GFernandes 7.053 Postado Janeiro 22, 2016 Compartilhar Postado Janeiro 22, 2016 Olá galera! Esse tópico serve para que sejam postadas entrevistas em geral de produtores, mangakás, enfim, qualquer pessoa influente no universo Saint Seiya. De preferência vamos postá-las em Português, pois facilita a leitura tanto para nós, quanto para os visitantes que frequentam nosso fórum. Caso encontre alguma entrevista que desejem a tradução, fiquem a vontade para me pedirem que quando tiver um tempo livre, irei fazê-lo. Se quiserem postar entrevistas por aqui já traduzidas sintam-se livres para isso também. Aqui é um espaço onde compilaremos tudo que for relacionado a entrevistas para facilitar a busca e também para que possamos entender e desfrutar ainda mais de informações raras e inéditas do universo da franquia. Estrearei o tópico com a tradução de uma entrevista do Kurumada para a revista June (daí vem o nome da Amazona de Camaleão) em 1987. Nela vemos detalhes acerca da vida pessoal de Masami e também detalhes sobre o motivo de Natassia morrer, a ideia que tinha para o Grande Mestre, sua opinião a respeito dos episódios fillers do anime entre muitas outras curiosidades! Entrevista do Kurumada para a revista June de 1987. Saint Seiya foi adaptado a anime. É a primeira obra do mestre Kurumada a ser animada, o que pensa a respeito?R: Obviamente estou muito feliz. Quanto as minhas obras, era genial que os leitores desejassem uma animação delas desde Ring ni Kakero. Havia conseguido uma boa colocação na revista Anime Magazine na enquete "O top 10 de mangás que querem que sejam animados"... Supostamente havia conseguido o primeiro aval ali, mas sem um bom patrocinador não iria haver animação. Nesse caso, tive uma conversa com um diretor da Bandai que me disse que desejava tornar as Armaduras em Figures. A intenção dos senhores da Bandai era forte. As conversas sobre anime começaram aproximadamente seis meses depois do início da publicação do mangá. Me parece que foi algo muito rápido. O primeiro volume saiu a venda e imediatamente é animado. R: Na verdade as conversas começaram em junho, aproximadamente, antes do primeiro volume ir as bancas. A história ainda não havia se consolidado. Somente se passou meio ano e não sabia o que iria acontecer... (risos). Em aproximadamente três meses fizeram terrivelmente rápido os desenhos e, além de tudo, o roteiro. Por causa disso que o anime alcançou a história original rapidamente... O que estão fazendo nesse momento são episódios completamente originais, mas isso é algo que eu gostaria que não fizessem. Mas e o outro lado da moeda?R: Hum. Sim, esses episódios originais não tem o mesmo "sabor" que a história original, os telespectadores nunca procuraram o mangá... Ou seja, eles querem ver algo que não conhecem. Os que leem o mangá se perguntarão como determinada cena será adaptada... Mas se lhes trouxerem uma história diferente, eles com certeza se perguntarão: "O que é isso?"Na mesma Shounen Jump #13, você escreveu algo sobre o Misty finalmente aparecer, isso significa que vão abordar o arco dos Cavaleiros de Prata?R: Isso mesmo. Como a história do anime alcançou a do mangá, estão produzindo neste exato momento episódios originais, mas em seguida irão abordar sim essa fase. Embora infelizmente seja insuficiente no momento (risos). Depois de tudo, as pessoas encarregadas do anime trabalharam muito rapidamente e isso faz com que trabalhemos todos ao mesmo tempo. Eu não concordo muito com isso. A princípio, quero dizer, quando desejou planejar o mangá de Saint Seiya, qual era sua intenção? R: Como primeira intenção, não pensei em nada específico. Pensava que não sairia algo bom a menos que fizesse uma história grandiosa. Eu anteriormente estava desenhando Otoko Zaka, mas esta obra não foi genial o suficiente para se tornar um sucesso. Especialmente agora, na Shonen Jump há muitas obras geniais que foram adaptadas para anime... Ter acabado aquele mangá antes dos trinta capítulos foi um bom estímulo. Não mudei desde os velhos tempos o meu modo de fazer as coisas, exceto com os "uniformes escolares", já que agora uso o conceito das Armaduras, somando isso com as técnicas especiais que em minhas antigas obras não se encaixavam... Pensei que seria importante chamá-las de um modo mais moderno, por isso escolhi o termo "Armadura". Isso não é exatamente uma ficção científica? R: Não mesmo. Não sei como cada um irá interpretar. Frequentemente o chamam de "mangá de ficção científica de Kurumada", mas isso é totalmente incorreto. Creio que os leitores realmente irão compreender que não se trata de um mangá de ficção científica. É o que eu chamaria de "mangá Nekketsu" (Sangue Quente). Sinto que é um mangá Nekketsu com um toque "fashion". Nessa oportunidade, Saint Seiya parecia um pouco difícil de entender no começo. Em um outro dia, quando me reuni com o diretor da revista Newtype, falamos um pouco sobre isso. Ele no começo pensou que se tratava de um mangá de ficção científica com objetos caindo do espaço (referência a cena de Seiya caindo dos céus no primeiro capítulo). Agora alguns leitores finalmente conseguiram entender a maior parte do enredo. Em uma dessas oportunidades procurei fazer um capítulo one-shot, mostrando o passado de um dos Cavaleiros, Ikki. Isso ainda é uma parte que se desconhece bastante, então penso que deveria mostrar mais do passado dos protagonistas. As vidas de Shiryu e os outros em seus locais de treinamento foram mostradas de certa forma, mas a de Shun não foi mostrada completamente. R: Isso mesmo. Estava me referindo a ele também. 90 pessoas dentre 100 desapareceram, mas isso não significa que morreram. Entre eles se encontra Shun, um homem aparentemente frágil e pacífico, então como ele se tornou forte e sobreviveu? No entanto, os leitores ainda pensam que ele não se tornou poderoso. Quero dizer, eles acham que Shun não consegue vencer seus oponentes sem o auxílio das Correntes de Andrômeda. Há pessoas que possuem uma interpretação interessante sobre isso. Todos os outros podem derrotar seus inimigos com seus punhos, ou seja, com alguma técnica especial. Mas Andrômeda apenas usa suas correntes. Em outras palavras, o consideram 'afeminado' por usar uma arma. Você não estava muito a par disso... R: Hum. Isso é porque adaptei as técnicas de cada um com base em suas constelações. Shiryu é da constelação de Dragão, logo sua técnica é um dragão que ascende aos céus. É uma técnica relacionada a sua constelação. No caso de Hyoga, me baseei no Pó de Diamante do Pólo Norte. Havia escutado na rádio que por lá faz tanto frio que é possível ver cristais de gelo caindo dos céus. Portanto, no caso de Andrômeda, devido ao fato da princesa homônima ter sido acorrentada nas épocas mitológicas, sua técnica acaba tendo relação com as correntes, certo? Você tentou encaixar seus personagens nas constelações primeiro ou escolheu as constelações e depois pensou nos personagens? R: Hum, acho que pensei nas constelações primeiro. Das 88 constelações não há muitas que podem ser utilizadas, como por exemplo, a de Microscópio (risos). Ou a constelação de Taça. (Risos). R: Portanto, primeiro foquei nas constelações que iria usar e, entre elas, quais poderiam encaixar nos personagens. As características de cada personagem foram criadas desde o começo? R: Não, absolutamente nada. E apesar disso, foi capaz de seguir em frente? R: Sim. É assim que costumo trabalhar geralmente. Já decidiu qual será o final? R: Não, o final não foi decidido ainda. (Risos).Em vez de fazer no último instante, há várias maneiras de ir decidindo como será o final. R: Sim, existem pessoas que trabalham assim, mas no meu caso é mais parecido como "A próxima semana está oculta..." (Risos).Isso é algo intenso. O pai das cem crianças é a mesma pessoa? R: Com relação a isso, tudo está se desenvolvendo ainda... Então prefiro não dizer muito. (Risos). Entendo. Surpreendeu a todos nós com isso. R: Muito pelo contrário, isso se tornou um problema. Como ele foi capaz de procriar cem filhos de uma só vez com essa idade tão avançada? (Risos). Todos os filhos possuem a mesma idade. R: Isso, portanto, como faço isso de forma fácil para que as crianças entendam? Zeus na mitologia se transformou em um cisne branco e teve encontros com diversas mulheres por todo o planeta. No começo, entre o segundo e terceiro capítulo, pensei em deixar esclarecido que ele era uma pessoa rica... No entanto, não posso mostrar em uma revista shonen todas as suas concumbinas. Mas penso que de alguma forma muitas mulheres o amaram mesmo (risos). Portanto, se a mãe de Hyoga ainda estivesse viva, seria inevitável que esse garoto cresceria malcriado. Então, para romper com esses sentimentos, melhor dizendo, com sua parte feminina, é que ela ficou no barco para morrer. Esse é um dos vários detalhes que não se sabe. Tenho muitas coisas a mostrar. Não sei o que ocorrerá no futuro, porque procedendo dessa forma, as ideias novas começam a surgir na minha mente e posso ir selecionando-as a medida que vou avançando... As ideias, sem dúvida, acompanham uma história de batalhas. O que ocorreu com Shun na Ilha de Andrômeda? Ou quando Shiryu chegou a China, como foi seu encontro com o velho mestre? Há várias histórias que podem surgir disso. Sem dúvida, imagino que teria sucesso. Esse tipo de histórias não é fácil de acrescentar em 19 páginas, porque então não haveriam lutas... Portanto, sem dúvida alguma, há muitas partes sem avançar. Para que seja fácil de entender, a melhor maneira de contar a história do Ikki seria se saísse em um one-shot, como realmente aconteceu. Penso que a maioria entendeu o passado do Ikki ao ler esse one-shot. Isso mesmo. R: No entanto, não foi fácil fazer esse capítulo porque mostra porque Ikki mudou naquele lugar. Em uma revista shonen não se pode mostrar muita brutalidade. Bem, foi algo assim que ocorreu no filme Deer Hunter, onde uns soldados que foram ao Vietnã retornam para suas casas totalmente mudados. Portanto, apesar de todo o tempo transcorrido, Ikki pode se salvar porque seus sentimentos mais profundos não foram modificados. Mas isso não me serve de nada se não tenho páginas suficientes para desenvolver isso em uma revista shonen. Também no caso de Mitsumasa Kido, que na realidade é uma boa pessoa. Se eles não se atrevessem a mudar por si mesmos o mal em seu interior, não poderiam fazer nada em prol da justiça e nem Seiya, ou Shiryu, ou ninguém teria que lutar. Ah, mas não foi assim que as coisas aconteceram. E isso não seria adequado. Certo? R: Isso mesmo. Portanto, nesse sentido, um ano depois sigo criando essas características, ou bases, que vão se consolidando pouco a pouco. Mas como disse a um tempo, o anime chegou em um momento em que a história não estava consolidada em quase nada. Isso foi porque criaram um roteiro incrivelmente rápido. Agora que a história alcançou o mangá, o pessoal da Toei parece estar sofrendo. Quando se alcança o mangá, eles fazem coisas originais para não interferir na obra original. Mas como a história original explica as coisas posteriormente, semana após semana eles incluem coisas surpreendentes e eu penso "Ah, eles eram irmãos!" (Risos)... Por outro lado, eles parecem preocupados com o Grande Mestre. No anime, o antigo Grande Mestre faleceu, mas seu irmão menor o sucedeu. Isso é uma diferença com a obra original. Lá o antigo Grande Mestre continua vivo e atua como "Jekyll e Hyde". Quero dizer, como mencionei a um tempo, se trata de uma pessoa malvada que não pode ser salva. Ele parece se transformar em uma pessoa completamente diferente em termos emocionais, como Anthony Perkins em Psycho que tinha um lado bom e ruim igual em Jekyll e Hyde. Não é exatamente alguém que deseja eliminar todos. E, se fizesse com que o Grande Mestre fosse de Gêmeos, a Armadura de Ouro deveria possuir dois lados, um Deus e um Demônio... Penso que deveria ter na parte de trás e na frente dessa Armadura um anjo e um demônio, como se estivéssemos nos deparando com a figura de um Asura. Além do mais, existem doze Armaduras de Ouro. Assim como entre os 12 apóstolos de Cristo também existia um décimo-terceiro integrante, entre os doze Cavaleiros de Ouro, ele seria uma pessoa ressentida que odeia a Deusa! É um traidor e de fato acredito que ele possa vir a ser o Grande Mestre. Tenho muitas ideias, como faço para escolher uma? Ao contrário, resulta em um problema que tem muitas possibilidades de resolução. Um exemplo comum é o de Ring ni Kakero, as características desse mangá eram voltadas ao boxe e a um ringue. Ou seja, era mais simples nesse sentido...R: No entanto, não estão limitados de forma diferente. Apesar das batalhas transcorrerem em um ringue, dei uma expansão ao incluir elementos como a mitologia e a história de Cristo. Recolhi alguns dados, suficientes para desenhar um mangá de boxe, como por exemplo a "Lei da Queda dos Corpos de Galileu" (Risos). No começo eu colocava capítulos como "Fighting Harada" indo beber água em um bebedouro após um esgotante treino de boxe, quando na realidade não se pode beber água. Mais tarde inclui mitologia grega e as leis do movimento, entre outras coisas. Mas por um tempo praticamente não houve elementos como esses porque entrei no campo das "super batalhas" na metade. Então essa história de pobreza com caráter Nekketsu havia sido mostrada antes em Ring ni Kakero do que em Saint Seiya. (Risos). Essa parte começou com golpes, você sente que começou com as super batalhas de um momento para o outro? R: Isso. Senti que devia continuar apenas com as partes "deliciosas" tanto em Ring ni Kakero como em Fuuma no Kojiro. Além das raízes relacionadas ao desporto, em Ring ni Kakero também tínhamos coisas como os "lamentos" de mamãe e papai. De fato, tinha uma grande influência da essência dos mangás da época antiga, como Ganbare Genki ou Kyojin no Hoshi. Sinto que introduzi um universo único, que mudou a partir de aproximadamente um pouco antes de chegar a metade. Até então, o tema do boxe era utilizado para mostrar mais a fundo a vida dessas pessoas. Isso também significava que quando subiam ao ringue, a cena de combate obtinha maior importância se existisse essa classe de aprofundamento... Se você tivesse mostrado as cenas de luta diretamente, agora, contrariamente, as estaríamos vendo como um jogo. Isso se tornou em algo assim como lutar por lutar, em vez de fazê-lo por algo mais...R: Aparentemente. Mas você sabe, os fãs não me seguiam quando lhes mostrava essas ideias iniciais. A batalha começa com um "paaam" que o derruba, mas é possível incluir algumas coisas no meio, para que os leitores entendam melhor. Agora ele se recupera, fecha o punho e diz: "Ah, esta é a razão pela qual não me derrotará!" e então aparece um flashback no meio da batalha. Dessa maneira há uma sensação de rapidez e assim os leitores podem apreciar as partes "deliciosas"... É como se fosse um pastel que está comendo e de repente "baaash!", um pouco de creme é jogado em cima. (Risos). Quando um sempre come pastel, acaba cansando. (Risos). R: Isso mesmo. Existem partes como essas, inclusive as canções. Como quando escuta a abertura e de repente entra o "booom" da melhor parte. Essa classe de sensações são necessárias. Em uma obra em que faltam golpes e com elementos repetitivos, a história não avançará bem. Realmente seria bom poder comer a mesma quantidade de pastel e creme, mas isso parece totalmente impossível com o limite de 19 páginas, não é?R: Devido a já haver outros mangás violentos, particularmente na Jump, se eu fizer de forma moderada, seria horrivelmente enfadonho. Apesar de não haver tantas trocas de golpes como nas outras revistas, poderia achá-lo enfadonho se o comparar com outras 10 publicações da Jump. Depois de tudo, essa pressão é muito grande, não é? R: Isso mesmo. Devido a Shonen Jump ser uma revista comercial muito prestigiada, os mangás sem popularidade ocupam uma posição na qual nem parecem ser mangás. E mais, se não conseguir popularidade, irá se sentir um lixo (Risos). Portanto, se não conseguir popularidade, desenhar não será divertido, não é? Por assim dizer, a nós era apreciável desenhar mangás desde antes de chamarmos isso de trabalho. Então quando os leitores ignoram um mangá, este não tem popularidade e portanto não serve... Uma obra que não satisfaz ninguém além de si mesmo, não é boa, depois de tudo. Portanto, seja um mangá, uma novela ou revista, só poderão existir se houver o apoio dos leitores. Depois de tudo, ter 4.5 milhões de leitores não é mal (Risos). 10 mil não satisfazem, tampouco 100 mil leitores. Logo 4.5 milhões de leitores não lhe satisfarão também. R: Sim, é exatamente assim. O mestre Kurumada não diz "mangaká" (artista de mangá) e sim "manga-ya" (vendedor de mangá). Qual o motivo disso? R: São poucos aqueles que se pode chamar de artista, por exemplo, o mestre Tetsuya Chiba, ou Osamu Tezuka. Creio que são apenas umas 10 ou 20 pessoas, não é? Soaria gracioso se eu dissesse que estou tirando vantagem do mundo dos mangás hoje em dia, mas os leitores são capazes de entender as onomatopeias que desenho, então estou longe de ser um amador. Especialmente na Shonen Jump, porque lá eu comecei sendo um amador. Enérgico é o poder de um amador...R: Isso. Mas porque os experientes são superados pelos amadores? Provavelmente porque pessoas experientes esquecem como um mangá deve ser realmente. A definição número 1 de um mangá é a diversão. Sem importar quantas coisas legais desenhem para as crianças... Se poderia dizer que é divertido, então elas se põem a ler... Eles mesmos podem se transformar em heróis se estiverem imersos nesse universo durante dois ou três minutos... Seria como um sonho momentâneo. Inclusive eles odeiam ter que ir ao colégio porque sofrem bullying, então podem imergir em outro universo como o de Saint Seiya. Dessa maneira eles criam entusiasmo. Na Shonen Jump o público-alvo é principalmente o de meninos do quarto ou quinto ano do primário até o primeiro ou segundo ano do secundário... Apesar de que, na prática, se diz que praticamente não há mulheres entre os fãs do mangá de Kurumada, no final dá pra perceber que suas presenças são notáveis. A verdadeira base de fãs está nos meninos do primário, já que são eles que compram 300 ou 400 mil volumes e votam a favor deles. Depois de tudo, uma mulher de 20 anos não vai mandar um cupom com seu voto (Risos). Sem dúvida, são os meninos do primário que me apoiam. Quando se põem a ler, se sentem identificados com o protagonista e querem se tornar fortes como ele... R: Assim acontecia quando éramos crianças, certo? Com National Kid ou Gekkô Kamen, por exemplo. Utilizávamos uma régua como espada e uma manta como capa...R: Sim. São épocas diferentes, mas as coisas que entusiasmam as crianças são as mesmas. Eu não preciso de críticas para os meus mangás para nada. Penso que hoje em dia há mangás de muitos gêneros, mas as crianças desfrutam do que estou fazendo porque podem fazer com que se entusiasmem, se exaltem e se emocionem. Portanto, se escolhem um mangá em uma revista entusiasta e começam a criticá-lo porque não o entende, apesar de ser popular, sinceramente isso não tem absolutamente sentido algum. Depois de tudo, enquanto as crianças se divertem, os adultos não precisam dizer que estão deixando de acompanhar a cada capítulo. Hoje em dia as crianças só leem coisas divertidas. A Jump desde que se tornou divertida, começou a ser lida por trabalhadores e começou a vender 4.5 milhões de unidades. Mas por outro lado, o que entretém os adultos não é atrativo para as crianças... (Risos). Depois de tudo é preferível que seja fácil de entender. R: Naturalmente. No entanto, penso que até as 3 milhões de cópias sejam vendidas graças ao poder dos mangás somente e acredito que graças aos que foram adaptados para animação é que chega aos 4.5 milhões. Depois de tudo, não foi só um logo de "arale-chan" que o poder do anime tornou-se a propaganda. De qualquer maneira tem que conseguir um rating de 10%, isso seria aproximadamente 10 milhões de telespectadores, assumindo que temos uma população de 100 milhões de indivíduos. Isso é mais impressionante do que as 4.5 milhões de pessoas. Essas 10 milhões de pessoas que conhecem Saint Seiya sem terem lido, se tornaram um grande apoio. Ambos estão relacionados, não é? A série se tornou um popular tema de conversa na escola e não poderás participar das conversas se não as ver. R: Sim. Penso que não devo atormentar os outros com isso. (Risos). No entanto, prefiro que seja dessa maneira, porque isso é bom para os negócios. (Risos). Como por exemplo, pela manhã no colégio irão praticar bullying contigo caso não assista Saint Seiya. (Risos). O que sentia o senhor Kurumada quando criança? Talvez fosse pobre, talvez sonhava em ser rico... (Risos). R: Era pobre, mas agora penso que isso era comum naquela época. Era o típico tempo onde meus pais trabalhavam. Então você brincava sozinho em casa? R: Sim, e também brincava nos parques. É saudável brincar fora de casa. R: E também, naqueles tempos, quando estava no quinto ou sexto ano do primário, estavam na moda aquelas tendas de livros. Então comecei a ler mangás a partir daquele momento. Supostamente, antes disso, creio que quando criança lia coisas como Shonen Jetto ou Billy Pack, mas não tinha intenção alguma de me tornar mangaká. No entanto, fiquei cansado desses estilos de desenhos arredondados. E ai foi a época onde saíram os Gekiga...R: Isso e me identifiquei com sua incrível "frescura"... Nos velhos tempos estava Hidekazu Arikawa, hoje conhecido como Mitsuyoshi Sonoda. Os desenhos dessa pessoa eram incrivelmente avançados para sua época. Ele colocava os detalhes nos rostos. Em Kyojin no Hoshi (outro mangá da época), os personagens não tinham esses detalhes nos rostos, então Mitsuyoshi foi o pioneiro nesse sentido. Logo começaram a imitá-lo... Ou seja, copiá-lo. Mais tarde, o deixei de lado quando entrei no ensino secundário. E antes de fazer a graduação, tive que decidir se iria a universidade ou arrumaria um emprego. No ensino secundário ou no preparatório, em quais clubes participava? R: Em um clube de judô. Praticamente nada a ver com criação de mangás. E sobre a graduação? R: Hum, não tinha muita vontade em me tornar um empregado, mas também não me enxergava me graduando em uma universidade, então pensei em fazer algo que fosse melhor para os outros. Se um está dotado com algo diferente, é melhor fazer o mesmo para outras pessoas. Naquele tempo eu achava que era melhor do que os outros desenhando. Vendo agora, não sou. (Risos). Mas penso que fiz bem em entrar nessa profissão. (Risos). Qual sua nota em arte? R: Acho que era 2 (risos). No preparatório, não frequentava muito essa classe. (Risos). Ah, sério? E o que fazia quando não ia? R: Ia ao clube de Mahjong. (Risos). Era um garoto rebelde... Aliás, nessa época a Jump publicava Otoko Ippiki Gaki Daishô e era um grande sucesso. Posso me dar mal em dizer isso, mas naquela época não havia muita gente experiente na Shonen Jump (Risos). Como disse a um tempo, aquilo parecia feito por um grupo de amadores. Eu sentia que não estava familiarizado com isso. Na primeira vez que desenhei, utilizei uma pluma diretamente. Nessa época se anunciou o prêmio Young Jump, o predecessor do prêmio Hop Step Jump que agora se faz mensalmente e então me inscrevi. Essa era minha oportunidade...O primeiro trabalho que enviou, conseguiu ganhar algum prêmio? R: Não! Eu acreditava que seria publicado imediatamente. (Risos). Pensava que tinha enviado um grande trabalho, então me dirigi ao editorial pois não recebia notícias a respeito. Quando fui, Samurai Giants do mestre Kô Inoue estava começando a ser publicado. Eles estavam muito ocupados e buscavam desesperadamente por ajuda. Quando cheguei lá, casualmente, me encontrei com o senhor Sunami, que era o editor responsável pelo mangá e atual editor chefe da Young Jump. Graças ao destino conheci essa pessoa e assim entrei como assistente para ajudar com Samurai Giants. Isso foi depois de se graduar no preparatório? R: Isso foi aproximadamente em novembro ou dezembro do meu último ano de preparatório. Meus companheiros estavam ocupados fazendo exames de admissão para entrarem em diferentes empregos e isso parecia eu indo a uma prova de trabalho na Shueisha. (Risos). Assim estive ajudando, como assistente, aproximadamente dois anos e meio. E seus pais estavam de acordo? R: Nunca entendi se estavam a favor ou contra, mas eles não sabiam tampouco como ler essa coisa chamada "mangá."Então eles não se sentiam bem de que você pudesse se manter sozinho? R: Bem, eles nunca pediram que os abandonasse. Além do mais, eu tinha quase 18 anos e acredito que poderia fazer o que quisesse. Você seguiu os passos de alguém da sua família? R: Não, na minha família não havia uma tradição ancestral, então ninguém seguia os passos dos seus antepassados. Portanto, não segui os passos de ninguém. (Risos). É que meu pai trabalhava como obreiro de construção e minha mãe em uma pescaria. Por essa razão que eu segui em frente. E enquanto isso você era assistente. R: Isso. Bem, naquele tempo, aquilo me tomava muito tempo, quatro ou cinco dias por semana. Hoje em dia se faz em dois dias, porque o staff é bem mais numeroso. Quantos são? R: Agora geralmente são seis e uma pessoa extra de apoio. Hoje em dia contratamos mulheres também. Elas também são boas nisso. Muitas são fãs desses mangás desde o começo, então se mantém fiel ao estilo. Nenhuma criança veio? R: Vieram, mas eram muito ruins nisso. (Risos). Uma mulher pode aplicar força nos traços? R: Ah, agora que mencionou, sim, os traços delas são um pouco fracos. Nos velhos tempos, você chamava de "Shinwa-Kai" (Associação de Deuses) os assistentes? R: Sim. Aquele humor festivo fazia sentir o vigor da juventude, não parecia que se tratava de um humor amador. Você chamava dessa forma o seu grupo de assistentes ao invés de "produção"? R: Isso. (Risos). No entanto, deixei de fazer isso na época de Otoko Zaka. De alguma forma, eles eram como um exército formado na época de Otoko Zaka, portanto, eram como a Associação de Deuses do Kurumada. Éramos como os Yakuza, não é? (Risos). Entendo. R: Devido a aquela época sermos jovens, não nos viam como um grupo de mangakás comuns e frequentes. Naqueles dias nos enfurecíamos com os programas de Zoom In! Asa!O mestre Kurumada se enfurecia? R: Não, eu não me enfurecia, mas os assistentes sim. (Risos). E dessa maneira as conversas sobre anime iam por água abaixo. (Risos). E quando fez Ring ni Kakero? R: Hum. Eu era muito jovem na época, tinha 24 ou 25 anos. Esse Shinwa do nome "Shinwa-Kai" provém de "Shin no Wa"?R: Correto, era um grupo que parodiava Kurumada. A ideia de "Shinwa-Kai", originalmente, tirei do confronto entre "Akashi-Gumi" (Companhia Akashi) e "Shinwa-Kai" (Associação Shinwa) do filme Jingi Naki Tatakai (Batalhas sem Honra ou Humanidade). Bem, isso é uma referência, mas como a profissão de assistente não era boa, pagavam aproximadamente 5 mil yenes para substituir alguém e 20 mil yenes por semana. Realmente não dava para comer, já que custava 8 mil yenes. Então inevitavelmente tive que arrumar um emprego de meio período limpando prédios e enquanto isso, o tempo livre que me restava, ia desenhando minhas próprias obras. Portanto, quando tinha 20 anos, comecei com Sukeban Arashi. Embora realmente eu não fosse um Sukeban (líder de grupo) em nada. Simplesmente eu queria desenhar uma obra como Otoko Ippiki Gaki Daishô, na qual o protagonista era homem. Estava pensando em vender a ideia a pessoa encarregada do departamento editorial, mas se eu colocasse um nome, esta não deixaria de ser uma história comum e corrente. Em troca, se fizesse uma menina que mostrasse um pouco de sua roupa íntima, isso daria um "plus". A mim não gostava a ideia de mostrar sua roupa íntima, então não queria fazê-lo. Mas era a única alternativa para que pudesse finalmente ir a cena, então fiz uma garota assim. Odiava ter que desenhar isso em seu mangá, mas você gosta de ver essas coisas? R: Claro que eu gosto de ver essas coisas! (Risos). A cor dos meus olhos mudam quando eu vejo! (Risos). Simplesmente não gosto de ver em mangás. Quando alguém quer desenhar um mangá, geralmente cria um universo cheio de brutalidade e homens poderosos, somente. A você lhe agrada a maneira que isso é feito? R: Depois de tudo, os jovens querem desenhar obras entusiasmáticas e apaixonantes. Mas não quero desenhar garotas submissas, nuas ou mostrando suas roupas íntimas a eles. Prefiro fazer coisas empolgantes. E depois de ler um acaba ficando cheio de energia. R: Sim. É como se não soubesse de onde vêm tanta energia. (Risos). Ah, eu gosto dessa pessoa. (Se refere ao artigo de "Buscando John Lone" da June #33). John Lone?R: Sim, eu o vi em Year of the Dragon. Seu personagem era dessa classe que gosta de auto destruição. R: Penso que teria sido mais interessante se no filme houvesse um maior protagonismo. No filme se aproximaram mais de Mickey Rourke. R: É que o foco estava sobre Mickey Rourke para mostrar esse sentimento de rivalidade moderna Americana, "bang bang bang". Penso que teria sido mais refrescante se tivessem incluído cenas onde John Lone tivesse maior participação. Fonte: http://saint-seiya-next-dimension.jimdo.com/entrevistas/june-34-1987/ Citar Link para o post Compartilhar em outros sites
Guinho de Libra 199 Postado Janeiro 23, 2016 Compartilhar Postado Janeiro 23, 2016 Legal inaugurar esse topico GF. Aqui temos 7 entrevistas de Kurumada pra diversos sites:http://kurumadalegends.blogspot.com.br/2015/12/entrevistas-de-masami-kurumada-20002006.html E tem mais duas de Kuru, duas de Shiori e 3 de Shingo Araki aqui:http://kurumadalegends.blogspot.com.br/2015/12/mais-entrevistas-shingo-araki-shiori.html Boa leitura a todos... Citar Link para o post Compartilhar em outros sites
marishiten 17 Postado Janeiro 23, 2016 Compartilhar Postado Janeiro 23, 2016 Olá galera! Esse tópico serve para que sejam postadas entrevistas em geral de produtores, mangakás, enfim, qualquer pessoa influente no universo Saint Seiya. De preferência vamos postá-las em Português, pois facilita a leitura tanto para nós, quanto para os visitantes que frequentam nosso fórum. Caso encontre alguma entrevista que desejem a tradução, fiquem a vontade para me pedirem que quando tiver um tempo livre, irei fazê-lo. Se quiserem postar entrevistas por aqui já traduzidas sintam-se livres para isso também. Aqui é um espaço onde compilaremos tudo que for relacionado a entrevistas para facilitar a busca e também para que possamos entender e desfrutar ainda mais de informações raras e inéditas do universo da franquia. Estrearei o tópico com a tradução de uma entrevista do Kurumada para a revista June (daí vem o nome da Amazona de Camaleão) em 1987. Nela vemos detalhes acerca da vida pessoal de Masami e também detalhes sobre o motivo de Natassia morrer, a ideia que tinha para o Grande Mestre, sua opinião a respeito dos episódios fillers do anime entre muitas outras curiosidades! Entrevista do Kurumada para a revista June de 1987. Saint Seiya foi adaptado a anime. É a primeira obra do mestre Kurumada a ser animada, o que pensa a respeito? R: Obviamente estou muito feliz. Quanto as minhas obras, era genial que os leitores desejassem uma animação delas desde Ring ni Kakero. Havia conseguido uma boa colocação na revista Anime Magazine na enquete "O top 10 de mangás que querem que sejam animados"... Supostamente havia conseguido o primeiro aval ali, mas sem um bom patrocinador não iria haver animação. Nesse caso, tive uma conversa com um diretor da Bandai que me disse que desejava tornar as Armaduras em Figures. A intenção dos senhores da Bandai era forte. As conversas sobre anime começaram aproximadamente seis meses depois do início da publicação do mangá. Me parece que foi algo muito rápido. O primeiro volume saiu a venda e imediatamente é animado. R: Na verdade as conversas começaram em junho, aproximadamente, antes do primeiro volume ir as bancas. A história ainda não havia se consolidado. Somente se passou meio ano e não sabia o que iria acontecer... (risos). Em aproximadamente três meses fizeram terrivelmente rápido os desenhos e, além de tudo, o roteiro. Por causa disso que o anime alcançou a história original rapidamente... O que estão fazendo nesse momento são episódios completamente originais, mas isso é algo que eu gostaria que não fizessem. Mas e o outro lado da moeda? R: Hum. Sim, esses episódios originais não tem o mesmo "sabor" que a história original, os telespectadores nunca procuraram o mangá... Ou seja, eles querem ver algo que não conhecem. Os que leem o mangá se perguntarão como determinada cena será adaptada... Mas se lhes trouxerem uma história diferente, eles com certeza se perguntarão: "O que é isso?" Na mesma Shounen Jump #13, você escreveu algo sobre o Misty finalmente aparecer, isso significa que vão abordar o arco dos Cavaleiros de Prata? R: Isso mesmo. Como a história do anime alcançou a do mangá, estão produzindo neste exato momento episódios originais, mas em seguida irão abordar sim essa fase. Embora infelizmente seja insuficiente no momento (risos). Depois de tudo, as pessoas encarregadas do anime trabalharam muito rapidamente e isso faz com que trabalhemos todos ao mesmo tempo. Eu não concordo muito com isso. A princípio, quero dizer, quando desejou planejar o mangá de Saint Seiya, qual era sua intenção? R: Como primeira intenção, não pensei em nada específico. Pensava que não sairia algo bom a menos que fizesse uma história grandiosa. Eu anteriormente estava desenhando Otoko Zaka, mas esta obra não foi genial o suficiente para se tornar um sucesso. Especialmente agora, na Shonen Jump há muitas obras geniais que foram adaptadas para anime... Ter acabado aquele mangá antes dos trinta capítulos foi um bom estímulo. Não mudei desde os velhos tempos o meu modo de fazer as coisas, exceto com os "uniformes escolares", já que agora uso o conceito das Armaduras, somando isso com as técnicas especiais que em minhas antigas obras não se encaixavam... Pensei que seria importante chamá-las de um modo mais moderno, por isso escolhi o termo "Armadura". Isso não é exatamente uma ficção científica? R: Não mesmo. Não sei como cada um irá interpretar. Frequentemente o chamam de "mangá de ficção científica de Kurumada", mas isso é totalmente incorreto. Creio que os leitores realmente irão compreender que não se trata de um mangá de ficção científica. É o que eu chamaria de "mangá Nekketsu" (Sangue Quente). Sinto que é um mangá Nekketsu com um toque "fashion". Nessa oportunidade, Saint Seiya parecia um pouco difícil de entender no começo. Em um outro dia, quando me reuni com o diretor da revista Newtype, falamos um pouco sobre isso. Ele no começo pensou que se tratava de um mangá de ficção científica com objetos caindo do espaço (referência a cena de Seiya caindo dos céus no primeiro capítulo). Agora alguns leitores finalmente conseguiram entender a maior parte do enredo. Em uma dessas oportunidades procurei fazer um capítulo one-shot, mostrando o passado de um dos Cavaleiros, Ikki. Isso ainda é uma parte que se desconhece bastante, então penso que deveria mostrar mais do passado dos protagonistas. As vidas de Shiryu e os outros em seus locais de treinamento foram mostradas de certa forma, mas a de Shun não foi mostrada completamente. R: Isso mesmo. Estava me referindo a ele também. 90 pessoas dentre 100 desapareceram, mas isso não significa que morreram. Entre eles se encontra Shun, um homem aparentemente frágil e pacífico, então como ele se tornou forte e sobreviveu? No entanto, os leitores ainda pensam que ele não se tornou poderoso. Quero dizer, eles acham que Shun não consegue vencer seus oponentes sem o auxílio das Correntes de Andrômeda. Há pessoas que possuem uma interpretação interessante sobre isso. Todos os outros podem derrotar seus inimigos com seus punhos, ou seja, com alguma técnica especial. Mas Andrômeda apenas usa suas correntes. Em outras palavras, o consideram 'afeminado' por usar uma arma. Você não estava muito a par disso... R: Hum. Isso é porque adaptei as técnicas de cada um com base em suas constelações. Shiryu é da constelação de Dragão, logo sua técnica é um dragão que ascende aos céus. É uma técnica relacionada a sua constelação. No caso de Hyoga, me baseei no Pó de Diamante do Pólo Norte. Havia escutado na rádio que por lá faz tanto frio que é possível ver cristais de gelo caindo dos céus. Portanto, no caso de Andrômeda, devido ao fato da princesa homônima ter sido acorrentada nas épocas mitológicas, sua técnica acaba tendo relação com as correntes, certo? Você tentou encaixar seus personagens nas constelações primeiro ou escolheu as constelações e depois pensou nos personagens? R: Hum, acho que pensei nas constelações primeiro. Das 88 constelações não há muitas que podem ser utilizadas, como por exemplo, a de Microscópio (risos). Ou a constelação de Taça. (Risos). R: Portanto, primeiro foquei nas constelações que iria usar e, entre elas, quais poderiam encaixar nos personagens. As características de cada personagem foram criadas desde o começo? R: Não, absolutamente nada. E apesar disso, foi capaz de seguir em frente? R: Sim. É assim que costumo trabalhar geralmente. Já decidiu qual será o final? R: Não, o final não foi decidido ainda. (Risos). Em vez de fazer no último instante, há várias maneiras de ir decidindo como será o final. R: Sim, existem pessoas que trabalham assim, mas no meu caso é mais parecido como "A próxima semana está oculta..." (Risos). Isso é algo intenso. O pai das cem crianças é a mesma pessoa? R: Com relação a isso, tudo está se desenvolvendo ainda... Então prefiro não dizer muito. (Risos). Entendo. Surpreendeu a todos nós com isso. R: Muito pelo contrário, isso se tornou um problema. Como ele foi capaz de procriar cem filhos de uma só vez com essa idade tão avançada? (Risos). Todos os filhos possuem a mesma idade. R: Isso, portanto, como faço isso de forma fácil para que as crianças entendam? Zeus na mitologia se transformou em um cisne branco e teve encontros com diversas mulheres por todo o planeta. No começo, entre o segundo e terceiro capítulo, pensei em deixar esclarecido que ele era uma pessoa rica... No entanto, não posso mostrar em uma revista shonen todas as suas concumbinas. Mas penso que de alguma forma muitas mulheres o amaram mesmo (risos). Portanto, se a mãe de Hyoga ainda estivesse viva, seria inevitável que esse garoto cresceria malcriado. Então, para romper com esses sentimentos, melhor dizendo, com sua parte feminina, é que ela ficou no barco para morrer. Esse é um dos vários detalhes que não se sabe. Tenho muitas coisas a mostrar. Não sei o que ocorrerá no futuro, porque procedendo dessa forma, as ideias novas começam a surgir na minha mente e posso ir selecionando-as a medida que vou avançando... As ideias, sem dúvida, acompanham uma história de batalhas. O que ocorreu com Shun na Ilha de Andrômeda? Ou quando Shiryu chegou a China, como foi seu encontro com o velho mestre? Há várias histórias que podem surgir disso. Sem dúvida, imagino que teria sucesso. Esse tipo de histórias não é fácil de acrescentar em 19 páginas, porque então não haveriam lutas... Portanto, sem dúvida alguma, há muitas partes sem avançar. Para que seja fácil de entender, a melhor maneira de contar a história do Ikki seria se saísse em um one-shot, como realmente aconteceu. Penso que a maioria entendeu o passado do Ikki ao ler esse one-shot. Isso mesmo. R: No entanto, não foi fácil fazer esse capítulo porque mostra porque Ikki mudou naquele lugar. Em uma revista shonen não se pode mostrar muita brutalidade. Bem, foi algo assim que ocorreu no filme Deer Hunter, onde uns soldados que foram ao Vietnã retornam para suas casas totalmente mudados. Portanto, apesar de todo o tempo transcorrido, Ikki pode se salvar porque seus sentimentos mais profundos não foram modificados. Mas isso não me serve de nada se não tenho páginas suficientes para desenvolver isso em uma revista shonen. Também no caso de Mitsumasa Kido, que na realidade é uma boa pessoa. Se eles não se atrevessem a mudar por si mesmos o mal em seu interior, não poderiam fazer nada em prol da justiça e nem Seiya, ou Shiryu, ou ninguém teria que lutar. Ah, mas não foi assim que as coisas aconteceram. E isso não seria adequado. Certo? R: Isso mesmo. Portanto, nesse sentido, um ano depois sigo criando essas características, ou bases, que vão se consolidando pouco a pouco. Mas como disse a um tempo, o anime chegou em um momento em que a história não estava consolidada em quase nada. Isso foi porque criaram um roteiro incrivelmente rápido. Agora que a história alcançou o mangá, o pessoal da Toei parece estar sofrendo. Quando se alcança o mangá, eles fazem coisas originais para não interferir na obra original. Mas como a história original explica as coisas posteriormente, semana após semana eles incluem coisas surpreendentes e eu penso "Ah, eles eram irmãos!" (Risos)... Por outro lado, eles parecem preocupados com o Grande Mestre. No anime, o antigo Grande Mestre faleceu, mas seu irmão menor o sucedeu. Isso é uma diferença com a obra original. Lá o antigo Grande Mestre continua vivo e atua como "Jekyll e Hyde". Quero dizer, como mencionei a um tempo, se trata de uma pessoa malvada que não pode ser salva. Ele parece se transformar em uma pessoa completamente diferente em termos emocionais, como Anthony Perkins em Psycho que tinha um lado bom e ruim igual em Jekyll e Hyde. Não é exatamente alguém que deseja eliminar todos. E, se fizesse com que o Grande Mestre fosse de Gêmeos, a Armadura de Ouro deveria possuir dois lados, um Deus e um Demônio... Penso que deveria ter na parte de trás e na frente dessa Armadura um anjo e um demônio, como se estivéssemos nos deparando com a figura de um Asura. Além do mais, existem doze Armaduras de Ouro. Assim como entre os 12 apóstolos de Cristo também existia um décimo-terceiro integrante, entre os doze Cavaleiros de Ouro, ele seria uma pessoa ressentida que odeia a Deusa! É um traidor e de fato acredito que ele possa vir a ser o Grande Mestre. Tenho muitas ideias, como faço para escolher uma? Ao contrário, resulta em um problema que tem muitas possibilidades de resolução. Um exemplo comum é o de Ring ni Kakero, as características desse mangá eram voltadas ao boxe e a um ringue. Ou seja, era mais simples nesse sentido... R: No entanto, não estão limitados de forma diferente. Apesar das batalhas transcorrerem em um ringue, dei uma expansão ao incluir elementos como a mitologia e a história de Cristo. Recolhi alguns dados, suficientes para desenhar um mangá de boxe, como por exemplo a "Lei da Queda dos Corpos de Galileu" (Risos). No começo eu colocava capítulos como "Fighting Harada" indo beber água em um bebedouro após um esgotante treino de boxe, quando na realidade não se pode beber água. Mais tarde inclui mitologia grega e as leis do movimento, entre outras coisas. Mas por um tempo praticamente não houve elementos como esses porque entrei no campo das "super batalhas" na metade. Então essa história de pobreza com caráter Nekketsu havia sido mostrada antes em Ring ni Kakero do que em Saint Seiya. (Risos). Essa parte começou com golpes, você sente que começou com as super batalhas de um momento para o outro? R: Isso. Senti que devia continuar apenas com as partes "deliciosas" tanto em Ring ni Kakero como em Fuuma no Kojiro. Além das raízes relacionadas ao desporto, em Ring ni Kakero também tínhamos coisas como os "lamentos" de mamãe e papai. De fato, tinha uma grande influência da essência dos mangás da época antiga, como Ganbare Genki ou Kyojin no Hoshi. Sinto que introduzi um universo único, que mudou a partir de aproximadamente um pouco antes de chegar a metade. Até então, o tema do boxe era utilizado para mostrar mais a fundo a vida dessas pessoas. Isso também significava que quando subiam ao ringue, a cena de combate obtinha maior importância se existisse essa classe de aprofundamento... Se você tivesse mostrado as cenas de luta diretamente, agora, contrariamente, as estaríamos vendo como um jogo. Isso se tornou em algo assim como lutar por lutar, em vez de fazê-lo por algo mais... R: Aparentemente. Mas você sabe, os fãs não me seguiam quando lhes mostrava essas ideias iniciais. A batalha começa com um "paaam" que o derruba, mas é possível incluir algumas coisas no meio, para que os leitores entendam melhor. Agora ele se recupera, fecha o punho e diz: "Ah, esta é a razão pela qual não me derrotará!" e então aparece um flashback no meio da batalha. Dessa maneira há uma sensação de rapidez e assim os leitores podem apreciar as partes "deliciosas"... É como se fosse um pastel que está comendo e de repente "baaash!", um pouco de creme é jogado em cima. (Risos). Quando um sempre come pastel, acaba cansando. (Risos). R: Isso mesmo. Existem partes como essas, inclusive as canções. Como quando escuta a abertura e de repente entra o "booom" da melhor parte. Essa classe de sensações são necessárias. Em uma obra em que faltam golpes e com elementos repetitivos, a história não avançará bem. Realmente seria bom poder comer a mesma quantidade de pastel e creme, mas isso parece totalmente impossível com o limite de 19 páginas, não é? R: Devido a já haver outros mangás violentos, particularmente na Jump, se eu fizer de forma moderada, seria horrivelmente enfadonho. Apesar de não haver tantas trocas de golpes como nas outras revistas, poderia achá-lo enfadonho se o comparar com outras 10 publicações da Jump. Depois de tudo, essa pressão é muito grande, não é? R: Isso mesmo. Devido a Shonen Jump ser uma revista comercial muito prestigiada, os mangás sem popularidade ocupam uma posição na qual nem parecem ser mangás. E mais, se não conseguir popularidade, irá se sentir um lixo (Risos). Portanto, se não conseguir popularidade, desenhar não será divertido, não é? Por assim dizer, a nós era apreciável desenhar mangás desde antes de chamarmos isso de trabalho. Então quando os leitores ignoram um mangá, este não tem popularidade e portanto não serve... Uma obra que não satisfaz ninguém além de si mesmo, não é boa, depois de tudo. Portanto, seja um mangá, uma novela ou revista, só poderão existir se houver o apoio dos leitores. Depois de tudo, ter 4.5 milhões de leitores não é mal (Risos). 10 mil não satisfazem, tampouco 100 mil leitores. Logo 4.5 milhões de leitores não lhe satisfarão também. R: Sim, é exatamente assim. O mestre Kurumada não diz "mangaká" (artista de mangá) e sim "manga-ya" (vendedor de mangá). Qual o motivo disso? R: São poucos aqueles que se pode chamar de artista, por exemplo, o mestre Tetsuya Chiba, ou Osamu Tezuka. Creio que são apenas umas 10 ou 20 pessoas, não é? Soaria gracioso se eu dissesse que estou tirando vantagem do mundo dos mangás hoje em dia, mas os leitores são capazes de entender as onomatopeias que desenho, então estou longe de ser um amador. Especialmente na Shonen Jump, porque lá eu comecei sendo um amador. Enérgico é o poder de um amador... R: Isso. Mas porque os experientes são superados pelos amadores? Provavelmente porque pessoas experientes esquecem como um mangá deve ser realmente. A definição número 1 de um mangá é a diversão. Sem importar quantas coisas legais desenhem para as crianças... Se poderia dizer que é divertido, então elas se põem a ler... Eles mesmos podem se transformar em heróis se estiverem imersos nesse universo durante dois ou três minutos... Seria como um sonho momentâneo. Inclusive eles odeiam ter que ir ao colégio porque sofrem bullying, então podem imergir em outro universo como o de Saint Seiya. Dessa maneira eles criam entusiasmo. Na Shonen Jump o público-alvo é principalmente o de meninos do quarto ou quinto ano do primário até o primeiro ou segundo ano do secundário... Apesar de que, na prática, se diz que praticamente não há mulheres entre os fãs do mangá de Kurumada, no final dá pra perceber que suas presenças são notáveis. A verdadeira base de fãs está nos meninos do primário, já que são eles que compram 300 ou 400 mil volumes e votam a favor deles. Depois de tudo, uma mulher de 20 anos não vai mandar um cupom com seu voto (Risos). Sem dúvida, são os meninos do primário que me apoiam. Quando se põem a ler, se sentem identificados com o protagonista e querem se tornar fortes como ele... R: Assim acontecia quando éramos crianças, certo? Com National Kid ou Gekkô Kamen, por exemplo. Utilizávamos uma régua como espada e uma manta como capa... R: Sim. São épocas diferentes, mas as coisas que entusiasmam as crianças são as mesmas. Eu não preciso de críticas para os meus mangás para nada. Penso que hoje em dia há mangás de muitos gêneros, mas as crianças desfrutam do que estou fazendo porque podem fazer com que se entusiasmem, se exaltem e se emocionem. Portanto, se escolhem um mangá em uma revista entusiasta e começam a criticá-lo porque não o entende, apesar de ser popular, sinceramente isso não tem absolutamente sentido algum. Depois de tudo, enquanto as crianças se divertem, os adultos não precisam dizer que estão deixando de acompanhar a cada capítulo. Hoje em dia as crianças só leem coisas divertidas. A Jump desde que se tornou divertida, começou a ser lida por trabalhadores e começou a vender 4.5 milhões de unidades. Mas por outro lado, o que entretém os adultos não é atrativo para as crianças... (Risos). Depois de tudo é preferível que seja fácil de entender. R: Naturalmente. No entanto, penso que até as 3 milhões de cópias sejam vendidas graças ao poder dos mangás somente e acredito que graças aos que foram adaptados para animação é que chega aos 4.5 milhões. Depois de tudo, não foi só um logo de "arale-chan" que o poder do anime tornou-se a propaganda. De qualquer maneira tem que conseguir um rating de 10%, isso seria aproximadamente 10 milhões de telespectadores, assumindo que temos uma população de 100 milhões de indivíduos. Isso é mais impressionante do que as 4.5 milhões de pessoas. Essas 10 milhões de pessoas que conhecem Saint Seiya sem terem lido, se tornaram um grande apoio. Ambos estão relacionados, não é? A série se tornou um popular tema de conversa na escola e não poderás participar das conversas se não as ver. R: Sim. Penso que não devo atormentar os outros com isso. (Risos). No entanto, prefiro que seja dessa maneira, porque isso é bom para os negócios. (Risos). Como por exemplo, pela manhã no colégio irão praticar bullying contigo caso não assista Saint Seiya. (Risos). O que sentia o senhor Kurumada quando criança? Talvez fosse pobre, talvez sonhava em ser rico... (Risos). R: Era pobre, mas agora penso que isso era comum naquela época. Era o típico tempo onde meus pais trabalhavam. Então você brincava sozinho em casa? R: Sim, e também brincava nos parques. É saudável brincar fora de casa. R: E também, naqueles tempos, quando estava no quinto ou sexto ano do primário, estavam na moda aquelas tendas de livros. Então comecei a ler mangás a partir daquele momento. Supostamente, antes disso, creio que quando criança lia coisas como Shonen Jetto ou Billy Pack, mas não tinha intenção alguma de me tornar mangaká. No entanto, fiquei cansado desses estilos de desenhos arredondados. E ai foi a época onde saíram os Gekiga... R: Isso e me identifiquei com sua incrível "frescura"... Nos velhos tempos estava Hidekazu Arikawa, hoje conhecido como Mitsuyoshi Sonoda. Os desenhos dessa pessoa eram incrivelmente avançados para sua época. Ele colocava os detalhes nos rostos. Em Kyojin no Hoshi (outro mangá da época), os personagens não tinham esses detalhes nos rostos, então Mitsuyoshi foi o pioneiro nesse sentido. Logo começaram a imitá-lo... Ou seja, copiá-lo. Mais tarde, o deixei de lado quando entrei no ensino secundário. E antes de fazer a graduação, tive que decidir se iria a universidade ou arrumaria um emprego. No ensino secundário ou no preparatório, em quais clubes participava? R: Em um clube de judô. Praticamente nada a ver com criação de mangás. E sobre a graduação? R: Hum, não tinha muita vontade em me tornar um empregado, mas também não me enxergava me graduando em uma universidade, então pensei em fazer algo que fosse melhor para os outros. Se um está dotado com algo diferente, é melhor fazer o mesmo para outras pessoas. Naquele tempo eu achava que era melhor do que os outros desenhando. Vendo agora, não sou. (Risos). Mas penso que fiz bem em entrar nessa profissão. (Risos). Qual sua nota em arte? R: Acho que era 2 (risos). No preparatório, não frequentava muito essa classe. (Risos). Ah, sério? E o que fazia quando não ia? R: Ia ao clube de Mahjong. (Risos). Era um garoto rebelde... Aliás, nessa época a Jump publicava Otoko Ippiki Gaki Daishô e era um grande sucesso. Posso me dar mal em dizer isso, mas naquela época não havia muita gente experiente na Shonen Jump (Risos). Como disse a um tempo, aquilo parecia feito por um grupo de amadores. Eu sentia que não estava familiarizado com isso. Na primeira vez que desenhei, utilizei uma pluma diretamente. Nessa época se anunciou o prêmio Young Jump, o predecessor do prêmio Hop Step Jump que agora se faz mensalmente e então me inscrevi. Essa era minha oportunidade... O primeiro trabalho que enviou, conseguiu ganhar algum prêmio? R: Não! Eu acreditava que seria publicado imediatamente. (Risos). Pensava que tinha enviado um grande trabalho, então me dirigi ao editorial pois não recebia notícias a respeito. Quando fui, Samurai Giants do mestre Kô Inoue estava começando a ser publicado. Eles estavam muito ocupados e buscavam desesperadamente por ajuda. Quando cheguei lá, casualmente, me encontrei com o senhor Sunami, que era o editor responsável pelo mangá e atual editor chefe da Young Jump. Graças ao destino conheci essa pessoa e assim entrei como assistente para ajudar com Samurai Giants. Isso foi depois de se graduar no preparatório? R: Isso foi aproximadamente em novembro ou dezembro do meu último ano de preparatório. Meus companheiros estavam ocupados fazendo exames de admissão para entrarem em diferentes empregos e isso parecia eu indo a uma prova de trabalho na Shueisha. (Risos). Assim estive ajudando, como assistente, aproximadamente dois anos e meio. E seus pais estavam de acordo? R: Nunca entendi se estavam a favor ou contra, mas eles não sabiam tampouco como ler essa coisa chamada "mangá." Então eles não se sentiam bem de que você pudesse se manter sozinho? R: Bem, eles nunca pediram que os abandonasse. Além do mais, eu tinha quase 18 anos e acredito que poderia fazer o que quisesse. Você seguiu os passos de alguém da sua família? R: Não, na minha família não havia uma tradição ancestral, então ninguém seguia os passos dos seus antepassados. Portanto, não segui os passos de ninguém. (Risos). É que meu pai trabalhava como obreiro de construção e minha mãe em uma pescaria. Por essa razão que eu segui em frente. E enquanto isso você era assistente. R: Isso. Bem, naquele tempo, aquilo me tomava muito tempo, quatro ou cinco dias por semana. Hoje em dia se faz em dois dias, porque o staff é bem mais numeroso. Quantos são? R: Agora geralmente são seis e uma pessoa extra de apoio. Hoje em dia contratamos mulheres também. Elas também são boas nisso. Muitas são fãs desses mangás desde o começo, então se mantém fiel ao estilo. Nenhuma criança veio? R: Vieram, mas eram muito ruins nisso. (Risos). Uma mulher pode aplicar força nos traços? R: Ah, agora que mencionou, sim, os traços delas são um pouco fracos. Nos velhos tempos, você chamava de "Shinwa-Kai" (Associação de Deuses) os assistentes? R: Sim. Aquele humor festivo fazia sentir o vigor da juventude, não parecia que se tratava de um humor amador. Você chamava dessa forma o seu grupo de assistentes ao invés de "produção"? R: Isso. (Risos). No entanto, deixei de fazer isso na época de Otoko Zaka. De alguma forma, eles eram como um exército formado na época de Otoko Zaka, portanto, eram como a Associação de Deuses do Kurumada. Éramos como os Yakuza, não é? (Risos). Entendo. R: Devido a aquela época sermos jovens, não nos viam como um grupo de mangakás comuns e frequentes. Naqueles dias nos enfurecíamos com os programas de Zoom In! Asa! O mestre Kurumada se enfurecia? R: Não, eu não me enfurecia, mas os assistentes sim. (Risos). E dessa maneira as conversas sobre anime iam por água abaixo. (Risos). E quando fez Ring ni Kakero? R: Hum. Eu era muito jovem na época, tinha 24 ou 25 anos. Esse Shinwa do nome "Shinwa-Kai" provém de "Shin no Wa"? R: Correto, era um grupo que parodiava Kurumada. A ideia de "Shinwa-Kai", originalmente, tirei do confronto entre "Akashi-Gumi" (Companhia Akashi) e "Shinwa-Kai" (Associação Shinwa) do filme Jingi Naki Tatakai (Batalhas sem Honra ou Humanidade). Bem, isso é uma referência, mas como a profissão de assistente não era boa, pagavam aproximadamente 5 mil yenes para substituir alguém e 20 mil yenes por semana. Realmente não dava para comer, já que custava 8 mil yenes. Então inevitavelmente tive que arrumar um emprego de meio período limpando prédios e enquanto isso, o tempo livre que me restava, ia desenhando minhas próprias obras. Portanto, quando tinha 20 anos, comecei com Sukeban Arashi. Embora realmente eu não fosse um Sukeban (líder de grupo) em nada. Simplesmente eu queria desenhar uma obra como Otoko Ippiki Gaki Daishô, na qual o protagonista era homem. Estava pensando em vender a ideia a pessoa encarregada do departamento editorial, mas se eu colocasse um nome, esta não deixaria de ser uma história comum e corrente. Em troca, se fizesse uma menina que mostrasse um pouco de sua roupa íntima, isso daria um "plus". A mim não gostava a ideia de mostrar sua roupa íntima, então não queria fazê-lo. Mas era a única alternativa para que pudesse finalmente ir a cena, então fiz uma garota assim. Odiava ter que desenhar isso em seu mangá, mas você gosta de ver essas coisas? R: Claro que eu gosto de ver essas coisas! (Risos). A cor dos meus olhos mudam quando eu vejo! (Risos). Simplesmente não gosto de ver em mangás. Quando alguém quer desenhar um mangá, geralmente cria um universo cheio de brutalidade e homens poderosos, somente. A você lhe agrada a maneira que isso é feito? R: Depois de tudo, os jovens querem desenhar obras entusiasmáticas e apaixonantes. Mas não quero desenhar garotas submissas, nuas ou mostrando suas roupas íntimas a eles. Prefiro fazer coisas empolgantes. E depois de ler um acaba ficando cheio de energia. R: Sim. É como se não soubesse de onde vêm tanta energia. (Risos). Ah, eu gosto dessa pessoa. (Se refere ao artigo de "Buscando John Lone" da June #33). John Lone? R: Sim, eu o vi em Year of the Dragon. Seu personagem era dessa classe que gosta de auto destruição. R: Penso que teria sido mais interessante se no filme houvesse um maior protagonismo. No filme se aproximaram mais de Mickey Rourke. R: É que o foco estava sobre Mickey Rourke para mostrar esse sentimento de rivalidade moderna Americana, "bang bang bang". Penso que teria sido mais refrescante se tivessem incluído cenas onde John Lone tivesse maior participação. Fonte: http://saint-seiya-next-dimension.jimdo.com/entrevistas/june-34-1987/ Você tem os scans desta entrevista? Gostaria de verificar essa parte sobre os pais.Obrigado pelo tópico. Citar Link para o post Compartilhar em outros sites
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