porque provavelmente seria a próxima, mas porque aquele que foi o primeiro a lhe tratar gentilmente à primeira vista, estava agora sendo torturado cruelmente. Com os olhos cheios de lágrimas e o coração cheio de fúria, a Amazona gritou ferozmente.

—Já chega! Pare com isso agora!

A Erínia parou de golpear enquanto virava o rosto lentamente na direção de Erídano, com um sorriso maléfico no rosto.

—E o que você pretende fazer? Sequer pode se mover, não é?

—Não preciso me mover para lutar. – respondeu ela, com o sorriso debochado de volta ao seu rosto.

Alecto estranhou, mas logo entendeu quando ouviu o grito de suas irmãs às suas costas. As duas, que estavam apenas observando a tortura que sua irmã aplicava ao Lince, haviam sido agarradas por dois zumbis cada uma, e outros dois rapidamente avançaram contra a Implacável, imobilizando-a e puxando-a para longe de Raphael.

—Maldita, ainda consegue controlar os mortos? – perguntou Tisífone, tentando se libertar.

—Eu posso controlar as almas com meu Cosmo... E também posso utilizar técnicas com elas. Não é como se eu precisasse lutar diretamente. Inclusive... Há uma técnica dos Cavaleiros das Almas que permite usar os espíritos dos mortos como pólvora, para provocar grandes explosões.

—O que disse?! – exclamou Megaira, espantada.

Presépio: Funeral das Almas! – ao comando de Serena, aqueles espíritos que se encontravam agarrados às Erínias consumiram a energia de sua alma para causar uma explosão. As três deusas foram arremessadas longe, com suas Sobrepelizes trincadas.

—Incrível, Serena... – parabenizou Raphael, com um sorriso. No entanto, ele arfava pesadamente, ainda sentindo dores terríveis. Serena sentiu pena do companheiro, mas logo refreou esse sentimento. Não devia sentir pena de um companheiro de batalha, devia ajudá-lo a se erguer, para que pudessem continuar combatendo em nome da justiça.

—Levante-se, Raphael. – ordenou a Amazona. Ela própria tentava mover seus membros, e se erguia lentamente, envolvida pela luz branca fosforescente de seu Cosmo.

—Mas como? Meu corpo está completamente paralisado...

—Não, Raphael. Você não tem corpo. Somos apenas espíritos nesse mundo, lembra? – um estalo veio à mente de Lince. Ele havia se esquecido completamente daquilo. A dor, os golpes que estava recebendo, não estavam atingindo seu corpo – Toda essa dor, esse efeito de paralisia, a surdez... Tudo isso está te afetando porque sua alma não está completamente desligada de seu corpo ainda. É isso que te mantém vivo e consciente, mas também pode ser inconveniente desse jeito...

—Mas então...

—Esqueça seu corpo. Esqueça que tem um corpo físico. – Serena já se levantava. Sentia o “corpo” dormente, mas já havia recuperado seus movimentos – Queime seu Cosmo. Não é explodindo a nossa energia interior que nós conseguimos superar os limites do corpo humano?

—He he... Tem razão... – o Cosmo prateado de Raphael o envolveu, e enquanto ele se elevava, o rapaz ia adquirindo seus movimentos novamente.

—Malditos humanos... – praguejou Megaira, levantando-se, machucada – Continuam a se rebelar contra os deuses, mesmo sendo seres inferiores?!

—Deuses o caramba! – respondeu Serena – Vocês são três criaturas ridículas, que nunca lutaram contra ninguém desde os tempos mitológicos, apenas torturando almas indefesas! Nós humanos, estamos lutando desde a nossa existência! Lutando para sobreviver! Lutando por nossos objetivos! Lutando para ajudar os outros!

—Não tem essa... de diferença entre “deus” e “humano” no campo de batalha... – completou Raphael – No final das contas, o que define o vencedor é quem tem o Cosmo mais forte!

—E, permitam-se dizer, se vocês ficaram tão abaladas com o Funeral das Almas feito com a explosão de apenas dois espíritos, seus Cosmos estão muito enferrujados. – provocou a Amazona.

—Que insolência!

—Raphael, eu vou atacar para te dar uma abertura. Finalize-as com o seu golpe de fogo mais poderoso.

—Entendido.

—Já chega de brincadeira! – gritou Alecto.

—Sentirão na pele a fúria das Erínias, as Deusas Veneradas! – ameaçou Tisífone.

—Apagaremos a existência das suas almas nesse momento! – completou Megaira.

As três foram envolvidas num Cosmo escuro, arroxeado, que criou a imagem de uma horrenda criatura infernal: corpo feminino, cabelos de serpente, asas de morcego: a própria representação das Erínias na mitologia.

Investida Infernal das Fúrias! – exclamaram as três, lançando seu Cosmo na forma daquela projeção.

—Sintam o ódio de todos aqueles que vocês mataram! Presépio: Desejo dos Espíritos! – elevando seu Cosmo, Serena converteu a força de todos os seus espíritos restantes em energia, e a disparou na forma de poderosas rajadas de luz. Essas rajadas dispersaram a técnica das Erínias e as atingiu, deixando-as feridas e desequilibradas – Agora, Raphael!

—Deixe comigo! – Raphael elevou seu Cosmo, que passou do tom prateado para o carmesim, gerando poderosas chamas. Então, a forma de um lince gigante feito de fogo apareceu às suas costas, e Raphael avançou com grande velocidade na direção das Erínias, com o gato gigante o seguindo no trajeto – Garra Reluzente do Inferno! – Raphael atravessou as Erínias com seu ataque, despedaçando o restante de suas Sobrepelizes e as carbonizando com suas chamas. Quando a técnica se desfez, não havia nem sinal das três mulheres.

Raphael continuou parado na posição de seu ataque, com o punho esquerdo apontado para a frente, respirando pesadamente. Ele desfaz essa postura para olhar para trás, e ele encontra Serena caminhando em sua direção com um sorriso no rosto.

—Conseguimos, não é? – pergunta Raphael, retoricamente.

—Sim... Bom, vamos voltar? – Serena estende a mão para o parceiro, que, sorrindo, a toca. Os dois são envolvidos por uma luz branca, e suas almas deixam aquela dimensão.



Um segundo depois, os dois jovens acordam, ainda sentados naquele mesmo banco de praça. Os dois se olham e sorriem, comemorando uma vitória, mas Serena se sente desconfortável. Olhando em volta, ela vê algumas pessoas passando em volta com sorrisos no rosto, encarando os dois Cavaleiros. E ela logo se dá conta do porquê: naquela posição (os dois estavam apoiados um no outro), Serena e Raphael pareciam dois namorados que haviam cochilado juntos num banco de praça. A garota se levanta bruscamente, deixando Raphael confuso.

—Muito bem, muito bem... – começou ela, tentando disfarçar o nervosismo – Você está inteiro?

—Ainda um pouco surdo, mas no geral, sim. – respondeu Raphael.

—Então, vamos andando. Temos que achar um hotel pra ficarmos, e amanhã cedo nós voltaremos ao Santuário.

Serena saiu caminhando apressada, e Raphael logo se levantou e andou atrás dela. A garota ainda estava se perguntando porque ficava tão abalada perto daquele rapaz. O garoto não podia deixar de pensar no quando aquela menina era interessante.

Editado por Mammon de Avaritia
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Um capítulo muito intensivo recheado de ação numa vantagem numérica contra dois guerreiros de Bronze.

 

A razão de uma outra divindade ter tomado o reino de Hades, não parecia tão bem aceitável para a maioria dos Espectros, principalmente aquelas três agiram por conta própria atuando desde o tempo da era antiga.

 

Excelente capítulo com um toque romântico.

 

Que venha o próximo.

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  • 3 semanas depois...

Greed seu chato, fica dando spoiler no Skype mostrando o quanto o capítulo tá bom e ainda demora pra postar (e quando posta eu demoro pra ler e a preguiça faz eu demorar a comentar, mas "sacómé né" XD). Serena *O* Por que sempre que eu me apego a uma personagem feminina de suas fics se "compromete" ela maldito e.e Curti o capítulo, as cenas de ação foram muito bem trabalhadas, gostei de Lince e Erídano (duh XD), só posso pedir por mais.

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